
No comparativo com o período pré-pandemia, a procura de brasileiros interessados em fazer intercâmbio em outros países, seja para curso de idiomas, seja ensino médio (high school) ou até mesmo uma graduação e pós fora do país cresceu 30% no ano passado, sendo Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália e Irlanda os destinos mais procurados. "Na pandemia, tivemos 100% de queda nos intercâmbios, com paralisação total. Além disso, quem estava fora naquele período quis retornar ao Brasil", diz Christina Bicalho. Segundo ela, a STB, que atua desde 1971 no segmento de educação internacional, ficou um ano sem enviar alunos para o exterior, e os que estavam voltaram para terminar a pós-online. "Agora, o mercado está sentindo a demanda represada da pandemia, com alguns programas de intercâmbio com aumento de até 45% na procura, como os voltados à graduação e pós-graduação."

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio, mais de 450 mil brasileiros fizeram intercâmbio em 2022. Na análise da STB, a pandemia despertou ainda mais o interesse das pessoas em buscarem novas experiências. "Com as fronteiras abertas e a diminuição de barreiras para ir ao exterior, as pessoas retomaram seus projetos anteriores e voltaram a investir na educação internacional, a fim de construir um currículo global e ampliar as oportunidades de atuação para além do Brasil", diz Christina.

Atualmente, Júlia está em Chía, na Colômbia, em um programa de graduação entre a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e a Universidad de La Sabana, que deverá durar quatro semestres. Ao final do período, ela estará graduada em Psicologia pelas duas universidades. "Eu gosto muito de viajar, morar fora, conhecer novas culturas, novas pessoas, mas o principal motivo foi pela oportunidade acadêmica", afirma. Júlia ressalta que ter dois diplomas em Psicologia, um em português e outro em espanhol, irá ajudá-la em oportunidades de mestrado no futuro. "Países e faculdades diferentes te dão outras visões de estudos, mercado de trabalho e abrem a mente em diversos aspectos – cultural, ambiental, acadêmico e relacional", diz ela, que também morou por seis meses dos Estados Unidos e sente as mudanças que a pandemia trouxe para o cenário de intercâmbio no mundo. "É muito interessante ver tantos europeus vindo morar em países latino-americanos. Estamos vivendo um mundo mais globalizado e mais misturado de culturas, o que é incrivelmente lindo de se presenciar."

Além do público que busca cada vez mais pós-graduação, cujo tempo de permanência em intercâmbio dura de dois meses a um ano, uma nova faixa etária tem procurado cada vez mais uma experiência fora do país. O mercado já oferece pacotes voltados à terceira idade ou pessoas mais maduras, entre 50 e 60 anos. De acordo com a STB, esse público costuma buscar experiências mais curtas, de cerca de um mês, e diretamente ligadas a algum hobby, viajando para países tradicionais em assuntos como história da arte, esporte, e até mesmo culinária, como a Itália.
Já para adolescentes de 13 a 17 anos, os pacotes também permitem viagens em grupo. Segundo Sérgio Fulgêncio, da Green, as viagens com monitores e professores para destinos como Espanha, Canadá, Estados Unidos e Inglaterra seguem muito procuradas. O que mudou, de alguma forma, são os preços praticados. As passagens de avião mais caras, e a inflação maior em todo o mundo, que tornam maiores valores destinados à alimentação, moradia e transporte, elevaram de alguma forma os preços do intercâmbio. "Mas nada que seja impeditivo", diz.