Estado de Minas SAÚDE

Especialista fala sobre o câncer de intestino, terceiro mais comum no mundo

A doença atinge praticamente a mesma quantidade de homens e mulheres, e surge geralmente a partir dos 50 anos de idade, mas prevenção deve começar aos 45


postado em 08/12/2022 15:59 / atualizado em 08/12/2022 22:37

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Muitas vezes silencioso, o câncer de intestino é mais frequente do que podemos imaginar. Anualmente, são registrados mais de dois milhões de casos, tornando a doença o terceiro tipo de câncer mais comum em todo o mundo, atrás, apenas, do de pulmão e do de mama. "Quando falamos do câncer de intestino, vale ressaltar que é o que atinge o intestino grosso, a parte final do órgão, que inclui o cólon, o reto e o ânus", explica o médico coloproctologista Fábio Lopes, doutor em cirurgia geral e mestre em genética do câncer colorretal.

Ele alerta que a doença, geralmente, é assintomática, surge a partir dos 50 anos de idade, e atinge igualmente homens e mulheres. Por ser um tipo de câncer silencioso, é muito importante que sejam realizados exames preventivos já a partir dos 45 anos. "Quase todos os casos são de um tipo de câncer chamado adenocarcinoma, que começa com uma lesão benigna a partir de uma verruga que surge na parede do intestino e vai se tornando maligna à medida que cresce. É aí que está a importância da prevenção, já que ela visa detectar a doença na fase inicial, aumentando bastante as chances de cura", ressalta o especialista, frisando que, até mesmo em casos mais avançados, são boas as chances de recuperação.

O médico Fábio Lopes, doutor em cirurgia geral e mestre em genética do câncer colorretal(foto: Divulgação)
O médico Fábio Lopes, doutor em cirurgia geral e mestre em genética do câncer colorretal (foto: Divulgação)
Fábio Lopes explica que a prevenção ao câncer de intestino pode ser realizada por meio de um exame de fezes, com a intenção de que seja detectado sangue oculto nos excrementos, ou pela colonoscopia - que é mais eficiente. "Sendo detectada a verruga, é possível fazer um procedimento para retirá-la antes que se torne um câncer", tranquiliza o médico. 

Podem surgir sintomas

A maioria dos casos de câncer de intestino são assintomáticos, mas existem exceções. Os principais sinais de alerta são: alteração do hábito intestinal - que pode ser mudança na frequência da necessidade de ir ao banheiro ou crises de diarreia frequentes, por exemplo -, dor abdominal constante, emagrecimento repentino, e muco ou sangue aparente nas fezes. Vale ressaltar que esses sintomas podem ser sinais, também, de outras doenças, sendo fundamental a visita a um médico para fazer exames e diagnosticar corretamente. Fábio Lopes alerta que, mesmo sem sintomas, a prevenção a partir dos 45 anos é fundamental.

Fatores de risco

De acordo com o médico, a idade é o maior fator de risco para o surgimento do câncer de intestino. Outros fatores de risco são: alimentação rica em gorduras insaturadas - como a gordura que acompanha a carne vermelha; ingestão de carnes processadas, como linguiça, presunto, salsicha e salame; e uma dieta pobre em fibras. A ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e o tabagismo também são fatores de risco, lembra o especialista.

Tratamento

O tratamento do câncer de intestino pode ser feito por meio de radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, dependendo de cada caso.

Grupo de trabalho no hospital Felício Rocho

Parte da equipe Oncoprocto (da esq. para a dir.): Ricardo Cembranelli e Helena Cuba (oncologistas); Stela Sala e Leonardo Chamon (radioterapeutas), ao lado do colonproctologista Fábio Lopes(foto: Rafael Tavares/Divulgação)
Parte da equipe Oncoprocto (da esq. para a dir.): Ricardo Cembranelli e Helena Cuba (oncologistas); Stela Sala e Leonardo Chamon (radioterapeutas), ao lado do colonproctologista Fábio Lopes (foto: Rafael Tavares/Divulgação)
Fábio Lopes coordena a Oncoprocto, uma equipe de trabalho multidisciplinar, no hospital Felício Rocho, que proporciona atendimento completo para os pacientes com diagnóstico de câncer no intestino. "Criamos a equipe há dois anos, para oferecer a essas pessoas a assessoria não só de médicos, mas de enfermeiros, psicólogos, nutrólogos e nutricionistas, radioterapeutas, radiologistas e oncologistas", conta o médico. "É uma iniciativa pioneira que surgiu a partir da observação das dificuldades que os pacientes têm após o diagnóstico de um tumor no intestino".

Ele destaca que a Oncoprocto discute, em grupo, o caso de todos os pacientes com o objetivo de decidir qual será o melhor tratamento para cada pessoa. "A partir disso, antes de ser encaminhado para a radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, o paciente passa por atendimento nutricional, psicológico e fisioterapêutico, para que inicie seu tratamento nas melhores condições físicas e psicológicas possíveis", destaca o médico.

Grupo de proctologia da Oncoprocto(foto: Rafael Tavares/Divulgação)
Grupo de proctologia da Oncoprocto (foto: Rafael Tavares/Divulgação)
Para discutir os casos, a Oncoprocto realiza reuniões semanais. Inclusive, atualmente, o grupo conta com participantes de várias partes de Minas Gerais e do Brasil. "Nos dois anos de trabalhos, atendemos mais de 100 pacientes que foram operados, sem contar os que não precisaram de cirurgia", detalha Fábio Lopes.

O médico ressalta que após a cirurgia ou o fim do tratamento com quimioterapia ou radioterapia, todos os pacientes são acompanhados pela equipe por pelo menos mais cinco anos.

Para saber mais sobre a Oncoprocto, acesse @oncoprocto no Instagram.

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