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Estado de Minas VEÍCULOS

Novos carros da Stellantis devem receber tecnologia Bio-Hybrid. Conheça

Sempre apostando no potencial do etanol, a montadora entende que o melhor caminho para a descarbonização no Brasil, são híbridos com motores térmicos flex


postado em 02/08/2023 09:14

(foto: Stellantis/Divulgação)
(foto: Stellantis/Divulgação)
A Stellantis está presente no mercado de veículos eletrificados puros e híbridos com versões de modelos como o Fiat 500 (Cinquecento), Peugeot 208 e 2008, Jeep Compass e furgões comerciais, mas apresenta uma visão para o mercado brasileiro que vai além de simplesmente eletrificar os seus carros.

Foi defendendo a um nova e exclusiva estratégia de colocar como prioridade da descarbonização do planeta, que Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul, apresentou ontem no Polo Automotivo de Betim (Minas Gerais) a nova tecnologia "Bio-Hybrid", que combina a propulsão térmica flex e elétricas em plataformas a serem adotadas nos próximos lançamentos no Brasil.

As alternativas da arquitetura híbrida, desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul, foramapresentadas em trêsplataformas de veículos atuais da empresa e "poderão ser adotadas na gama de marcase produtos", com foco em "soluções acessíveis de transição para uma mobilidade maissustentável".

(foto: Stellantis/Divulgação)
(foto: Stellantis/Divulgação)
A Fiat/Stellantis, tendo Filosa como porta-voz, defende desde as primeiras ameaças de chegada dos carros eletrificados ao Brasil as virtudes do etanol como combustível renovável. "O Bio-Hybrid faz parte da rota tecnológica da mobilidade acessível e sustentável adotada pelaStellantis. Queremos potencializar as virtudes do etanol, como combustível renovável, cujo ciclode produção absorve a maior parte de suas emissões, combinando a propulsão à base dobiocombustível com sistemas elétricos", afirmou Antonio Filosa, sem esquecer de destacar também os ganhos de eficiência e economia de combustíveltrazidos pelos sistemas de propulsão elétrica.

Ele lembrou que o desenvolvimento das novas tecnologias de hibridização está em linha com o plano estratégicode longo prazo da Stellantis, Dare Forward 2030, que prevê a descarbonização de processos eprodutos da empresa até 2038, com redução das emissões em 50% já em 2030.

A tecnologia Bio-Hybrid apresentada pela Stellantis busca a descarbonização da mobilidade, diferenciando-se das demais "por privilegiar as características e recursos do Brasil, como o etanol e a energia elétrica limpa", ressaltou Filosa. Queremos descarbonizar a mobilidade, mas queremos fazer isto de modoacessível para o maior número de consumidores e desenvolvendo tecnologias e componentesno Brasil, acrescentou.

(foto: Stellantis/Divulgação)
(foto: Stellantis/Divulgação)
Trata-se, segundo o executivo, de "umaoportunidade de reindustrialização e de reconfiguração da indústria nacional de autopeças, queé diversificada, complexa e muito importante para a e economia brasileira".

Esse primeiro passo em direção à tecnologia Bio-Hybrid resultou em quatro plataformas para aplicação no veículos da Stellantis produzidos no Brasil. São elas a Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT, Bio-Hybrid PLUG-IN e BEV (100% Elétrica). "São plataformas baseadas em tecnologias diferentes, que apresentam distintos graus decombinação térmica e da eletricidade na propulsão do veículo. Cada uma destas tecnologias temsua aplicação e, juntas, atendem a todas as faixas de consumidores, tornando acessíveis ossistemas híbridos baseados na combinação da propulsão térmica flex com a eletricidade",explica Marcio Tonani, Vice-presidente do Tech Center da Stellantis na América do Sul.

A plataforma Bio-Hybrid traz como elemento um novo dispositivo elétrico multifuncional, quesubstitui o alternador e o motor de partida. Trata-se de equipamento capaz de fornecer energiamecânica e elétrica, que tanto gera torque adicional para o motor térmico do veículo quantogera energia elétrica para carregar a bateria adicional de Lítio-Íon de 12 Volts, que operaparalelamente ao sistema elétrico convencional do veículo. O sistema gera potência de até 3KW.

