
Ao som da tradicional trinca de flauta, violão e cavaquinho, os chorões conquistaram sucesso nacional compondo quadrilhas, tangos, polcas, xotes, maxixes e marchas inspiradas na música europeia, africana e indígena. Com a chegada de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o lendário Pixinguinha, que com sua inconfundível flauta e saxofone tornou-se o principal compositor do gênero no país, o choro ganhou novas proporções. Uma de suas mais famosas canções, intitulada Carinhoso, teve diversas releituras. Todas enlevadas pela melodia dos famosos versos: "Meu coração, não sei por quê, bate feliz quando te vê...".

Com cadeira cativa nos bares da cidade, o choro se mantém firme ao longo do tempo, mesmo após perder a preferência dos ouvintes na década de 1960. Um dos bares pioneiros, Pedacinhos do Céu, foi fundado em 1996 pelo músico e compositor Alzier Vinícius dos Santos, de 52 anos, no bairro Caiçara. A casa de choro mais tradicional da capital já recebeu ilustres visitantes, entre eles políticos e artistas. "Recebi até o título de cidadão honorário por conta do trabalho realizado no bar. É um orgulho para mim", diz Alzier.
No Bar do Bolão, no bairro Padre Eustáquio, o Clube do Choro, que tinha encerrado suas atividades em 1989, junto com o bar Beco do Choro – primeira casa a tocar exclusivamente o gênero musical na cidade –, foi reativado em 2006, reacendendo a tradição das rodas de choro. "O bar já foi inaugurado com o chorinho. Meu pai, Raimundo (Bolão), tinha um conjunto regional. Até hoje temos o prazer de receber excelentes músicos, entre eles o Zito do Pandeiro", diz Haroldo Reis.
A paixão pelo choro é transmitida de bar em bar e, além de veteranos, atrai o público jovem, que faz questão de prestigiar os grupos regionais. "As rodas sempre abrem espaço para outros músicos darem a famosa canja. Foi assim que comecei a participar do grupo no Bar du Pedro, no bairro Santa Tereza", diz o músico Diogo Gonçalves, de 29 anos, que há quatro meses toca violão no local. Frequentadores do bar, a nutricionista Silvana Simonini, de 46 anos, e o agropecuarista Marcello Campos, de 43 anos, apoiam o resgate da boa música. "Hoje é tão difícil encontrar lugares para ouvir música de qualidade que acho incrível esse movimento do chorinho", diz Silvana. Seus adeptos garantem: "Tal omo Pixinguinha nunca será esquecido, o choro nunca vai morrer", diz Geraldinho Alvarenga.
