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Estado de Minas MÚSICA

Produzindo como nunca, Lô Borges sai em turnê com o inédito Chama Viva

Novo álbum é o primeiro da carreira em que artista compôs no órgão; em sete dias criou sete músicas


postado em 02/06/2022 10:15 / atualizado em 02/06/2022 10:15

(foto: Flávio Charchar/Divulgação)
(foto: Flávio Charchar/Divulgação)
Em 2022, Lô Borges está de volta aos palcos com o show inédito Chama Viva. Também neste ano, o cantor e compositor mineiro lançou o álbum que leva o mesmo nome e traz 10 canções inéditas, contando com participações mais do que especiais de Milton Nascimento, Beto Guedes, Patrícia Maês e Paulinho Moska.

Este ano já seria especial para o artista mesmo sem a turnê. Em 2022, os dois álbuns icônicos da MPB, Clube da Esquina e Disco do Tênis, completam 50 anos, sendo que o primeiro foi recentemente eleito o melhor álbum brasileiro de todos os tempos. Mas, estar de volta aos palcos era um desejo de Lô Borges ao dar uma pausa curta nas gravações em estúdio. Lugar, inclusive, que tem frequentado bastante.

Em quatro anos, Lô Borges produziu quatro álbuns de inéditas e garante que, apenas nesse período, já compôs músicas que o permitiriam lançar outros discos novos. O artista afirma que é um compositor compulsivo. Uma forma de trabalhar que aprendeu na marra quando ainda tinha 20 e poucos anos.

"Eu era aquele cara que chegava nos lugares em BH quando tinha mais ou menos 19 anos e pensavam 'Chegou aquele cara que não para de tocar violão'. Eu andava com o violão como se fosse uma mochila"

Lô Borges

O sucesso do Clube da Esquina fez o nome de Lô Borges se tornar conhecido. O artista foi chamado para fazer um novo álbum - o que viria a se tornar o Disco do Tênis - e aceitou sem ter música alguma feita. Na correria para entregar o trabalho, teve que desenvolver uma rotina de produção acelerada. "A agilidade para compor, eu aprendi com o Disco do Tênis. Eu fazia a música de manhã, meu irmão fazia a letra de tarde, e de noite eu gravava valendo para todo o sempre", conta empolgado.

Entretanto, o cantor não manteve essa rotina produtiva. Até porque tinha caído no sucesso do mundo das artes quase que de paraquedas, após o convite de Bituca para o "Clube" e, até então, não sabia se era bem isso que queria. Bem humorado, Lô Borges relata que só aumentou a produtividade na virada do milênio, de 1999 para 2000. "Eu estava me aproximando dos 50 anos e pensei: quero fazer muita música, continuar compondo. O que eu quero para esse século é dobrar a minha produção musical porque eu estou ligeiramente desconfiado de que eu nasci pra isso".

(foto: Flávio Charchar/Divulgação)
(foto: Flávio Charchar/Divulgação)
Desde então, não parou mais. Nos últimos anos a produtividade aumentou, e durante o período de isolamento social provocado pela pandemia, chegou a fazer 40 canções novas. Lô Borges garante que a inspiração para produzir tanto vem de dentro dele mesmo: "O meu grande fascínio na música é por aquilo que ainda não fiz, por aquilo que está dentro de mim e eu ainda não sei o que é", diz.

Para criar, ele revela que não precisa de muito. Na própria casa, o artista tem um cômodo, que é um quarto comum onde cria. Lô garante que basta ter uma guitarra, um violão, um teclado e um celular para gravar as ideias. O compositor tira a dúvida de quem possa se interessar pelo mundo das composições e afirma que "as músicas estão no céu".

Sendo asssim, trazer as cacções para a terra e para os tocadores é função dos compositores. Nesse ponto, ele é incisivo e determina que é preciso trabalho. "Pra você ser um compositor de muitos anos de carreira, tem que estar disponível para o instrumento. A música vem do céu, mas, se você não batalha, a música não vem", esclarece. Ele acredita que para criar é preciso estar disponível para o que os instrumentos têm a oferecer.

"Em casa eu sou super franciscano para compor"

Lô Borges

Por estar atento aos três instrumentos que tem em casa, brinca que faz "música de baciada". Isso quer dizer que, depois que ele escolhe o violão, o teclado, ou a guitarra, basta começar a produzir. Quando faz uma música inspirada na viola caipira, por exemplo, faz outras nove em sequência.

Mesmo com tanto tempo de criação, Lô só veio a compor em sonho, pela primeira vez, no último lançamento. Inclusive, é a canção Chama Viva, que dá nome ao álbum, nasceu desse modo. "Acordei no meio da noite e fiquei batucando, morrendo de sono. Peguei o celular e contei o sonho, onde eu estava no centro de BH com minhas irmãs, enquanto eu tocava violão". O compositor voltou a dormir e, dois meses depois, encontrou a gravação. "Aí eu peguei o teclado para conferir e falei: 'ó', eu sonho em fá maior"!

O setlist do novo show ainda não está totalmente definido. Os ensaios para a turnê começam nesta semana, mas Lô Borges garante que entregou, aos músicos que vão tocar junto com ele, um "cardápio" de canções que ele gostaria que entrassem no repertório. As músicas que funcionarem melhor, poderão ser apreciadas - muito em breve - pelo público que for assistir ao belo-horizontino nos palcos.

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