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Estado de Minas SAÚDE

Infectologista explica o que é covid longa

Conversamos com o médico e professor Geraldo Cury, da UFMG, sobre o que a medicina sabe até o momento sobre a doença


postado em 21/03/2022 18:03

(foto: Freepik)
(foto: Freepik)
Após dois anos de pandemia muito já se aprendeu sobre a covid-19. Até o momento, se sabe que as máscaras e as vacinas são fundamentais na prevenção contra a doença e evitar quadros graves. Mas ainda há muito o que se entender. Um exemplo de um tema que ainda precisa ser investigado é a covid longa. Algumas pessoas têm apresentado sintomas da doença mesmo após o término do período de infecção. Essa é uma das características da covid longa.

O professor do curso de medicina da UFMG e infectologista, Geraldo Cury, explicou que a covid longa, na maior parte das vezes, ocorre em pessoas que tiveram quadros graves da doença. "O que acontece são sequelas da doença. Em decorrência da covid, do estresse e da intubação por longos períodos, que podem chegar a meses. São situações que colocam os corpos dos doentes em um limite do quadro de saúde, nesse momento surge a possibilidade de aparecimento de complicações", detalha.

Quem são as pessoas com mais chances de desenvolver a covid longa?

Hoje o que se observa na literatura é que as pessoas que têm mais chances de ter covid longa são as que tiveram uma forma mais grave da doença. É preciso explicar, então, que as pessoas que têm mais chance de ter uma forma mais grave da doença são aquelas que não estão vacinadas; são homens, pois eles têm mais chances do que as mulheres de desenvolver o quadro; os  idosos e as pessoas com comorbidade de qualquer idade.

O professor da UFMG e infectologista, Geraldo Cury(foto: Divulgação)
O professor da UFMG e infectologista, Geraldo Cury (foto: Divulgação)
Quanto tempo esses sintomas pós-covid podem durar?

Em relação ao tempo que as pessoas ficam com os sintomas após a covid-19: esse é um tema em que é observado os mais variados comportamentos da doença. Temos pessoas que têm perda do olfato e paladar por um ou dois dias depois da doença. Outros indivíduos  ficam meses com cefaleia e dispneia, que é uma falta de ar. Isso varia de pessoa para pessoa. É uma situação que nos chama a atenção, mais uma vez, que precisamos nos prevenir da covid. Na medicina falamos que 'nunca' e 'sempre' são palavras que não existem. Então tem pessoas que vão manter os sintomas de covid durante muito tempo e tem gente que não vai ter nenhum sintoma. Agora, quanto tempo dura isso nós não temos respostas seguras porque é uma doença relativamente nova.

Quando começou a se perceber o aparecimento dessa condição?

A covid longa surge a partir da observação de que as pessoas que tinham tido covid continuavam com sintomas por períodos longos. Ela foi observada principalmente entre aquelas pessoas que tiveram uma forma mais grave, que tiveram de se hospitalizar, ir pra UTI e ficaram intubadas por longos períodos. Depois disso foi observado pelos profissionais de saúde que esses pacientes tinham problemas que se mantinham ao longo do tempo.

A covid longa acomete a maior parte dos pacientes?

Ela acomete poucas pessoas, mas quando tem muitas pessoas com a doença, a covid longa vai acometer muitas pessoas também. Então devemos todos criar o pensamento de difundir a importância da vacinação, do uso da máscara e da higiene das mãos.

Crianças podem ter covid longa também?

Várias universidades brasileiras estão estudando a questão da covid nas crianças. Podemos lembrar do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo que publicou recentemente dados de seu estudo que mostrou efeitos persistentes da doença em 43% das crianças que haviam sido internadas no HC para tratamento. Observou-se que são crianças que tiveram uma forma mais grave. Dentre os efeitos nos pacientes, entre 8 e 12 anos, foi visto que durante 12 semanas eles relataram dor de cabeça, cansaço, dispneia, dificuldade de concentração, além de dores musculares e sono ruim, por aproximadamente quatro meses.

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