Fiat 500e terá nova bateria e maior autonomia de rodagem

Enquanto no Brasil o discurso da Stellantis é que os esforços devem se concentrar no motor híbrido flex (elétrico e etanol) e que o futuro do carro elétrico é ainda incerto, na matriz europeia o investimentos na eletrificação veicular não param.

A Stellantis acaba de anunciar que irá investir €100 milhões (US$ 107 milhões) para construir um novo pacote de bateria para o seu mini Fiat 500e, que irá aumentar sua autonomia e reduzir custos, disse o CEO Carlos Tavares à publicação Automotive News.

Os primeiros carros a utilizarem o novo pacote terão produção iniciada dentro de 18 a 24 meses, informou e executivo.

A Stellantis não informou detalhes da tecnologia no novo pacote e não disse qual será o ganho em autonomia. O 500e atual tem bateria lítio-íon em dois tamanhos, 24 ou 42 kilowatt horas, com autonomias de 190 ou 320 km, respectivamente, no ciclo de teste europeu WLTP. O modelo vendido no Brasil tem autonomia de 227 km pelo sistema Inmetro.

De acordo com o jornal italiano Corriere della Sera, a bateria será desenvolvida na China, mas montada na Itália. Isso quer dizer mais emprego e trabalho na fábrica da Stellantis de Mirafiori, em Turim, onde a atual bateria do 500e chega pronta da Coreia do Sul.

O novo pacote de bateria irá exigir retrabalho extenso da plataforma central do carro, informou Tavares. O investimento incluirá também modificações na linha de produção de Mirafiori.

O novo pacote de menor custo deverá alavancar as vendas do 500e, que vem registrando queda nos últimos meses após o retumbante lançamento em 2020.

O pico da produção ocorreu em 2022 com 77.500 unidades. Em 2023 houve uma ligeira queda para 77.260, mas a fraca demanda forçou um profundo corte na produção no primeiro semestre de 2024 (- 51 porcento, para 11.360 unidades). Um turno de produção foi eliminado e trabalhadores foram temporariamente dispensados.

O preço base do 500e na Itália é de aproximadamente €30,000 (R$ 164.100), antes de incentivos que o governo italiano deverá oferecer para compra de carros elétricos.

Ele terá de enfrentar a concorrência de vários VEs (veículos elétricos) de baixo custo que serão lançados na Europa, inclusive o Citroën C3, da mesma Stellantis, que tem preço de entrada de  23,900 Euros (R$ 131.000) antes de incentivos.

Tavares apontou o C3 como exemplo de um VE que alcançou paridade de preço com carros equipados com motor a combustão, uma condição que ele considera necessária para a aceitação em massa da nova tecnologia.

A Stellantis "precisa fazer alguma coisa" para reduzir o preço do 500e e aumentar vendas, disse ele. A meta da Fiat para o modelo é de 100 mil unidades/ano.

Tavares informou que o incentivos prometidos para os VE pelo governo italiano, mas ainda não disponíveis para os compradores, devem aumentar as vendas do 500e em seu mercado doméstico em até 20 mil unidades por ano. Em 2024 4.749 unidades foram vendidas na Itália de um total de 62.643 na Europa. O 500e será também exportado para os Estados Unidos neste ano, com as primeiras unidades já enviadas no primeiro trimestre, e 41 vendidos até o mês de março.

Aumentar as vendas do 500e irá também ajudar a Stellantis a atingir as metas mais rígidas de emissão de CO2 para 2025 na Europa, lembrou Tavares. "No ano que vem todo fabricante europeu terá de dobrar sua participação de venda de VE para estar de acordo com as novas metas," disse ele.

De acordo com um relatório recente do grupo verde Transport & Environment, a Stellantis está bem-posicionada para alcançar as metas de 2025, que são 15 porcento abaixo da última redução em 2020-21. A Volvo já está compatível, disse a T&E, e a Stellantis está apenas 5 gramas/km abaixo da meta, atrás apenas da Kia entre os fabricantes de veículos não compatíveis.

No Brasil, o Fiat 500e está anunciado no site do fabricante por R$ 214.990. Pesquisa no site da Fenabrave mostra que em 2021 foram emplacados no Brasil 146 unidades do Fiat 500e. Nos anos seguintes, no site da associações dos revendedores, não há registros de 500e emplacados no país.