(foto: Stellantis/Divulgação)
(foto: Stellantis/Divulgação)
A plataforma Bio-Hybrid e-DCT conta com a ajuda de dois motores elétricos. O primeiro delesé o que substitui o alternador e o motor de partida. Adicionalmente, outro motor elétrico demaiores proporções é acoplado à transmissão. Uma bateria de Lítio-Íon de 48 Volts dá suporteao sistema etambém é alimentada pelos dispositivos. Uma gestão eletrônica controla aoperação entre os modos térmico, elétrico ou híbrido.

A plataforma Bio-Hybrid Plug-in conta com bateria de Lítio-Íon de 380 Volts, recarregadaatravés de sistema de regeneração nas desacelerações, alimentada pelo motor térmico doveículo ou, por fim, através de fonte de alimentação externa elétrica (plug-in). A arquiteturaconta ainda com motor elétrico que entrega potência diretamente para as rodas do carro. Osistema gerencia a operação entre modo térmico, modo elétrico ou híbrido.

Por fim, a solução BEV (100% Elétrica) é totalmente impulsionada por um motor elétrico dealta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400 Volts, por meio de sistema deregeneração ou através de plug-in. A arquitetura oferece torque instantâneo, com aceleraçõesrápidas e responsivas típicas dos veículos 100% elétricos. O sistema possui sonoridade customizável.

O recado dado pela Stellantis foi que a marca reconhece que a propulsão elétrica é um caminho sem volta no setor automotivomundial. No entanto, acredita que para se adequar ao cenário brasileiro, é necessária uma rotade transição. "Devido à sua matriz energética, o Brasil tem a oportunidade de fazer umatransição mais planejada e menos onerosa, aproveitando-se da gradual redução dos custosdecorrentes da massificação da tecnologia dos carros eletrificados", explicou João Irineu, vice-presidente de assuntos regulatórios daStellantis para América do Sul.

Quando considerado no ciclo de vida completo do automóvel, o uso do etanol é extremamenteeficiente em emissões, uma vez que a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetalabsorve CO2, o que proporciona cerca de 60% de mitigação final do CO2 emitido quandocomparado ao uso da gasolina. Além disso, o Brasil acumula mais de quatro décadas detecnologia nesse combustível e possui uma imensa plataforma produtiva, logística e dedistribuição já implantada.

Enfatizando esse histórico, a Stellantis apresentou no encontro de ontem uma unidade térmica exclusivamente a etanol, que poderá estar presente em produtosda companhia nos próximos anos e, inclusive, nas plataformas Bio-Hybrid.

Recentemente, a Stellantis simulou um teste dinâmico com um veículo quando alimentadocom quatro fontes distintas de energia, a fim de mensurar a emissão total de CO2 em cadasituação. O automóvel foi abastecido com etanol e comparado em tempo real com a mesmasituação de rodagem em três alternativas simuladas: com gasolina tipo C (E27); 100% elétrico(BEV), abastecido na matriz energética brasileira, e 100% elétrico (BEV) abastecido na matrizenergética europeia. A comparação considerou não apenas a emissão de CO2 associada àpropulsão do veículo durante o uso, mas o ciclo de vida completo de emissão de CO2 doveículo. A propulsão a etanol emitiu 18% menos CO2 do que um veículo elétrico abastecidocom energia europeia, devido à sua geração baseada em fontes fósseis. Na comparação comgasolina, a redução das emissões é cerca de 60%.

"Não se trata, portanto, de contrapor descarbonização e eletrificação. A descarbonização é oresultado desejado e necessário da reinvenção da mobilidade já em curso, enquanto aeletrificação é um dos caminhos para se alcançar a descarbonização da propulsão. O uso doetanol combinado com eletrificação é o caminho mais rápido e viável do ponto de vista social,econômico e ambiental para uma crescente eletrificação da frota brasileira", conclui João Irineu.

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