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Estado de Minas GASTRÔ

Sanduíches de vários países podem ser encontrados em BH

Sabores e combinações vindos de vários lugares do planeta estão nos cardápios da capital mineira


postado em 20/07/2019 00:39 / atualizado em 20/07/2019 01:25

A globalização fez com que outros sabores se tornassem acessíveis e fez os
A globalização fez com que outros sabores se tornassem acessíveis e fez os "sandubas" viajarem pelo mundo (foto: Violeta Andrada/Encontro; Lucas Ávila/Divulgação; Thatiana Bione/Divulgação e Victor Schwaner/Encontro)
Eles variam de continente para continente, mas uma coisa é certa: cada cantinho deste mundão tem o seu próprio sanduíche. Com temperos, ingredientes e formatos distintos, eles carregam dentro de duas fatias de pão muito de uma cultura. "É a comida do trabalhador e dos campos de batalha, porque é fácil de ser carregada", afirma o chef Alexandre Louzeiro, do Samba Fresh, que em uma viagem para o Vietnã aprendeu a receita do tradicional banh mi.

Sanduíche é comida de rua, acessível aos mais variados públicos e fácil de ser consumida. A ideia de colocar um recheio dentro do pão vem de antes de Cristo. Nos antigos rituais de Pessach (Páscoa judaica) já se fazia uma mistura de pão com alguns tipos de embutidos. Apesar do passado remoto, a fama – e o próprio nome sanduíche – veio em 1762, durante uma visita do aristocrata inglês John Montagu, 4º Conde de Sandwich, a uma vila da Inglaterra. Conta a história que, certa noite, enquanto participava de uma rodada de carteado, ele pediu que um de seus criados lhe preparasse algo que pudesse comer sem ter que interromper a partida de uíste, jogo de cartas popular entre os britânicos. O cozinheiro, sem saber o que fazer, pegou dois pedaços de pão e colocou salame entre eles. Pronto. Estava criado o sanduíche, sanduba, emparedado, sandes, paninho... Ou seja, uma refeição contida entre dois pedaços de pão e para ser comida com as mãos.

O hambúrguer é, sem dúvida, o mais conhecido do planeta. A receita alemã que se tornou um símbolo americano invadiu outros territórios com gigantes do fast food como McDonald’s e Burger King. Preparado com excesso de gordura e conservantes, os sanduíches viraram vilões das dietas saudáveis. Apesar dos narizes torcidos, o hambúrguer é um fenômeno planetário. A globalização, no entanto, fez com que outros sabores se tornassem acessíveis. Dá para ir além do hambúrguer e do cachorro-quente. Em BH já é possível encontrar sandubas com sotaques variados. Vem ver.

Chivito

(foto: Victor Schwaner/Encontro)
(foto: Victor Schwaner/Encontro)
Origem: Uruguai

Conhecido por ter uma das melhores carnes do mundo, o Uruguai tem uma gastronomia baseada na proteína bovina, queijos e laticínios. Dizem que o Chivito surgiu em 1940, no restaurante El Mejillón, em Punta del Este. Hoje, no entanto, é comum em todo o território uruguaio. “Cada restaurante tem a sua própria receita. Ou seja, você consegue provar chivitos muito diferentes uns dos outros”, diz o chef Fred Curi, do Soriano. Normalmente, tem como base filé, bacon e queijo. Por aqui, Fred segue a tradição, mas sem deixar de ter uma assinatura própria. No lugar da chapa, todos os ingredientes são preparados na parrilla. No cardápio do Soriano, o recheio é de bife de chorizo picado, queijo, maionese defumada com bacon, tomate tostado. Acompanha uma porção de batata frita. Para quem quer experimentar o sabor do país vizinho com um chope mineiro, a dica é o Ignorância, da Krug Bier (R$ 10). “A Double IPA tem um amargor perfeito para esse prato, que é mais gorduroso”, explica Fred.

