
No caso de Belo Horizonte, em que os registros da Covid-19 têm sido menores do que os de outras capitais do Sudeste, com também menor quantidade de óbitos, o sistema não tem ficado sobrecarregado pelo novo coronavírus. A preocupação com a doença, contudo, é constante, e o será por muito tempo. A tecnologia e a inovação, imprescindíveis no setor, têm tido papéis essenciais neste momento. E muito do que for desenvolvido durante o período, segundo especialistas, deve ficar para o futuro.

A telemedicina, no geral, tem sido um braço importante da saúde no período. "A Covid-19 trouxe de forma mais forte a questão de uso dos meios digitais nos atendimentos à saúde, inclusive em triagens pelas operadoras de planos de saúde, por meio de ferramentas tecnológicas que permitem o diálogo com os médicos e demais profissionais”, diz a diretora do Biocor Instituto, Erika Vrandecic. "Creio que esse atendimento virtual já está agregado à nossa realidade.”

O diretor técnico do Hospital Madre Teresa, Luiz Cláudio Moreira Lima, afirma que a ampliação do serviço tem sido essencial na pandemia, mas que ainda é necessário evoluir nas discussões sobre o tema para que se tenha mais segurança na implementação em tempos "normais”. "É preciso trabalhar melhor essa questão, porque a telemedicina tem outras implicações, como a remuneração do profissional e a segurança da consulta. Acredito que seja preciso amadurecer um pouco mais”, diz.

As práticas e protocolos necessários para lidar com o novo coronavírus em hospitais, segundo especialistas, ainda serão realizados por muito tempo e talvez algumas das orientações se mantenham mesmo depois que tudo isso passar. De um lado, as instituições têm orientado pacientes de forma remota, separado andares, profissionais e equipamentos entre o cuidado de suspeitos da Covid-19 e de outras condições médicas, treinado equipes com frequência, espaçado as consultas e imposto o distanciamento social nas salas de espera. De outro, pacientes têm sido aconselhados a não procurar ajuda desnecessariamente - mas também que não evitem hospitais a qualquer custo, pois alguns procedimentos e atendimentos não devem esperar. "Acredito que esta será uma mudança que vamos observar no comportamento das pessoas, um interesse maior pela própria saúde, ao mesmo tempo em que a procura a uma unidade de saúde não se dará por qualquer motivo”, diz Luiz Cláudio Moreira.

A tendência, para Henrique Salvador, é que hospitais sejam valorizados pela importância que têm tido neste momento. "Não o hospital na concepção tradicional, mas como hub, centro fomentador de ações ligadas ao controle da saúde, suportado pela tecnologia”, explica. No caso dos hospitais públicos, muitos dos quais sem condições financeiras para bancar tais inovações, ele afirma que eventualmente, vão se adaptar também. "À medida que as tecnologias vão sendo usadas mais largamente, vão barateando. Existirão instituições líderes e inovadoras, que puxam o carro; a partir dessas líderes, as outras vão também sendo beneficiadas”, explica.
