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Estado de Minas ENTRETENIMENTO

Enaldinho grava música que fala sobre sua trajetória

O youtuber mineiro teve de vencer a timidez, incertezas e outras dificuldades antes de se tornar um fenômeno nacional


postado em 05/02/2020 16:19 / atualizado em 06/02/2020 00:21

"Eu amadureci, fiquei mais profissional, mas a essência continua a mesma. Ainda sou o mesmo menino que fazia trollagem com a mãe dentro de casa", conta o youtuber (foto: Enaldinho/Divulgação)
Alegria e muita energia não faltam nas falas e gestos de Enaldo Lopes de Oliveira Filho, o Enaldinho. Com mais de 13 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o jovem mineiro de 21 anos diverte os fãs diariamente com seus vídeos de brincadeiras e desafios. Tudo feito com muito cuidado e atenção, já que o público é composto majoritariamente por crianças e jovens. "Sempre mantenho tudo limpo, sem piadas de duplo sentido e palavrões", conta ele. Suas "trollagens" geralmente passam a marca de 1 milhão de visualizações em questão de horas. Nada mal para quem começou a carreira empilhando objetos tentando improvisar um tripé para a sua câmera.

Autor de dois livros e uma peça de teatro que rodou o Brasil, Enaldinho convidou a Encontro para acompanhar a gravação do videoclipe da sua nova música, batizada de Minha História, ainda sem data prevista para o lançamento. Na canção, o youtuber se arrisca nas batidas do rap, relembrando momentos marcaram sua trajetória. "Tem hora que deito na cama e lembro de quando comecei. O tanto que era difícil, sabe? Parecia impossível ter, ao menos, mil inscritos no canal", conta enaldinho, que só recebeu o seu primeiro pagamento do YouTube depois de três anos postando vídeos. Aproveitamos a oportunidade para bater um papo com ele, conhecendo mais sobre sua história e seus projetos. Confira:

Como foi o começo do seu canal?

Pouca gente sabe disso, mas comecei gravando gameplays. Eu amo games, amo esse mundo. Cheguei a subir alguns vídeos no youtube, com algumas cenas minhas jogando, mas vi que não era isso que queria como produtor de conteúdo. Então, comecei a gravar os vlogs, ensinando as pessoas a fazer algumas pegadinhas com os amigos. Fui evoluindo aos pouquinhos, mudando o conteúdo, começando a fazer alguns desafios. Mas o momento que mudou tudo foi quando teve aquela onda do desafio das 100 camadas, sabe? Era uma época de muita indecisão no meu canal, porque era o terceiro ano do ensino médio, estava fazendo vídeos há dois anos e o projeto não tinha vingado. Então um dia eu vi esse desafio e tentei fazer da minha maneira. Assim nasceu o primeiro vídeo de experiência maluca, as 100 camadas de Oreo. O meu canal explodiu! Cresceu em um dia o que não tinha crescido em 2 anos. Em duas semanas, eu consegui chegar na marca de um milhão de inscritos. Então continuei nessa vertente, fazendo os desafios, as experiências e as receitas do meu jeito: brincando e rindo com meus amigos. Hoje, o foco do meu canal tem sido os desafios. Mas sempre mantendo tudo limpo, sem piadas de duplo sentido e palavrões.

"A persistência supera tudo". Essa é a dica de Enaldinho para quem está querendo se tornar um astro do YouTube (foto: Enaldinho/Divulgação)
Quais foram suas principais referências?

Na época que comecei, eu me espelhava muito nos youtubers de games e vlogs, como Felipe Neto, Whindersson Nunes e Júlio Cocielo. Eles já tinham canais relativamente grandes, mas o que mais me interessava era o formato dos vídeos. Eu gostava da ideia de sentar de frente para uma câmera e falar sobre as minhas ideias e opiniões. Só que não queria copiar, por exemplo, o "Não faz sentido" do Felipe Neto. Queria ser o mais autêntico possível para que desse certo.

Você já pensou em se mudar de BH por conta da sua carreira?

