Publicidade

Estado de Minas VEÍCULOS | SUSTENTABILIDADE

Só falta a tomada

Os carros elétricos ainda não emplacaram no Brasil. Especialistas garantem que, enquanto não houver políticas públicas específicas, o uso do modelo ficará restrito a empresas e órgãos governamentais


postado em 02/01/2015 14:00 / atualizado em 10/02/2015 16:42

Carro sendo abastecido em posto de eletricidade na Dinamarca: viabilidade dos modelos no Brasil depende de infraestrutura e menos impostos; na foto abaixo, detalhe do carregador europeu(foto: Divulgação)
Carro sendo abastecido em posto de eletricidade na Dinamarca: viabilidade dos modelos no Brasil depende de infraestrutura e menos impostos; na foto abaixo, detalhe do carregador europeu (foto: Divulgação)
O veículo elétrico é uma opção de transporte que não polui, é mais silencioso, econômico e de baixa manutenção, além de ter impostos reduzidos. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), até agosto foram licenciados 558 veículos elétricos no Brasil. O número vem crescendo - eram menos de 100 em 2012 -, mas ainda é inexpressivo se comparado com o total da frota tradicional, que em 2013 recebeu 3,7 milhões de veículos novos.

Segundo levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), 7 milhões de veículos elétricos - leves e pesados - circulavam no mundo no ano passado. O maior mercado está no Japão, onde 11% da frota é movida a eletricidade. Nos Estados Unidos, essa parcela é de 4%. No Brasil, atualmente, 3 mil carros elétricos estão em circulação, ou cerca de 0,04% da frota.

Douglas Wittmann, doutorando do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), explica que em diversos países os governos oferecem incentivos fiscais para quem se propõe a utilizar o carro elétrico. Os principais consistem em redução tributária, bônus para aquisição, menor tarifa de licenciamento, estacionamento gratuito e taxa de energia reduzida para a recarga. No Brasil, os veículos elétricos têm isenção de IPVA em sete estados - Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul - e alíquota diferenciada em São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul.

Automóvel plugado em garagem de residência na Europa: no Brasil, essa é uma realidade ainda distante(foto: Divulgação)
Automóvel plugado em garagem de residência na Europa: no Brasil, essa é uma realidade ainda distante (foto: Divulgação)
Além das vantagens ambientais, o custo do quilômetro rodado com carro elétrico também é menor em relação ao movido a combustão. Estudo da CPFL Energia mostra que, para rodar com carro usando etanol, gasta-se aproximadamente R$ 0,19 por quilômetro rodado. Com veículo movido à eletricidade, esse valor cai R$ 0,05.

No Brasil, o principal obstáculo para a comercialização de carros elétricos é o preço, ressalta Wittmann. "Embora, para efeito comparativo, o custo de combustível se situe em torno de 10% de um veículo similar a combustão, o custo operacional só consegue se equilibrar a partir de utilizações da ordem de 3 mil km por mês. Isso se explica porque boa parte das vendas ocorre para a classe empresarial - frotas, táxis, entre outros -, e não para o cidadão comum. O segundo fator é a falta de estrutura para reabastecimento. Em todo o país, existem apenas 50 locais com carregadores", explica.

Diante da série de obstáculos e falta de estrutura, os carros puramente elétricos são, por enquanto, usados apenas por empresas e frotistas. A Renault, por exemplo, vendeu 70 carros elétricos para empresas como FedEx e Natura, bem como órgãos governamentais. Parte da frota dos Correios é composta pelo Kangoo Z.E. (emissão zero), enquanto a Prefeitura de Curitiba (PR) usa os compactos Zoe e Twizy. Em iniciativa que acompanha a da Fiat, com a produção de carro elétrico em Itaipu, a Renault assinou parceria semelhante para iniciar a produção do Twizy no mesmo local.

O primeiro carro elétrico a ser vendido para o consumidor individual no Brasil é o i3, da BMW, que há menos de três meses o lançou no Brasil ao preço de R$ 226 mil. Outros que aguardam sua vez no mercado brasileiro são o Audi A3 E-Tron e o Chevrolet Volt.

Porém, enquanto a opção dos veículos 100% elétricos não se tornar prioridade como política pública e a infraestrutura adequada não for implantada no país, a alternativa fica no meio do caminho, com híbridos como o Ford Fusion (R$ 128 mil), o Toyota Prius (R$ 120 mil) e o Lexus CT 200H (R$ 134 mil).

Ou seja, sem incentivos, infraestrutura de recarga e preços menos salgados, os carros elétricos vão chegar ao Brasil - mas numa velocidade menor que a desejável.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade