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Estado de Minas TRADIÇÃO

Globo Minas exibe especial sobre os bastidores das quadrilhas juninas de BH

No embalo do Arraial de Belo Horizonte, programa "Anarriê, Beagá" vai contar as histórias por trás dos quadrilheiros mais antigos da capital


postado em 05/08/2022 22:03 / atualizado em 05/08/2022 22:04

(foto: Divino Advincula/Flickr PBH/Divulgação)
(foto: Divino Advincula/Flickr PBH/Divulgação)
Casamento de verdade que começou com os noivos, de mentira, dançando quadrilha. Quadrilheiro com 80 anos pulando sem parar ao som da sanfona. Irmãos que só têm afinidade na hora de pegar o "caminho da roça". Essas são algumas das histórias e dos personagens do 'Anarriê, Beagá', programa especial da TV Globo que vai ao ar neste sábado (06/08), mostrando o "coração" de quadrilhas que fazem o Arraial de Belo Horizonte acontecer e que pouca gente conhece. Os participantes do evento, em sua 43ª edição, celebram agora seu retorno comovente aos tablados da festa pós-pandemia. Maior e mais representativo festejo junino das regiões Sul e Sudeste do Brasil, o Arraial foi interrompido nos últimos dois anos, mas voltou a ser realizado e vai até o dia 14 na Praça da Estação.

A equipe de jornalismo fez uma imersão nos ateliês e ensaios dos grupos de quadrilhas mais antigos da capital mineira para entender como o amor por essa tradição cultural é transmitido de geração em geração. O programa se desenvolve sob a perspectiva dos quadrilheiros que, cheios de 'causos pra contar', não perderam o 'balancê' mesmo diante de dificuldades financeiras ou da Covid-19. A celebração deste ano é, aliás, a primeira festa popular a ocupar as ruas da cidade desde a flexibilização da pandemia.

"Ser quadrilheiro é ser feliz, é sorrir, é chorar também, é sentir aquele aperto, aquela vontade de estar vivos, de mostrar para todo mundo que nós temos um passado, uma história e valores muito ricos da cultura mineira", diz Vera Lúcia Ferreira de Assis, coreógrafa e diretora de eventos da quadrilha Pé Rachado.

E os sorrisos transbordam nas imagens que comemoram a retomada da esperança dos quadrilheiros. Curiosidades sobre a origem das quadrilhas e um final emocionante prendem a atenção do telespectador.

"A quadrilha junina é uma memória afetiva da gente, quase todo mundo dançou na escola. Para a maioria, isso é passado, já para outros, a vida é se dedicar à quadrilha e são essas pessoas que contam a história com uma paixão e alegria contagiantes", explica o chefe de reportagens especiais da Globo, Fred Bottrel.

Destaque para imagens

'Anarriê, Beagá' conduz a narrativa histórica a partir dos personagens, sem economizar na plasticidade visual. A preocupação com a estética mobilizou o trabalho da equipe, especialmente do repórter cinematográfico Herbert Cabral, autor das imagens.

O cuidado foi planejar a captação com bastante 'slow' para perceber os detalhes dos movimentos, drone para trazer o olhar da quadrilha vista de cima, e imagens em 360 graus - tudo a serviço de traduzir a beleza do trabalho das pessoas envolvidas, com seus vestidos rodados, chapéus e fogueiras acesas.

"Anarriê é um comando de dança na quadrilha que significa dar um passinho pra trás e também um retorno aos seus lugares. O que fizemos foi isso, para falar dessa retomada importante, buscando entender onde e como surgiu essa paixão que os veteranos mantêm até hoje, junto com as novas gerações", ressalta Bottrel.

Perseverança

Desde 1979, quando o Arraial de Belo Horizonte teve início (era o 'Forró de Belô'), as quadrilhas das comunidades vêm unindo amigos e familiares que acabam atraindo outros adeptos.

Quadrilheiros experientes - senhores e senhoras, que vivenciam a tradição desde os anos 70 - ainda servem de inspiração para os mais jovens. Os guardiões da memória fazem questão de mostrar como executar o passo, o seu significado e quais elementos são essenciais na quadrilha.

Mas, nem sempre é fácil atrair o interesse: "Se tem um jogo, eles vão para o jogo. Se tem um axé, eles vão para o axé. Se tem um funk, eles vão para o funk. Mas, o pessoal que gosta mesmo da quadrilha, esses são assíduos e não faltam", comenta Vera Lúcia.

A perseverança para manter a história viva e a identidade da quadrilha mineira, que é diferente de outros estados, fica evidente nos depoimentos do 'Anarriê, Beagá'.

"Minas está sempre presente nos concursos nacionais por ser referência em um tipo de quadrilha bastante tradicional e matuta. Ainda preservamos essa identidade cultural, aquilo que vemos nas quadrilhas das escolas, como o vestido de chita e a camisa xadrez. Evoluímos, porém preservando as raízes fincadas no chão", analisa Danilo Martins, diretor de Comunicação do Núcleo Mineiro de Cultura Feijão Queimado, grupo de quadrilha fundado em 1980, atualmente com 80 integrantes, detentor da maior quantidade de títulos do Arraial de Belo Horizonte.

Empenho dos quadrilheiros também para conciliar a dedicação às suas profissões, e a seus afazeres, com os ensaios. Para disputarem um troféu no Arraial de Belo Horizonte, começam a se preparar seis meses antes, dançando à noite, depois da faculdade ou do trabalho, até a madrugada. Verdadeiros artistas apaixonados pela cultura e por uma disputa similar à das Escolas de Samba, inclusive com apresentações temáticas calcadas na dramaturgia. Um trabalho repleto de beleza que leva o público ao delírio.

"Quando a quadrilha chegou na roça, vinda de suas origens europeias, as pessoas aproveitavam para fazer casamentos, por isso a quadrilha mineira sempre tem os noivos. Essa especificidade dramatúrgica, essa 'jequice' teatralizada, é também uma marca nossa que o programa Anarriê vai mostrar", conclui Bottrel.

O 'Anarriê, Beagá' vai ao ar no próximo sábado (06 de agosto) às 15h15, na TV Globo, depois do 'Rolê nas Gerais'.

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