Preço: R$ 34,90
Onde comer: Soriano
Rua Tomé de Souza, 133, Funcionários
(31) 2516-5112

Banh mi

(foto: Uarlen Valério/Encontro)
(foto: Uarlen Valério/Encontro)
Origem: Vietnã

A ocupação da França, no século XIX, deixou marcas profundas no país do Sudeste Asiático, tanto que é possível encontrar boulangerie no melhor estilo parisiense em meio às construções tradicionais. E o banh mi é um dos maiores exemplos da influência francesa na cozinha vietnamita. “O interessante é que a baguete deles parece muito mais com o nosso pão francês do que a própria baguete original”, diz o chef André Lozeiro, do Samba Fresh. O sanduíche ficou famoso depois da Guerra do Vietnã, quando foi levado para os Estados Unidos e de lá espalhou-se pelo mundo. “É uma comida muito presente no dia a dia do povo vietnamita. Eles comem em qualquer refeição, principalmente no café da manhã”, diz André, que aprendeu a receita durante uma temporada no país. Por aqui, ele adaptou os ingredientes e serve o banh mi de frango: baguete recheada com patê de fígado de frango, cebola roxa, cenoura, repolho, pepino agridoce, coentro, cebolinha, molho de pimenta, molho teriyaki e bife de frango empanado à karaage (marinado no shoyu, gengibre, alho e saquê).

Preço: R$ 28
Onde comer: Samba Fresh
Rua Fernandes Tourinho, 97, loja 1f, Savassi
(31) 2526-5020

Pão com linguiça

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Origem: Brasil

Mais que um sanduíche brasileiro, o pão com linguiça é tradicionalmente mineiro. Segundo o chef Flávio Trombino, um estudioso da nossa gastronomia e dono do Xapuri, o sanduba surgiu na década de 1940, como uma comida típica de beira de estrada e acabou sendo replicada no resto do país. “Quando pensei no BR-3 o primeiro produto que criei foi o pão com linguiça, batizado como Vira-Lata metido a besta”, diz o chef. Seu espaço no Mercado da Boca leva o nome de como era conhecido o trecho entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte até 1964, antes de ser incorporada a BR-040. Flávio conta que se inspirou na receita da antiga lanchonete Belvedere – bem ao lado do desativado Viaduto das Almas e que durante décadas foi o principal ponto de parada de viajantes. O modo de fazer ganhou o requinte de quem aproveita os melhores ingredientes que se tem nas Gerais. O pão é uma baguete da Marche du Pain e a linguiça é a tradicional do Xapuri. Para complementar, cebola roxa caramelizada na rapadura de Santa Cruz do Escalvado e vinagre de jabuticaba de Sabará; rúcula de Brumadinho; e mostarda. “É uma combinação perfeita: a picância da linguiça, o doçor da cebola, o amargo da rúcula. Tudo em harmonia”, explica o chef, que no BR-3 deu nova roupagem aos pratos que todo mundo ama comer enquanto está viajando.

Preço: R$ 27
Onde comer: BR-3
Mercado da Boca - Avenida Toronto, 156, Jardim Canadá
(31) 3496-6198

Doner Kebab

(foto: Lucas Ávila/Divulgação)
(foto: Lucas Ávila/Divulgação)
Origem: Turquia

É turco, mas é a comida de rua mais vendida em alguns lugares da Europa. Foi da Espanha que o chef Bernardo Garcia trouxe a receita do seu kebab. “É diferente do tradicional servido pelos turcos, que colocam um bife em cima do outro até formar um espeto de churrasco gigante”, explica ele, que batizou sua casa, a Bení, em homenagem ao bairro Benimaclet, de Valência. “O europeu é preparado com uma carne ultraprocessada e tem um sabor mais neutro, sem uso de tantos condimentos”, diz. “Meu maior desafio foi conseguir criar essa carne de forma artesanal”. A carne é modelada à mão no espeto e depois fica assando por sete horas. Além das lascas de carne, o sanduíche leva alface, tomate, pepino, repolho e molho servidos dentro do pão-folha.

