Muitas vezes silencioso, o câncer de intestino é mais frequente do que podemos imaginar. Anualmente, são registrados mais de dois milhões de casos, tornando a doença o terceiro tipo de câncer mais comum em todo o mundo, atrás, apenas, do de pulmão e do de mama. "Quando falamos do câncer de intestino, vale ressaltar que é o que atinge o intestino grosso, a parte final do órgão, que inclui o cólon, o reto e o ânus", explica o médico coloproctologista Fábio Lopes, doutor em cirurgia geral e mestre em genética do câncer colorretal.
Ele alerta que a doença, geralmente, é assintomática, surge a partir dos 50 anos de idade, e atinge igualmente homens e mulheres. Por ser um tipo de câncer silencioso, é muito importante que sejam realizados exames preventivos já a partir dos 45 anos. "Quase todos os casos são de um tipo de câncer chamado adenocarcinoma, que começa com uma lesão benigna a partir de uma verruga que surge na parede do intestino e vai se tornando maligna à medida que cresce. É aí que está a importância da prevenção, já que ela visa detectar a doença na fase inicial, aumentando bastante as chances de cura", ressalta o especialista, frisando que, até mesmo em casos mais avançados, são boas as chances de recuperação.
Fábio Lopes explica que a prevenção ao câncer de intestino pode ser realizada por meio de um exame de fezes, com a intenção de que seja detectado sangue oculto nos excrementos, ou pela colonoscopia - que é mais eficiente. "Sendo detectada a verruga, é possível fazer um procedimento para retirá-la antes que se torne um câncer", tranquiliza o médico.
Podem surgir sintomas
A maioria dos casos de câncer de intestino são assintomáticos, mas existem exceções. Os principais sinais de alerta são: alteração do hábito intestinal - que pode ser mudança na frequência da necessidade de ir ao banheiro ou crises de diarreia frequentes, por exemplo -, dor abdominal constante, emagrecimento repentino, e muco ou sangue aparente nas fezes. Vale ressaltar que esses sintomas podem ser sinais, também, de outras doenças, sendo fundamental a visita a um médico para fazer exames e diagnosticar corretamente. Fábio Lopes alerta que, mesmo sem sintomas, a prevenção a partir dos 45 anos é fundamental.
Fatores de risco
De acordo com o médico, a idade é o maior fator de risco para o surgimento do câncer de intestino. Outros fatores de risco são: alimentação rica em gorduras insaturadas - como a gordura que acompanha a carne vermelha; ingestão de carnes processadas, como linguiça, presunto, salsicha e salame; e uma dieta pobre em fibras. A ingestão exagerada de bebidas alcoólicas e o tabagismo também são fatores de risco, lembra o especialista.
Tratamento
O tratamento do câncer de intestino pode ser feito por meio de radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, dependendo de cada caso.
Grupo de trabalho no hospital Felício Rocho
Fábio Lopes coordena a Oncoprocto, uma equipe de trabalho multidisciplinar, no hospital Felício Rocho, que proporciona atendimento completo para os pacientes com diagnóstico de câncer no intestino. "Criamos a equipe há dois anos, para oferecer a essas pessoas a assessoria não só de médicos, mas de enfermeiros, psicólogos, nutrólogos e nutricionistas, radioterapeutas, radiologistas e oncologistas", conta o médico. "É uma iniciativa pioneira que surgiu a partir da observação das dificuldades que os pacientes têm após o diagnóstico de um tumor no intestino".
Ele destaca que a Oncoprocto discute, em grupo, o caso de todos os pacientes com o objetivo de decidir qual será o melhor tratamento para cada pessoa. "A partir disso, antes de ser encaminhado para a radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, o paciente passa por atendimento nutricional, psicológico e fisioterapêutico, para que inicie seu tratamento nas melhores condições físicas e psicológicas possíveis", destaca o médico.
Para discutir os casos, a Oncoprocto realiza reuniões semanais. Inclusive, atualmente, o grupo conta com participantes de várias partes de Minas Gerais e do Brasil. "Nos dois anos de trabalhos, atendemos mais de 100 pacientes que foram operados, sem contar os que não precisaram de cirurgia", detalha Fábio Lopes.
O médico ressalta que após a cirurgia ou o fim do tratamento com quimioterapia ou radioterapia, todos os pacientes são acompanhados pela equipe por pelo menos mais cinco anos.
Para saber mais sobre a Oncoprocto, acesse @oncoprocto no Instagram.