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Estado de Minas LITERATURA

Belo Horizonte é cenário de contos em livro de autora mineira

Papéis é a primeira obra de contos da escritora e jornalista Nina Rocha


postado em 23/05/2021 22:05 / atualizado em 23/05/2021 22:05

(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
Qualquer um que passa por perto do número 1212 da Avenida Afonso Pena pode avistar de longe a alta torre do prédio cinza e imponente da Prefeitura de Belo Horizonte. Mas, talvez, um detalhe corra despercebido pelos olhos menos atentos de quem faz o caminho: os ponteiros de cada um dos quatro relógios, que ficam no topo da construção, marcam horários diferentes. A falta de manutenção e desgaste do mecanismo podem não ser notados por muitos belorizontinos apressados que passam todos os dias pelo local, mas não escaparam dos olhos da escritora e jornalista Nina Rocha, que dedicou um conto da sua mais recente obra, Papéis, à situação inusitada:

A escritora e jornalista Nina Rocha(foto: Mateus Lustosa/Divulgação)
A escritora e jornalista Nina Rocha (foto: Mateus Lustosa/Divulgação)
"Há alguns meses, a cidade parece estar parada no tempo. Com a queda do relógio do edifício JK e a retirada das placas digitais que informavam hora e temperatura, restam poucas opções para quem não gosta de relógios de pulso ou prefere não correr o risco de ser furtado na Praça Sete. A população, que antes podia contar com os ponteiros clássicos e os algarismos romanos do relógio exemplar da prefeitura para se orientar, desde 2019 não tem mais essa possibilidade: por desgastes e falta de manutenção, cada um dos quatro relógios do prédio exibe um tempo diferente. Para quem desce do Mangabeiras, o dia está sempre mais cedo, mas o fuso horário de quem vem da Cristiano Machado não é o mesmo." (Trecho do conto Senhor do Tempo, em Papéis, de Nina Rocha)

(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
Belo Horizonte é cenário - e algumas vezes até mesmo personagem - da maior parte dos dezesseis contos da publicação da mineira Nina Rocha, Papéis. A autora, porém, não é uma belorizontina nata: nasceu em Montes Claros, apesar de morar na capital mineira há mais de dez anos. Foi com esses olhos, de quem observa a cidade de fora, que Nina se debruçou sobre o cotidiano de BH, e assim, o usou como inspiração para suas narrativas. "Por onde passo, eu pego emprestados alguns elementos da rotina da cidade para criar personagens e histórias", explica a escritora.

Mas nem só do comum é feita a publicação. Outra fonte de inspiração para a autora foram as notícias absurdas, que se transformaram quase que em lendas urbanas da capital. Nina conta que "uma vez, uma amiga ouviu no rádio uma reportagem sobre um homem que roubava crânios no cemitério da Saudade (região leste de BH). Histórias como essa, que se aproximam da ficção, também me inspiraram para criar personagens e situações inusitadas no livro".

(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
(foto: Ágatha de Araújo Andrade/Divulgação)
Papéis é uma publicação independente, o primeiro livro de contos da autora. Ela explica que o título vai além da brincadeira com o que é, de fato, um livro - um amontoado de papéis: "Também quis me referir aos papéis que cada pessoa desempenha na cidade, nas relações de trabalho, de família… com uma proposta de construir uma espécie de perfil desses personagens que trago no livro". Para nos aproximar dessas histórias, as ilustrações da obra, realizadas pela designer Ágatha de Araújo Andrade, que também assina o projeto gráfico do livro, têm um papel fundamental. "Ela leu todos os contos e acompanhou de perto a criação das narrativas, e a partir dos detalhes dessas histórias, foi desenvolvendo as ilustrações, como uma forma de fazer com que o leitor fique cada vez mais imerso no universo de cada um dos contos", relata Nina. Delicadas e poéticas, as gravuras também podem ser destacadas da obra e emolduradas, se assim for do gosto do dono do livro.

A obra já está em venda online e pode ser adquirida pelo site nina-rocha.oncartx.io

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