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Estado de Minas HISTÓRIA

Livro de jornalista mineiro retrata os horrores da ideologia nazista

No ano em que lembramos o fim da Segunda Guerra Mundial, Eduardo Szklarz lança a obra Nazismo - Como Ele Pôde Acontecer


postado em 11/03/2015 18:07 / atualizado em 11/03/2015 18:45

A obra do jornalista mineiro Eduardo Szklarz mostra como a ideologia fascista de Benito Mussolini (esq.) e do nazismo de Hitler puderam surgir na Europa no início do século XX(foto: Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press)
A obra do jornalista mineiro Eduardo Szklarz mostra como a ideologia fascista de Benito Mussolini (esq.) e do nazismo de Hitler puderam surgir na Europa no início do século XX (foto: Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press)
A partir de setembro de 1939 o regime nazista, que comandava a Alemanha, sob a imagem do líder Adolf Hitler, iniciou o que ficou conhecido como "solução final", ou seja, a única forma de "limpar" a raça alemã seria por meio do genocídio de judeus, ciganos, socialistas, homossexuais ou qualquer grupo que não fosse descendente dos arianos – povos que teriam habitado as estepes da Ásia central há 10 mil anos e se expandiram para a Europa, Pérsia e Índia. Para chegar ao holocausto, os alemães construiram campos de concentração como Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Maidanec, Sobibor e Treblinka, que foram responsáveis pela morte de 6 milhões de judeus – ao todo, a Segunda Guerra vitimou quase 60 milhões de pessoas.

O jornalista e escritor Eduardo Szklarz mora em Buenos Aires desde 2003(foto: Enrico Fantoni/Divulgação)
O jornalista e escritor Eduardo Szklarz mora em Buenos Aires desde 2003 (foto: Enrico Fantoni/Divulgação)
Como um regime com ideias tão segregadoras conseguiu se estabelecer? Para responder a essa pergunta, o jornalista mineiro Eduardo Szklarz, que é mestre em relações internacionais e mora em Buenos Aires, decidiu "escarafunchar" a ideologia nazista e apresentar ao leitor uma obra que tenta mostrar que a política de Hitler pode ser compreendida mesmo na atualidade. "Eu já fazia matérias sobre nazismo desde quando era repórter do Estado de Minas. Continuei seguindo o tema na Superinteressante, até que meu editor me propôs escrever o livro. Hitler havia sido um jovem maltrapilho, sem qualquer perspectiva de futuro, mas que fantasiava sobre seu próprio triunfo. O livro tenta explicar como ele triunfou e arrastou um continente inteiro para uma guerra", explica Szklarz.

De forma clara e objetiva, o livro Nazismo - Como Ele Pôde Acontecer apresenta ao público a realidade da sociedade europeia do início do século XX; e como a Primeira Guerra Mundial deixou marcas que não cicatrizaram e culminaram nos regimes ditatoriais, como o fascismo italiano e o nazismo alemão. Além disso, o jornalista deixa claro, para quem lê, que a ideologia nazista foi sendo construída à base de muita ciência e tecnologia, com ajuda de empresas que, hoje, consideramos tão familiares, como Basf, Siemens, Bayer e IBM – a gigante da computação ajudou no sistema de contagem dos prisioneiros nazistas.

Para falar sobre a política higienista de Hitler, ou seja, da "purificação" da raça alemã, em seu livro, Eduardo Szklar conta que tinha consciência de que seria impossível dar conta de tudo que aconteceu durante o nazismo, mas que estava decidido a publicar algo que fosse acessível. "Percebi que faltava um livro que explicasse a história do nazismo de forma direta, sem academicismos. Utilizei entrevistas que fiz com historiadores e sobreviventes e tentei produzir um texto que qualquer adolescente pudesse ler. Escrevi pensando nos alunos do ensino médio", diz o jornalista.

Capa do livro Nazismo - Como Ele Pôde Acontecer(foto: Divulgação)
Capa do livro Nazismo - Como Ele Pôde Acontecer (foto: Divulgação)
Personagens

Em Nazismo - Como Ele Pôde Acontecer é possível conhecer também histórias de pessoas que viveram o holocausto e que lutaram bravamente contra esse regime genocida. Um exemplo eram os partisans, ou seja, judeus que conseguiram escapar das garras dos nazistas e se refugiaram nas florestas – durante a ocupação alemã na Europa Oriental existiram 25 mil deles. Na obra do jornalista mineiro podemos conhecer o ucraniano Mordechai Shlayan, conhecido como Mótele. Aos 12 anos, ele perdeu toda a família para o exército de Hitler e decidiu se juntar à "milícia da floresta". O curioso é que Mótele virou espião e fingia ser um violinista polonês, tocando para soldados nazistas num restaurante da cidade de Ovruch, na Ucrânia. Como costumava transportar explosivos dentro da caixa do violino, conseguiu estocá-los no porão do bar. No Dia D da Segunda Guerra (invasão da Normadia pelos aliados), o ucraniano se vingou, explodindo o bar com os nazistas dentro.

Além do aspecto histórico, Eduardo Szklar faz questão de mostrar que o regime nazista ainda se mantém vivo na atualidade e é uma ameaça velada à sociedade. "O nacionalismo floresce em tempos de crise, e, hoje, vemos as ideias nazi-fascistas ressurgindo com força em boa parte do mundo. O neonazismo é o nazismo de cara nova, 'de botox', que exerce discriminação com um discurso maquiado. O porta-voz do partido grego Aurora Dourada, Ilias Kasidiaris, tem uma suástica tatuada no braço mas jura que não é neonazista", diz o escritor.

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