Preço: R$ 25
Onde comer: Bení Kebab
Avenida do Contorno, 6.425, São Pedro
(31) 99737-4728

Croque-Madame

(foto: Thatiana Bione/Divulgação)
(foto: Thatiana Bione/Divulgação)
Origem: França

Diferentemente do que muitos pensam, o croque-monsieur não leva ovo. Ele é feito com presunto, queijo (emmental ou comté), entre duas fatias de pão tostadas na frigideira ou no forno, coberto por molho bechamel. Ou seja, é um misto quente preparado com ingredientes nobres, banhado em molho branco e gratinado. E faz parte da categoria delícias francesas. É um prato servido em qualquer café parisiense que se preze. Segundo o historiador René Girard, a receita foi criada no século XX, por Michel Lunarca, dono do Bistrô Le Bel Age. Foi ele o primeiro a trocar a tradicional baguete pelo pão de fôrma. O chef, que tinha uma horrenda fama de canibal, ao ser indagado qual a carne do recheio, respondeu em tom de brincadeira: “C`est la viande de monsieur”, ou seja, a carne de um senhor. E, assim, com o peculiar humor francês, o sanduíche foi batizado. Por aqui, a versão com ovo, chamada croque-madame, é a mais conhecida. No Paris 6, o prato vem servido com uma salada verde. “O ovo é sempre malpassado, para que possa servir também como um molho extra ao sanduíche”, explica o chef Rafael Cedro Souza. Para ele, o segredo está no pão de fôrma, feito com massa de brioche.

Preço: R$ 52
Onde comer: Bistrô Paris 6
Pátio Savassi - Avenida do Contorno, 6.061, loja 228, Savassi
(31) 3318-1800

Panner Kathi Roll

(foto: Violeta Andrada/Encontro)
(foto: Violeta Andrada/Encontro)
Origem: Índia

Na Índia, por onde se anda é possível encontrar um vendedor de petiscos ou mesmo sanduíches. Foi com a intenção de trazer para BH essa tradicional comida de rua que surgiu o Tchalo, em 2016. “Os indianos usam muito as mãos para comer. Para eles, é importante utilizar todos os sentidos quando se alimentam”, explica Diego Cifuentes, que no início vendia sanduíches e samosas (tradicionais pastéis fritos) em um food truck. Em novembro passado, ele abriu uma pequena lanchonete na avenida Bandeirantes. Lá, os clientes podem provar Panner Kathi Roll: cubos de queijo marinados no molho de espinafre com especiarias, assados no forno tandoor, acompanhado de cebolas, pimentões e chutney de tomate, envolto em chapati, tradicional pão indiano. Há ainda uma versão vegana e uma com frango.

Preço: R$ 22
Onde comer: Tchalo
Avenida Bandeirantes, 1.299, loja 11, Anchieta
(31) 3225-4592

Caroline Herschel

(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
(foto: Alexandre Rezende/Encontro)
Origem: Alemanha

Currywurst é o petisco mais vendido na Alemanha. Consiste, basicamente, em salsicha de porco temperada com ketchup e curry. Ele surgiu após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1949, quando Herta Heuwer temperou a tradicional salsicha alemã com os temperos obtidos com soldados ingleses. Logo, virou uma comida de rua e, com o passar dos anos, uma das mais consumidas no país. “Os clientes que conhecem a gastronomia alemã pediam há tempos para fazermos um sanduíche usando esse molho”, conta Paulo Salles, que comanda a casa de sandubas alemães, ao lado dos sócios João Eduardo Farah e Saulo Souza. O Carolina Hershel foi o último a entrar no cardápio, que conta com outras cinco opções. O Carol, como é carinhosamente chamada pela clientela, é preparado com salsichão knackwurst, queijo artesanal de Pedra Azul, molho currywurst no pão de sal. A linguiça é feita por uma família alemã, que segue a receita tradicional passada de geração em geração. Ela é mais seca, bem defumada, feita com carne suína e bovina, pimenta-do-reino e calabresa. “No nosso molho, usamos alguns outros condimentos, como o dill, que tem um gosto muito peculiar e dá um certo frescor na receita”, entrega Paulo.

Preço: R$ 26,90
Onde comer: Der Famous
Avenida do Contorno, 6.399, Savassi
(31) 98484-4876

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