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Estado de Minas ESPORTE

Skatista Pepe Laporte vira empresário

Bicampeão sul-americano, que venceu ladeiras em campeonatos de Downhill Skate pelo mundo, agora se prepara para competir também no mundo dos negócios


postado em 21/05/2019 16:19 / atualizado em 04/06/2019 15:52

Pepe Laporte, de roupa preta e tênis vermelho, participando de uma competição na República Tcheca(foto: Pepe Laporte/Arquivo pessoal)
Pepe Laporte, de roupa preta e tênis vermelho, participando de uma competição na República Tcheca (foto: Pepe Laporte/Arquivo pessoal)
Descendo ladeiras, cortando o ar, surfando em cima da sua prancha enquanto evita os carros que sobem e descem. É assim que Pepe Laporte treina para as suas competições. O skatista vice campeão mundial e bicampeão sul americano de Skate Downhill trocou uma carreira dentro das quatro linhas pela vida em cima das quatro rodas: "Eu sai de um cenário do futebol, com uma pegada muito mais egocêntrica e fui para o skate, onde todo mundo se ajuda". Hoje depois de vários prêmios e quedas no mundo Downhill, o atleta se prepara para um novo desafio na vida, conquistar o mundo dos negócios.



ENCONTRO - Como começou a sua história no Downhill Speed?

PEPE LAPORTE - Eu sempre me amarrei em skate, desde novo já consumia um pouco do estilo de vida tanto nas roupas como no jeito de ser. Quando eu tinha uns 6, 7 anos de idade tive o meu primeiro contato direto com o skate por meio de um primo mais velho, que já andava e surfava. Mas como eu jogava bola na época, acabei ficando dividido entre o skate e o futebol e acabei escolhendo a pelota. Depois de alguns anos eu mudei para Nova Lima e foi onde me reencontrei com o skate através do Downhill. Comecei a descer ladeira influenciado por alguns colegas de sala que na época já praticavam também. Lembro que tomei um capotasso na minha primeira primeira descida, fiquei duas semanas de molho, falei que nunca mais ia andar de skate, mas na terceira semana resolvi dar uma segunda chance! Depois disso não consegui tirar mais meus pés de cima do skate.

Você treina aqui na grande BH? Quais os lugares preferidos, como é a sua rotina?

Eu costumo falar que sou privilegiado. A gente mora na Disneylândia do Downhill, não é à toa que o campeão do mundo e o vice-campeão mundial são do mesmo lugar. Belo Horizonte é cercada de morros e serras que nos permitem evoluir na prática. A gente costuma treinar na região de Nova Lima, Macacos, Moeda e Itabirito. Ano passado eu estava muito focado, corri em mais de 9 países diferentes disputando contra mais de 500 atletas do ranking mundial e acabei ficando com o vice campeonato. A minha rotina foi muito pegada entre vários treinos, dieta, academia, fisioterapia e personal trainer. Por trás de qualquer atleta de alta performance existe muita dedicação e resiliência. A gente trabalha com resultado. Neste ano eu vou participar de apenas um evento, em Barcelona. É um evento especial em perfil olímpico que vai funcionar como uma possível chance de entrada do Downhill nas Olimpíadas de 2024. Estarei correndo somente na Espanha devido a execução do nosso novo empreendimento que vamos abrir agora em julho, no Vila da Serra. Este ano minha energia está voltada a retribuir ao skateboard tudo o que ele me trouxe e traz de bom na minha vida e na vida daqueles que compartilham esse lifestyle.

O LayBack Park BH deve ser inaugurado na primeira quinzena de julho(foto: Pepe Laporte/Arquivo pessoal)
O LayBack Park BH deve ser inaugurado na primeira quinzena de julho (foto: Pepe Laporte/Arquivo pessoal)
Como vai ser esse empreendimento?

