
Durante uma hora, o cãozinho circula entre os leitos levando afeto, “lambeijos” e o que sua tutora chama de muito “aumor”. A iniciativa é conduzida pela agência Anjos do Bem Home Care, e tem como objetivo tornar o ambiente hospitalar mais acolhedor e humano. Para isso, a preparação começa cedo: banho e tosa no pet shop são etapas indispensáveis antes de cada visita. Após o banho, Dexter só volta a tocar o chão já dentro do hospital, respeitando um rigoroso protocolo de higiene. “É para garantir que os pacientes possam ter contato, colocar a mão, pegar, abraçar, sem ter nenhum risco”, explica Claudia Martins, tutora do cão e idealizadora do projeto.
Os efeitos da presença de Dexter vão além do carinho. De acordo com Lourdes Marques, assistente social da unidade hospitalar, os benefícios são sentidos na recuperação dos pacientes. “A visita do Dexter traz alegria e esperança. Vemos isso no olhar de cada um dos pacientes, principalmente das crianças. Temos exemplos de pacientes que tiveram uma melhora significativa no quadro de saúde após a visita dele”, afirma.
Ela também ressalta a importância do impacto emocional que a presença do cão proporciona. “O ambiente hospitalar pode ser, em alguns casos, solitário. Quando o Dexter chega, é como se o clima mudasse. As pessoas relaxam, sorriem, esquecem um pouco a dor. É uma terapia que toca o emocional, e isso faz toda a diferença no tratamento”.
Entre as lembranças marcantes está a de uma paciente infantil, cuja despedida foi suavizada pela convivência com o cãozinho. “Em momentos de muita dor, quando o uso de medicação era constante, a presença do Dexter transformava completamente o ambiente do quarto. A energia mudava. Ela parava de reclamar da dor, ficava em silêncio, abraçada a ele, fazendo carinho. Eram momentos de paz visíveis no seu rosto. Isso marcou profundamente não só a equipe do hospital, mas também a família dela”, conta Lourdes.
Mesmo com o desfecho difícil, ela destaca que o vínculo entre a criança e o cão foi essencial: “Ela amava cachorros e, por isso, ele passou a visitá-la com mais frequência. Aqueles encontros foram um alívio, um respiro no meio da dor”.
Além de elogiar o trabalho de Dexter, Lourdes faz questão de reconhecer o gesto de sua tutora. “É importante também reconhecer a sensibilidade da Cláudia, tutora do Dexter, que teve a iniciativa de nos procurar. Graças a ela, essa história aconteceu – e nos marcou profundamente”, afirma.
Todo o trabalho, segundo Claudia, é feito de forma voluntária, movido pelo desejo de fazer o bem. “O Dexter faz isso com muita dedicação. A gente acredita que um pouquinho de carinho pode transformar o dia de alguém. É uma missão feita com muito amor”, diz.
No Hospital Vera Cruz, o jaleco e o crachá que Dexter usa simbolizam o carinho e o respeito que conquistou dentro da unidade. Para Lourdes, ele é mais do que um visitante: é parte da equipe. “O Dexter é parte da nossa rotina e da história de muitos pacientes. A Pet Terapia é mais uma ação humanizada que o Hospital Vera Cruz busca promover com seus parceiros para trazer mais conforto, qualidade de vida e alegria para quem está internado”, finaliza.