A proposta é refletir sobre como experiências espaciais, geográficas e afetivas atravessam e moldam as produções visuais dos artistas. O encontro integra a programação da exposição “Finca-Pé: Estórias da terra”, em cartaz até 1º de setembro no CCBB BH, que apresenta obras do brasiliense Antonio Obá.
Com uma sala dedicada ao seu trabalho dentro da mostra, o mineiro Marcos Siqueira traz pinturas realizadas com pigmentos naturais extraídos do solo. Seus trabalhos evocam cenas da infância, do cotidiano rural e da ancestralidade, ampliando o diálogo com as questões propostas por Obá.
A conversa também conta com a presença de Gisele Camargo, formada em Artes Visuais pela UFRJ e radicada na Serra do Cipó. Sua produção transita entre a memória da paisagem urbana, presente em séries como Panavison (2009) e Falsa Espera (2012), e a organicidade da natureza, que passou a incorporar em sua obra após mudar-se para Minas Gerais.
Outro participante é Froiid, artista multidisciplinar e curador cuja produção abrange jogos, instalações, objetos, vídeos, fotografias e trabalhos sonoros. Vencedor de prêmios como o SESC Arte na 22ª Bienal Sesc_Videobrasil (2023) e o Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais (2020), o artista busca experimentar as regras de jogos como forma de tensionar o dualismo entre norma e liberdade, instituição e criação, indivíduo e sociedade.
A mediação ficará a cargo de Flaviana Lasan, que atua há mais de uma década em projetos ligados às artes visuais, teatro e cinema. Licenciada em Artes Visuais e pós-graduada em História e América Latina, esteve à frente de iniciativas como a Feira JUNTA, o Festival Audiovisual de Cultura e o CURA – Circuito Urbano de Arte, além de colaborações em instituições como Palácio das Artes, Museu de Artes e Ofícios e Sesc Palladium.
Mostra “Finca-Pé: Estórias da terra”
A mostra “Finca-Pé: Estórias da terra”, com curadoria de Fabiana Lopes, investiga a relação entre corpo, território e permanência na obra de Antonio Obá. “A terra pode ser o chão, pode ser Cerrado, pode ser planeta, pode ser um jardim imaginário ou um jardim interior do indivíduo. A experiência de caminhar pela exposição é a de transitar por essa multiplicidade”, explica a curadora.
O título remete ao gesto de fincar os pés no chão como atitude de resistência e existência. “Acredito que as obras que faço, não raro, refletem um pouco sobre esse estar no mundo e senti-lo. Não só vê-lo, mas cheirá-lo, tocá-lo, escutá-lo, e cada um desses sentidos atua como catalisador do que pode ser potencialmente estético, dentro de uma pesquisa”, comenta Obá.
Entre os trabalhos apresentados estão a instalação “Ka’a pora” (2024), formada por 24 esculturas de pés em bronze adornados com galhos. “Essa obra se relaciona com a resistência, mas também com a forma como o Cerrado se renova após a estiagem, voltando ao verde com a primeira chuva. Isso, para mim, é uma imagem potente da existência”, explica o artista.
A mostra inclui ainda desenhos em técnicas variadas, cadernos de artista e o filme-performance Encantado, que convida o público a refletir sobre símbolos e rituais ligados a práticas espirituais. “Enquanto estou pintando, fico pensando com a pintura, nas informações que vão sendo formadas ali, no que a imagem diz além do que se vê, quais são os intertextos que ela vai tecer. Então, se principia uma obra, mantém-se a pesquisa de imagens, referências correlacionadas e algo de criativo e inesperado se dá à consciência, mas que só vem através da labuta, da mão na massa”, completa Obá.
Conversa "Corpo-território: como o território habita a obra de cada artista?"
Quando: sábado (30), às 16h
Onde: Teatro I – CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 - Funcionários)
Entrada: gratuita mediante retirada de ingresso pelo site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH
Exposição: “Finca-Pé: Estórias da terra”, de Antonio Obá
Visitação da mostra: até dia 1° de setembro de 2025
Onde: Galerias do Térreo - Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MG).
Funcionamento: quarta a segunda, das 10h às 22h (fecha às terças)
Entrada: gratuita mediante retirada de ingresso pelo site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH