Substância supostamente capaz de aumentar o nível de concentração, a Ritalina (cloridrato de metilfenidato) vem sendo utilizada, há muito tempo, por estudantes que buscam no medicamento uma possível melhoria de desempenho escolar ou acadêmico. Coincidência ou não, com a proximidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – que neste ano será realizado nos dias 4 e 11 de novembro –, o fármaco está em falta nas farmácias brasileiras.
A psiquiatra Maria Cristina Lima, vice-diretora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP), vê com preocupação a escassez do remédio e atribui os baixos estoques a um aumento no número de prescrições, muita delas incorretas. "O Brasil é hoje o segundo maior consumidor de Ritalina no mundo. Nos último anos, houve um aumento da demanda no país, porém, há uma suspeita de que muitos médicos estão receitando esse medicamento erroneamente", comenta a psiquiatra em entrevista para o podcast da Unesp.
Para resolver o problema da prescrição inadequada do dicloridrato de metilfenidato, a médica acredita que as entidades médicas e os pesquisadores brasileiros precisam realizar um estudo cujos resultados possam orientar os profissionais de Medicina a terem maior assertividade na hora de receitar esse tipo de medicamento.
A falta da Ritalina nas farmácias "é um drama" para quem precisa realmente do remédio, lamenta Maria Cristina Lima. Ela lembra que, no Brasil, somente um laboratório (o Novartis) comercializa a substância, e não existem medicamentos similares ou mesmo genéricos, deixando os pacientes sem uma alternativa.
Em nota enviada à rádio CBN na sexta, dia 28 de setembro, a empresa farmacêutica afirma que a distribuição do fármaco no país deverá ser normalizada até o início do mês de novembro deste ano.
Para quem não sabe, a Ritalina age diretamente no Sistema Nervoso Central e é utilizada, principalmente, para tratar pessoas que possuem o chamado transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), uma doença neurológica, mais comum em crianças e adolescentes, que provoca sintomas como dificuldade de concentração e inquietação.
(com podcast Fapesp)