Como musicar a inauguração da nova capital do Brasil, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com suas particularidades e relevância histórica? A Sinfonia da Alvorada, composta em 1959, pelos consagrados artistas Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, foi uma demanda do presidente Juscelino Kubitschek para a inauguração da nova capital do país, Brasília.
O feito histórico, narrado por Vinícius e musicado por Tom, iria compor um espetáculo de luz e som para o evento, em 21 de abril de 1960. No entanto, a obra foi lançada oficialmente em disco, em fevereiro de 1961 e somente em 1986, seis anos após a morte de Vinícius, a peça estreou na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Essa é uma das 44 obras, frutos da parceria entre Tom e Vinícius, menos conhecida pelo grande público. Parte dessa lacuna, será preenchida em 13 de julho, em uma apresentação única na Casa da Ópera de Ouro Preto, o mais antigo teatro da América Latina em funcionamento. A proposta é que o projeto siga para outras cidades nos próximos meses, em especial, a capital Brasília.
A versão que será mostrada na cidade histórica, original para hepteto e voz, contará com direção de Paulo Rogério Lage, conta com músicos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e com narração do conceituado ator Jonas Bloch. A obra, uma homenagem a JK, nos 122 anos de seu nascimento e 48 de sua morte, faz parte do III Festival Arte & Movimento da Escola Saramenha de Artes e Ofícios, que acontece paralelamente ao Festival de Inverno de Ouro Preto.
Para Paulo Rogério, responsável também pela produção e direção de grandes espetáculos, como o musical "Música de Protesto Brasileira" e "Valencianas", com Alceu Valença e Orquestra de Ouro Preto, vale destacar a hercúlea tarefa do então presidente Juscelino Kubitschek. "JK compreendeu a grandiosidade da missão e elencou de forma assertiva os já consagrados músicos. Essa obra marca a celebração de um tempo em que o presidente do Brasil se unia ao que havia de melhor na música, na literatura e na arquitetura do país e representa um verdadeiro ato político de exaltação e valorização da cultura”.
Sobre a obra Brasília: Sinfonia da Alvorada
Para criar o Poema Sinfônico, Tom e Vinicius ficaram hospedados no Catetinho em 1959, a residência oficial da presidência, trabalhando na mesma sala onde JK assinou os primeiros atos na capital. Um piano foi instalado no local para que pudessem se dedicar ao processo criativo de capturar a essência da nova cidade, “erguida em plena solidão do descampado” do Planalto Central do Brasil.
O LP "Brasília: Sinfonia da Alvorada", lançado em 1961, teve regência de Tom, o próprio Vinicius recitando o texto, Radamés Gnattali ao piano e o Coro de Câmara Dante Martinez, comandado por Roberto de Regina. Na estreia oficial da peça em 1986, Susana Moraes, filha de Vinicius, substituiu o pai na narração do texto, contando com ricos detalhes a ocupação do centro-oeste brasileiro.
Em 2024, o diretor Paulo Rogério Lage se une ao produtor da peça, Cristiano Ayres Figueiredo e a Sérgio Oliveira do Amaral, na produção executiva, para tornar conhecida essa preciosa joia da cultural nacional. A produção musical e regência é de Robson Fonseca e os arranjos de Waltson Tanaka. O recitativo está a cargo do ator Jonas Bloch e as músicas são interpretadas por Aymi Shigeta no piano, Jovana Trifunovic no violino, Katarzyina Druzd na viola, Lucas Barros no violoncelo, Renata Xavier na flauta, Wagner Mayer no trombone e Fábio Ogata na trompa. A cenografia é de Tati Trópia, a iluminação de Pedro Pederneiras, o som de Wellington Paim e a gerência do projeto de Sérgio Rafael do Carmo.
Brasília: Sinfonia da Alvorada
Onde: Casa da Ópera de Ouro Preto
Brasília: Sinfonia da Alvorada
Onde: Casa da Ópera de Ouro Preto
Endereço: Rua Brigadeiro Musqueira, 104, Ouro Preto (MG)
Data: 13 de julho
Horário: 20h
Ingressos: Gratuitos, por ordem de chegada
Horário: 20h
Ingressos: Gratuitos, por ordem de chegada