Há quatro meses, o Parque das Mangabeiras abriga uma das melhores pistas de skate fixas do país. Em estilo half-pipe (formato em "U"), a estrutura possui pouco mais de quatro metros de altura e consumiu R$ 1 milhão dos cofres da Prefeitura de Belo Horizonte. O problema é que, só neste mês, a pista, que fica cercada e fechada com um cadeado, deverá ser aberta ao público, mas cada skatista terá de se cadastrar e se declarar apto a deslizar a prancha sobre a rampa.
A abertura da pista ao público põe fim a um imbróglio que começou assim que ela ficou pronta, em junho. O problema foi que a Fundação de Parques Municipais (FPM), órgão ligado à prefeitura, optou por fazer um regime diferente de gestão se comparado a outras nove pistas em parques municipais de BH. A instituição entendeu que a half-pipe é voltada para os mais experientes. "É uma pista que dá medo. Não é para amadores. Queríamos nos resguardar quanto a possíveis acidentes", diz Homero Brasil Filho, diretor de Parques da Área Sul. A partir daí, iniciou-se uma série de reuniões. A gestão do espaço foi oferecida ao setor privado, que poderia, por exemplo, estipular horário de funcionamento e valor de ingresso para usar a rampa, contudo, não houve interesse.
Duas federações que representam o esporte no estado acompanhavam de perto o desenrolar da novela: a Federação Mineira de Skate e a de Esportes Radicais. A elas também chegou-se a oferecer a administração da pista, que incluía a responsabilidade de cobrir despesas referentes a reparos. A proposta foi rechaçada pelas entidades. "Nenhuma das federações tem condições de arcar com os custos de conservação da pista e a segurança das pessoas", afirma Rodrigo Ferreira, presidente da Federação Mineira de Esportes Radicais. A rampa chegou a ser liberada para uso controlado por uma semana, em agosto. Só alguns skatistas tiveram acesso, o que acabou gerando desentendimento entre eles. Resultado? A Fundação de Parques Municipais decidiu trancar a pista definitivamente. Ainda sem encontrar um parceiro e pressionada pelos skatistas cansados de apenas ver a megaestrutura, os representantes da administração municipal convocaram os praticantes para uma reunião no dia 23 de outubro, quando ficou acordado que o uso da pista será liberado no horário de funcionamento do parque, das 8h às 17h, de terça-feira a domingo, mas os atletas terão de preencher um cadastro e serão identificados por um adesivo, atestando que têm capacidade de usar a pista.
"Só vai poder utilizar quem estiver usando os equipamentos de segurança, como capacete e joelheira", diz Homero. A fundação segue responsável pelas despesas referentes à conservação da estrutura, no entanto, parcerias com empresas ainda não foram descartadas. "Já passou da hora de essa pista ser liberada", diz Maurício Massoti, presidente da Federação Mineira de Skate. Os amantes da prancha com rodinhas não veem a hora de realizar manobras radicais sobre a estrutura. É o caso do marceneiro Warlei Coimbra, de 40 anos. "O que adianta ter uma rampa dessa para ficar trancada?".
Esta é a segunda pista do Mangabeiras, que desde 2009 oferece uma espaço de 900 m² da modalidade Street. Outra área com obstáculos e três bowls está sendo construída no Parque Lagoa do Nado, na Pampulha. A previsão é de que essa fique pronta ainda este ano ao custo de R$ 1,5 milhão. Conforme apurou a reportagem, o espaço não deve ter problemas para ser inaugurado, já que oferece menos riscos que a half-pipe do Mangabeiras.
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CIDADE | LAZER
Pista de skate do parque das Mangabeiras deverá ser liberada
Depois de muita espera e discussão entre skatistas e a administração municipal, estrutura orçada em R$ 1 milhão, finalmente, ficará disponível para a prática do skate
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