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Estado de Minas SAÚDE

Brasileiros devem mudar hábitos por causa do coronavírus, diz especialista

Infectologista Carlos Starling alerta que chegou a hora de repensar idas ao cinema, igrejas e estádios de futebol


postado em 12/03/2020 17:17 / atualizado em 12/03/2020 17:25

Aglomerações, como em estádios de futebol, devem ser evitadas por causa do coronavírus, recomenda presidente da Sociedade Mineira de Infectologia(foto: Pedro Souza/Atlético/Flickr/Divulgação)
Aglomerações, como em estádios de futebol, devem ser evitadas por causa do coronavírus, recomenda presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (foto: Pedro Souza/Atlético/Flickr/Divulgação)
É só do que se fala: o novo coronavírus (SARS-CoV-2) já foi declarado pandemia, com países inteiros em quarentena, sistemas de saúde sobrecarregados, fronteiras de nações fechadas. No Brasil, a situação não é tão grave, mas as previsões são de que ela piore nas próximas semanas. Por isso,  a atenção das pessoas também deve ficar mais voltada para as orientações de saúde, que vão sendo atualizadas pelas autoridades à medida que o quadro no país e no mundo evolui.

Segundo o infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, já estamos em uma fase em que a tendência é de aumento exponencial dos casos e, portanto, dengue e coronavírus irão conviver no mesmo período, o que pode ser um peso a mais para o sistema de saúde. “Vamos enfrentar um problema grave nos próximas semanas e nos próximos meses. Vai passar em aproximadamente três, quatro meses. Até lá, vamos viver momentos complicados, com as medidas tendo que ficar cada vez mais duras do ponto de vista de saúde pública”, afirma.

Em que fase do coronavírus estamos no momento?

O número de casos internos no país nos coloca em ponto de transmissão comunitária. A tendência é ir aumentando exponencialmente. Então vamos ter dois problemas convivendo, dengue e novo coronavírus. Vamos enfrentar um problema grave nos próximas semanas e nos próximos meses. Vai passar em aproximadamente três, quatro meses. Até lá, vamos viver momentos complicados, com medidas tendo que ficar cada vez mais duras do ponto de vista de saúde pública.

Os brasileiros devem considerar alterar programações, hábitos de vida?

Com certeza absoluta. Evitar aglomerações, isso é fundamental. Cinema, igreja, campo de futebol, lugares em que vá se conviver de forma próxima. Preferir atividades ao ar livre. E evitar contatos efusivos pessoais, abraço, beijo.. O carinho vai ter que ser com as palavras, não com as mãos.

Em relação a viagens dentro do Brasil, acha que as pessoas devem evitá-las?

Quem puder evitar, particularmente de avião e ônibus, em que se vá conviver por mais de quatro horas com outras pessoas em ambiente fechado, deve.

Existe risco de colapso do sistema de saúde?

Sim. Isso aconteceu em Wuhan, na China. O sistema tem sua capacidade já limitada, e entra em sobrecarga em função de epidemias.

Hábitos que estão sendo incentivados em outros lugares onde os casos já estão em maior quantidade, como dar mais espaço entre as pessoas nas filas de supermercado, afastar mesas em restaurantes, isso faz sentido no Brasil?

Faz total sentido. Ressalto também a importância de cuidado extremo com pessoas acima de 65 anos, especialmente aquelas com doenças crônicas. Elas devem evitar sair de casa desnecessariamente, e também é preciso ficar atento quem for visitar pessoas idosas. Só se deve fazê-lo quem tem certeza de que não está gripado, quem não tem sintomas. O novo coronavírus é letal em 15 a 20% dos casos para pessoas com mais de 80 anos.

Como conversar com crianças sobre o assunto?

É uma ótima oportunidade de treinarmos crianças para hábitos de higiene saudáveis: evitar tocar a boca, olhos, nariz, e lavar mãos com frequência. Elas aprendem fácil, temos que conversar de forma clara sobre medidas de controle. Se começarmos agora, vamos evitar problemas futuros. Vão crescer adultos mais conscientes para um mundo completamente diferente. Isso porque esta não é a primeira nem última epidemia que vamos viver, pelo contrário. O mundo ficou pequeno. É bom que se aprenda na infância, nas escolas e dentro de casa. Fazemos parte de uma geração muito desatenta a cuidados de higiene, temos que reforçar isso com as crianças e jovens.

Mais alguma informação que as pessoas devem ter?

Elas devem ter calma. Vai passar. Até lá, cuidado e atenção às orientações que estão sendo dadas: lavas as mãos e cuidar das pessoas próximas. E se vacinar, quem puder ser, contra influenza. Além da consciência de não sair gripado no meio das pessoas: ficar em casa, se cuidando, tomando bastante líquido, alimentação saudável.

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