
O vocabulário das palavras em português do chef francês ainda é pequeno: "marravilhoso", "bom dia" e "obrigado" sempre aparecem no meio do discurso. Mas, se a gramática ainda não entrou no seu dia a dia, os sabores brasileiros já estão incorporados à sua cozinha. "Amo batata-baroa", diz ele, que aproveita qualquer tempo livre para viajar para o interior do estado e é um grande frequentador das feiras ao ar livre que acontecem na capital. "Minas é muito grande, com produtos riquíssimos em sabor." Muito amigo do chef Ivo Faria, do italiano Vecchio Sogno, Emmanuel já frequenta as Gerais faz tempo. "Vi que existia uma oportunidade de negócios por aqui. Há algum tempo vinha planejando essa mudança."

Durante o almoço, servido de terça a sábado, o cardápio segue uma linha bistrô, com tradicionais receitas francesas como bouef bourguignon (ensopado de carne de vaca cozida em vinho) e cassoulet, guisado de feijão-branco com carnes. À noite, o jantar ganha um menu exclusivo, com 12 pratos principais. Entre eles, destaque para feijoada desconstruída – purê de feijão com bacon, linguiça defumada, bacon, laranja, farofa e crispy de couve. "Os clientes se surpreendem porque não é pesado, muito pelo contrário, é um prato leve", explica. Para os vegetarianos, uma boa pedida é o ovo perfeito, cozido durante uma hora a 64° C, servido com creme de champignon e purê de batata-doce. Na seção de entradas, são seis opções. A assinatura ousada do chef se faz presente no lagostim servido com palmito pupunha ao molho béarnaise de jambu; e no carpaccio de polvo com vinagrete de manga e maracujá, acompanhado por uma delicada telha de fubá. Para fechar a refeição em grande estilo, seis sobremesas enchem os olhos. A torta de limão com sorbet de cachaça é uma surpresa ao paladar; já a trilogia de crème brûlée nos sabores tradicional, lavanda e doce de leite é garantia de um grand finale. Às sextas-feiras, Emmanuel oferece menu degustação com seis tempos, preparado na frente dos clientes. "São eventos para, no máximo, 20 pessoas", diz.

Unindo técnicas francesas com ingredientes da nossa terra, Emmanuel quer mostrar as riquezas de Minas para o mundo todo. "Está na hora de o Michelin sair do eixo Rio-São Paulo e olhar para o que acontece aqui." Se depender dele, Belo Horizonte ganhará muitas estrelas.