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Estado de Minas CIêNCIA

Primeiro cometa brasileiro é descoberto em Minas Gerais

Três astrônomos amadores já descobriram dois cometas e um asteróide em observatório construído na cidade de Oliveira. Feito é inédito no Brasil


postado em 25/03/2014 17:23 / atualizado em 26/03/2014 13:31

Telescópio criado por brasileiros, capturou o primeiro cometa direto do território nacional, no Observatório Sonear, em Oliveira, MG(foto: Sonear Observatory/ Facebook)
Telescópio criado por brasileiros, capturou o primeiro cometa direto do território nacional, no Observatório Sonear, em Oliveira, MG (foto: Sonear Observatory/ Facebook)
 

Um observatório construído por três astrônomos amadores na zona rural de Oliveira, cidade da região centro-oeste de Minas Gerais, chamado Sonear (sigla em inglês para Observatório Austral para Pesquisa de Asteróides Próximos à Terra), descobriu o primeiro cometa no Brasil. Logo em seu primeiro mês de funcionamento – o observatório foi aberto em janeiro deste ano –, o telescópio registrou o corpo celeste. Os estudiosos gastaram apenas 25 dias no rastreamento do objeto. A façanha dos mineiros foi reconhecida pela IAU (União Astronômica Internacional).

Batizado de C/2014 A4 Sonear, o cometa foi visto pela primeira vez pelo engenheiro civil Cristóvão Jacques, de 51 anos, o advogado Eduardo Pimentel, de 56, e pelo professor universitário João Ribeiro de Barros, de 55 anos. Os três são entusiastas da astronomia. Eles construíram o observatório com recursos próprios, incluindo o telescópio – primeiro com tecnologia 100% brasileira em funcionamento. O aparelho é capaz de proporcionar uma visão 373 mil vezes melhor que a humana, e pode ser controlado de qualquer parte do mundo, por outros astrônomos, via internet.

Da esq. p/ dir, o professor João Ribeiro, o advogado Eduardo Pimentel e  o engenheiro civil Cristóvão Jacques, que descobriram o cometa que fica a 900 milhões de km da Terra (foto: Sonear Observatory/ Facebook)
Da esq. p/ dir, o professor João Ribeiro, o advogado Eduardo Pimentel e o engenheiro civil Cristóvão Jacques, que descobriram o cometa que fica a 900 milhões de km da Terra (foto: Sonear Observatory/ Facebook)

O cometa descoberto pelo Sonear tem aproximadamente 20 quilômetros de diâmetro e está a 900 milhões de quilômetros da Terra. Essa distância é seis vezes maior que o percurso entre nosso planeta e o sol, segundo um dos responsáveis pela descoberta, o jornalista e professor João Ribeiro. Desde a localização do primeiro astro, em 12 de janeiro deste ano, o observatório já encontrou também outro cometa e um asteróide. Feitos inéditos para a ciência em nosso país. A última vez que um corpo estelar foi descoberto em solo brasileiro foi em 1860, por dois astrônomos europeus.

O asteróide 2014 CZ4 foi descoberto no dia 8 de março, e o novo cometa, no dia 13 do mesmo mês, e foi batizado de C/2014 E2 Jacques. O nome é uma homenagem ao engenheiro do Sonear que o descobriu. “Ele está mais próximo da Terra, a 173 milhões de quilômetros. Em julho, ele poderá ser visto com telescópios menores”, afirma Ribeiro. O grupo de astrônomos amadores de Oliveira está com uma média de uma descoberta astronômica por mês.

 

Assista a movimentação do segundo cometa descoberto pelo trio de mineiros, o C/2014 E2 Jacques

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O destaque da equipe amadora de Minas Gerais animou os profissionais do ramo. Para o coordenador do grupo de astronomia da UFMG, Renato Las Casas, a descoberta de astros por um grupo independente mostra que o país está atingindo um nível elevado de amadurecimento em ciência, que vai além dos limites das universidades. “É um trabalho amador que ganha nível profissional. Eles não deixam a desejar pra não nenhum outro grupo amador internacional”, comenta Las Casas, que já teve como alunos dois dos astrônomos de Oliveira: Cristóvão Jacques e Eduardo Pimentel.

O próximo passo do observatório mineiro é continuar a monitorar cometas e asteróides, e tentar encontrar outros astros. O local não é aberto ao público, já que não tem estrutura adequada para visitação. “Temos muitos pedidos de visitas, mas não temos condições de receber os curiosos e entusiastas. Fica aí a demanda para que as prefeituras construam observatórios contemplativos para receber as crianças, e para incentivar a formação tecnológica. Com isso teremos autonomia, independência no ramo da pesquisa astronômica” incentiva o professor e agora desbravador dos céus, João Ribeiro.

 

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