O LayBack Park BH com certeza foi um encontro de pessoas na mesma energia, surfando a mesma onda, que acreditam que ideias não são nada sem execução. Há bastante tempo já venho prospectando algo parecido com o que estamos realizando hoje. Após algumas tentativas frustradas acabamos nos reencontrando com a galera da Layback Beer com um novo modelo de park que está em expansão Brasil afora. A marca é co-fundada pelo Pedro Barros (um dos skatistas mais influentes da atualidade) e seu pai, André Barros que criaram a cerveja como uma forma de incentivar o esporte e apoiar os atletas do surf e do skate mundial. A LayBack nasceu em Florianópolis no coração do skate, da arte e da música. E é essa essência que estamos trazendo para Belo Horizonte. Um complexo cultural que une skate, arte, música, gastronomia e vivência! A previsão é de julho já estarmos de portas abertas para todos.

O recorde mundial de velocidade no downhill é 146 km/h. Você tem uma estimativa da velocidade média que costuma atingir nos treinos e nas competições?

Essa marca foi batida em um evento especial que tinha como finalidade quebrar o maior recorde da história. Não tenho muito tesão em competir esse tipo de evento, não é meu objetivo ser o mais rápido em linha reta. Tenho um estilo mais técnico e solto. Eu prefiro muito mais uma corrida de verdade, que envolve mais competidores e mais habilidades.

Sua família tem medo de você machucar?

Minha família tem muito medo, eu também tenho muito medo, meus amigos têm muito medo. Enfim, é inquestionável que o nosso esporte é de alto risco e se eu te falar que não tenho medo nenhum, estaria mentindo para você. Mas o medo na dosagem certa faz bem. Acredito que tudo o que almejamos realizar na vida independente da área que atuamos tem que nos trazer medo. Nossos objetivos se concretizam quando quebramos a barreira do medo. A vontade de realizar tem que sempre ser maior que o medo de cair. No meu caso, quando a prática envolve autoconhecimento, amor e uma boa logística de segurança, o perigo é amenizado.

E como foi sua trajetória no Campeonato Mundial de 2018?

Ano passado tive a honra de representar o Brasil em 10 etapas do circuito mundial viajando por oito países. O ano é dividido em tours: Ásia e Oceania, Europa, norte-americano e sul-americano. Estive na Austrália, Coreia do Sul, República Tcheca, Itália. Estados Unidos, Equador, Peru e Brasil. Acabei ficando em segundo no ranking mundial! Foi uma jornada gratificante, muito difícil, cansativa, com algumas lesões, muita dor, mas também muita alegria e muita vontade de estar lá representando a nossa bandeira. Enfim, acho que tudo vale a pena quando se tem amor e fé na batalha que escolhemos lutar. As etapas de cada continente do tour mundial também são válidas para premiar o campeão local e eu acabei sendo bicampeão sul-americano pelos meus resultados nas etapas do Peru, Equador e Brasil.

A Federação Internacional de Downhill colocou você como um dos favoritos para ganhar o título de campeão mundial, atrás apenas do Thiago Lessa. Como é concorrer com alguém que você tem uma relação tão próxima e qual a sua expectativa para o campeonato deste ano?

Eu e o Thiago andamos juntos há um bom tempo. Ele é 9 anos mais velho que eu, sempre foi uma inspiração para mim e quando eu comecei o Lessa já se destacava. Ele era o cara daqui de BH que já tinha um reconhecimento nacional e estava começando sua empreitada mundo afora. Ele é o Max Ballesteros foram dois caras que me motivaram muito a seguir no esporte e puxaram meu nível para outro patamar. Ano passado eu e Thiago fizemos história, pois foi a primeira vez que dois amigos, que treinam juntos todos os dias, disputaram o circuito mundial e trouxeram o primeiro e o segundo lugar para casa. Dentro da corrida somos todos profissionais, não tem amizade, têm profissionais que estão ali com o objetivo de vencer e que se respeitam. Mas não importa o que aconteça na pista, somos amigos, somos irmãos, nos respeitamos e é assim que tem que ser. O skate é isso: dentro de campo todo mundo quer ganhar, mas nada que atrapalhe a nossa união e o nosso companheirismo. Hoje o Thiago e o Max são como uma família para mim e olhar para trás e ver o quanto já realizamos juntos, desde os dias de luta aos de glória, é realmente muito gratificante. E a minha sensação é que essa história está só começando!

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