Estado de Minas CONSCIENTIZAÇÃO

Campanha Setembro Verde aborda a importância da doação de órgãos

O objetivo é aumentar notificações de possíveis doadores, sensibilizando as famílias


postado em 04/09/2023 01:04

(foto: Fábio Marchetto/Divulgação)
(foto: Fábio Marchetto/Divulgação)
O caso do apresentador Fausto Silva, o Faustão, que recentemente passou por um transplante de coração, chamou atenção para a importância da doação de órgãos.

Em Minas Gerais, a campanha Setembro Verde, visa conscientizar a população sobre o tema, incentivando a realização de inúmeras ações neste mês, cujo objetivo é único: que o "sim" seja dito por mais famílias de possíveis doadores. O MG Transplantes, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), participa ativamente da campanha todos os anos e, atualmente, está promovendo várias iniciativas para incentivar mais doações e menos recusas de familiares.

O número de transplantes em Minas Gerais vem aumentando - foram 1.573 procedimentos efetivados em 2020, 1.733 em 2021 e 2.003 em 2022 -, o que revela a retomada das doações com a estabilidade dos casos da covid-19 no país.

Porém, as estatísticas permanecem distantes do necessário para atender à demanda de transplantes no estado. A média de recusa para a doação de órgãos também cresceu: está em torno de 45%, sendo que, em 2019 (antes da pandemia) chegou a 25%.

Para a doação ocorrer, apenas a resposta positiva dos familiares é necessária - não é preciso deixar nenhum registro sobre esse desejo em vida. A lista de espera por órgãos e tecidos para transplantes em Minas somava, até julho deste ano, 5.949 pessoas.

Informação

De acordo com o coordenador do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, um dos principais motivos para a alta recusa de doações é a falta de informação. "As campanhas são de extrema importância, pois o grande público pode entender mais sobre o que é a morte encefálica, por exemplo. Isso ajuda para que, caso a pessoa tenha um familiar que seja um potencial doador de órgãos, simplifique a comunicação do diagnóstico a ela e, consequentemente, a tomada de decisão".

Omar ressalta também a falta de diálogo sobre o assunto dentro da sociedade. "As pessoas precisam conversar mais, principalmente dentro de casa, e expor suas ideias a respeito da doação de órgãos. Levar informação à população faz com que o público dialogue mais", opina.

Omar ainda destaca a necessidade de melhora dos índices de notificação de possíveis doadores nas unidades de saúde. "O diagnóstico de morte encefálica demanda muitos profissionais e exames complementares que não estão disponíveis em todos os lugares. É preciso que a rede estadual de saúde possa identificar estes pacientes", completa Omar.

Por isso, em 2023, o MG Transplantes retomou os cursos de diagnóstico de morte encefálica, interrompidos durante a pandemia. Somente este ano foram treinados cerca de 450 médicos pelas equipes da instituição.

Treinamento

Saber se comunicar com as famílias também é fundamental. Para isto, o MG Transplantes também oferece um curso, direcionado para profissionais da saúde responsáveis, por exemplo, por informar sobre o óbito de um ente querido e como funciona o processo de doação de órgãos.

"O curso ensina o profissional a como se proceder nesse momento e o que se deve falar para deixar as pessoas mais confortáveis ao serem abordadas. Nós não tentamos convencer ninguém de nada. O curso é muito mais informativo, damos os meios para que a pessoa possa tomar decisões", explica Omar.

Busca por potenciais doadores

Com o objetivo de viabilizar Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdotts), equipes multiprofissionais responsáveis por identificar potenciais doadores dentro das instituições de saúde, o governo estadual aprovou incentivo financeiro para os hospitais que se candidatarem e cumprirem os requisitos mínimos para tal.

Segundo Omar Lopes, o valor pode chegar a R$ 10 mil, dependendo do número de doações que o hospital conseguir. "É um cofinanciamento, já que essas atividades também são financiadas pelo Ministério da Saúde", explica o diretor do MG Transplantes.

Sobre a doação de órgãos

A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical).

A doação de alguns órgãos como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Um único doador pode salvar mais de dez pessoas.

Para a doação de órgãos de pessoas falecidas, somente após a confirmação do diagnóstico de morte encefálica é que o procedimento pode ser realizado.

O mais comum é que aconteça com pessoas que sofreram algum tipo de acidente que provocou traumatismo craniano ou que foram vítimas de um acidente vascular cerebral (derrame) e evoluíram para morte encefálica - interrupção irreversível das atividades cerebrais.

Dúvidas da população podem ser esclarecidas pelo telefone 0800-2837183 ou na página www.saude.mg.gov.br/doeorgaos.

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