
Outro motivo que não pode ser desprezado é que depois de dois anos longe das ruas, devido à pandemia, o Bloco retorna à cena da cidade, emocionando foliões de todas as idades. Tradicionalmente, o cortejo acontece no domingo de carnaval (19/02), a partir das 9h.
E quis o destino que esse retorno fosse registrado em um dos principais corredores da cidade, a avenida dos Andradas, altura do bairro Pompeia (nº 3.560), com espaço de sobra e, em segurança, para atrair milhares de fãs do Clube da Esquina. "Estamos trabalhando para fazer uma festa inesquecível para o público", diz Renato Muringa, um dos idealizadores do Bloco da Esquina e responsável por carnavalizar as melodias de compositores como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant. Para esta edição, o Bloco conta com auxílio financeiro da Belotur, por meio de edital aberto no fim de 2022.

A regência é da percussionista Analu Braga, que acompanha o Bloco desde o segundo cortejo. "Celebrar a vida e a arte desse gigante que é Milton Nascimento, referência nos meus caminhos musicais e afetivos, é realmente muito emocionante", diz ela que destaca também a alegria de comemorar os 10 anos do bloco e as cinco décadas do Clube da Esquina.
Analu diz que ao longo desses anos, o Bloco conseguiu reunir muita gente em torno do propósito de fazer as canções do Clube voarem para outros territórios sonoros. "Vimos o quanto é bacana a cooperatividade, as parcerias internas e externas que foram se formando ao longo desses 10 anos, as pessoas que sempre acreditaram e seguem acreditando e sonhando ano a ano com o objetivo de colocar o bloco na rua da melhor forma possível", afirma.
História do Bloco da Esquina
O Bloco da Esquina surgiu em 2013 durante uma brincadeira entre os músicos Renato Muringa e Mário Jaymowich. Com um cavaquinho e um pandeiro nas mãos, a dupla começou a tocar canções do Clube da Esquina, movimento cultural da década de 1970, em ritmo de pagode. O Carnaval de Belo Horizonte começava a ganhar fôlego com o aparecimento de bloquinhos, sobretudo, no tradicional bairro de Santa Tereza. Em 2013, não tiveram dúvidas e fizeram com que as canções do Clube da Esquina caíssem no samba.

Inicialmente, o bairro escolhido para os desfiles não poderia ser outro: Santa Tereza, berço do Clube da Esquina. Pelas ruas de Santê (para os íntimos), o Bloco da Esquina pediu passagem e abriu as portas para a alegria. Na bateria, comandada pela percussionista Analu Braga, impera a democracia de instrumentos com caixa, repinique, surdo, agogô, tamborim, xequerê, entre outros.
O Bloco da Esquina saiu também nas edições seguintes do Carnaval, em 2014 e 2015, com uma média de público de 2.000 a 3.000 pessoas.
Em 2016, por questões pessoais dos organizadores, o Bloco não foi para as ruas. Mas o apelo popular foi um dos grandes motivadores para que o trabalho fosse retomado no ano seguinte, com proposta mais sólida e participativa, o que gerou a necessidade de maior organização pré-carnavalesca.
Desta forma, foi montada uma grande banda com músicos profissionais, com ensaios regulares. Em 2017, portanto, foi o ano em que o bloco desfilou pela primeira vez com um mini trio elétrico, que foi possível pelo auxílio financeiro da Prefeitura de Belo Horizonte. Foi também neste ano que ícones do Clube da Esquina, dentre eles Toninho Horta e Lô Borges, se aproximaram do Bloco, incentivando a proposta e participando como convidados em alguns shows da banda, é o caso também de representantes da segunda geração do Clube como Gabriel e Ian Guedes, filhos de Beto Guedes; e Rodrigo Borges, filho de Marilton Borges e sobrinho de Lô.
Com o crescimento do carnaval da cidade, o bloco decidiu pela descentralização do carnaval. Considerando a grande demanda por espaço no bairro de Santa Tereza, em 2019 a cortejo foi para outras esquinas e o desfile aconteceu no bairro da Graça, na região Nordeste, onde o bloco também possui identificação com seus moradores.
Em 2020, a festa, a maior até então do Bloco da Esquina, aconteceu novamente no bairro da Graça, com o tema Qualquer Forma de Amor Vale a Pena. Com o apoio financeiro e operacional da Belotur, cerca de 5 mil pessoas compareceram ao cortejo. Até uma lojinha virtual com itens com a marca registrada do bloco foi inaugurada. Em 2021, quando a pandemia impediu a folia nas ruas de todo o país, o ambiente online também serviu de palco para o Bloco seguir com a festa. Inspirados pela música Nada Será Como Antes, integrantes da bateria gravaram de suas casas o batuque, sob orientação da regente Analu. E o resultado pode ser conferido nas redes sociais do grupo.
Agora, em 2023, o Bloco retorna às ruas, aliás, para a avenida dos Andradas e promete levar o público a cantar em uníssono as canções que marcaram época.
Cortejo do Bloco da Esquina no Carnaval 2023 de BH
Data: 19/02 (Domingo)
Horário: 9h
Local da Concentração: Avenida dos Andradas, altura do nº 3.560 (bairro Pompeia)
Instagram: @blocodaesquina