Já pensei em ir para São Paulo, mas vi que não preciso disso para crescer o meu canal. Se precisar viajar, eu vou e volto no mesmo dia, não é um problema. Fora que em BH tenho o suporte da minha família, empresários, meus amigos de infância. Essa mudança só funcionaria se boa parte dessas pessoas fossem comigo. Então prefiro continuar aqui, com eles. Não vejo a necessidade profissional de estar em outro estado para crescer. E Belo Horizonte é o meu cantinho, é onde eu nasci, onde cresci.

Como era a rotina para gravar os vídeos, criar?

Quando eu comecei, minha mãe tinha uma camera fotográfica. Ela não era ruim, mas também não era boa. Além disso, eu não tinha a menor ideia de como filmar. Inicialmente, eu gravava com a lente de frente para luz. Isso deixava a imagem péssima, cheia de borrões, porque você precisa fazer exatamente o contrário: colocar a luz na sua cara. E como não tinha tripé, chamava um amigo para me ajudar a juntar todos os livros da casa, fazendo uma montanha que chegasse na altura da mesa, onde finalmente ficava a câmera. O áudio do vídeo era gravado por um headset que eu colocava no pescoço, já que a câmera não tinha um microfone. Como você pode ver, era tudo muito improvisado, mas aos pouquinhos fui melhorando e comprando equipamentos cada vez melhores.

Você sempre sonhou em fazer do youtube a sua profissão?

Sim. Desde o começo, eu já sabia que tinham pessoas que viviam disso, além de ser o trabalho dos meus sonhos. Mas foi tudo acontecendo bem aos poucos. Se passaram três anos até que eu recebesse o meu primeiro pagamento do youtube: 200 dólares. Depois do desafio das 100 camadas, foi crescendo cada vez mais, mas ainda não era uma renda mensal propriamente dita. Então, eu lembro de sentar com meus pais, para conversar se valia a pena dedicar um ano inteiro a este projeto, ao invés de fazer uma faculdade. "Se isso é o seu sonho, abraça", foi o conselho que eles me deram. Dei tudo o que tinha e hoje esta é a minha profissão. Ainda tenho o sonho de fazer uma faculdade, talvez publicidade ou cinema, mas quando fizer será mais por hobby.

O youtuber mineiro já apresentou a sua peça Enaldinho Game Show em várias cidades, como Fortaleza e São Paulo(foto: Enaldinho/Divulgação)
O youtuber mineiro já apresentou a sua peça Enaldinho Game Show em várias cidades, como Fortaleza e São Paulo (foto: Enaldinho/Divulgação)
E como é sua rotina de trabalho hoje?

Agora eu tenho uma equipe bem maior, com pessoas que me ajudam na parte do brainstorm, gravação, edição, produção, direção. Como posto vídeos diariamente, tem muito trabalho envolvido. Eu gravo três vezes por semana, sendo que começa às 10h da manhã e só acaba lá para meia-noite. Por isso até contratei mais pessoas, começando uma nova fase no canal, pois estava sentindo a necessidade de profissionalizar e otimizar ainda mais este processo. Antes, eu era o ator, editor, produtor, diretor. Agora, posso focar mais na parte de ter ideias e nas gravações. Mas ainda assim, sou uma pessoa bem centralizadora e perfeccionista. Como acho que a essência do canal está no criador, eu participo de todo o processo, do começo ao fim. Tem vídeos que gasto mais tempo fazendo a miniatura do que as gravações.

Este não é o seu primeiro vídeoclipe. É um formato que você gosta de fazer?

É uma coisa muito nova. Quando lancei a minha primeira música (Não fale o nome do monstro), chegaram a sugerir contratar uma pessoa para cantar no meu lugar (risos). Mas ficou super legal, a galera gostou e o clipe hoje está com 15 milhões de visualizações. É uma surpresa, porque ele fala de uma assunto muito nichado e bem específico do meu canal. De todo jeito, acabou que fiquei com vontade de lançar mais músicas. Além de ser algo diferente e novo para o público, foi um conteúdo que gostei de fazer.

E como foi o processo para produzir estas músicas?

Como eu sou muito leigo e não faço a menor ideia de como funciona tudo isso, eu conversei com um amigo meu daqui de BH, o Kdu dos Anjos do Lá na Favelinha, para ajudar a escrever e cuidar da produção. Além da letra, ele também me levou num estúdio, apresentou o DJ Spider (que fez o beat) e me ajudou a pegar o ritmo da música. Como eu nunca tinha cantado, estava bem perdido, mas o Kdu ficou lá, me incentivando, dando dicas, falando "joga a voz para cima".

A letra da música de hoje fala sobre o que?

Essa é uma música sobre o Enaldinho. Eu e o Kdu conversamos bastante, pesquisamos muito até chegarmos nesta letra, que fala sobre a minha trajetória. Tem um trechinho por exemplo, "parecia brincadeira / até bombar o primeiro / cem camadas de oreo mostrei pro Brasil inteiro", falando sobre o vídeo que bombou o meu canal. Também cito os meus shows, algumas quadros que fizeram sucesso, falo também sobre a timidez que precisei vencer. É uma música tranquila, leve. Não é um rap de motivação, mas tem alguns trechos com um ar de superação.

E quais foram as suas influências na música?

Eu sou uma pessoa muito eclética, gosto um pouco de tudo. Mas escolhi gravar um rap porque gosto da batida, de alguns cantores, como Projota, Emicida e Matuê, mas também senti que dentro dos outros estilos, o rap seria o que eu me encaixaria melhor. É uma música mais falada, não precisa de afinar tanto a voz, de fazer falsete. Mas a minha intenção não é largar o youtube e virar um cantor. Tenho vontade sim, de fazer mais músicas, mas todas falando sobre o meu universo, com letras relacionadas a zueiras e outras coisas que marcam o meu canal.

Enaldinho, em meados de 2016, gravando um dos seus vídeos.
Enaldinho, em meados de 2016, gravando um dos seus vídeos. "Era tudo muito improvisado, mas aos pouquinhos eu fui melhorando e comprando equipamentos cada vez melhores" (foto: Arquivo pessoal)
Você chegou a ficar emocionado com a música, lembrando de como foi a sua caminhada até aqui?

Com certeza. Tem hora que deito na cama e lembro de quando comecei. O tanto que era difícil, sabe? Os primeiros mil inscritos do canal... Parecia impossível. Você tem um canal com zero seguidores, o youtube não manda o seu vídeo para ninguém. Eu postava os meus vídeos e eles tinham zero acessos. Então eu precisava fazer um textinho, dar copiar e colar, enviar para todos os meus amigos do Facebook, postar em todas as páginas que conseguia. Demorava quatro horas para gravar um vídeo, mas eu ficava mais de dez enviando ele para as pessoas. Esse foi o processo mais complicado do meu canal. Hoje eu tenho 160 milhões de visualizações por mês, mas eu lembro de como era difícil conseguir apenas cem. Quando paro pra refletir, parece um sonho mesmo.

Você mudou durante essa caminhada, que começou lá atrás com os vídeos de jogos?

Eu fiquei mais velho. A mentalidade, a forma de pensar, a visão do mundo muda com isso. Comecei com 15 anos e hoje tenho 21. Claro que ainda me divirto muito, eu adoro fazer os vídeos, mas querendo ou não, também preciso pensar na parte mais burocrática. Hoje eu tenho uma assessoria de imprensa para me ajudar com o que falar, tenho uma assessoria jurídica para analisar os contratos. Eu amadureci, fiquei mais profissional, mas a essência continua a mesma. Ainda sou o mesmo menino que fazia trollagem com a mãe dentro de casa.

Tem mais projeto vindo aí?

Tenho vontade esse ano de lançar mais um livro. Vou voltar para os palcos, provavelmente no final de abril, com um novo projeto, bem diferente do que as pessoas estão acostumadas, mas não posso dar muitos detalhes agora.

Qual dica você daria para quem tem o sonho de ser youtuber?

O que eu falo para todo mundo é não desistir. Principalmente no início, quando não tem ninguém assistindo seus vídeos, parece realmente que é impossível. Mas continue tentando! A persistência supera tudo. "Antes feito do que perfeito", já dizia o ditado. Você não precisa ficar lutando para ter o melhor conteúdo do mundo no começo. Com o tempo você vai aprendendo, se aprimorando. Mas tem que lutar, tem que ter persistência, a plataforma do Youtube recompensa quem tá sempre postando. A frequência hoje é o mais importante. "Água mole, pedra dura. Tanto bate até que fura."

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