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Estado de Minas FENôMENO NATURAL

Entenda porque a terra treme em Montes Claros

Especialista explica que o tremor da cidade mineira é parecido com o do Chile, por ter origem nas placas tectônicas. Mas a magnitude deles é bem diferente


postado em 07/04/2014 19:14 / atualizado em 07/04/2014 19:19

Rachaduras aparecem em casas de Montes Claros, após o último tremor(foto: Danilo Evangelista/Esp. EM)
Rachaduras aparecem em casas de Montes Claros, após o último tremor (foto: Danilo Evangelista/Esp. EM)
Tsunamis, furacões, vulcões, o mundo nunca registrou tanto fenômeno natural como nos últimos anos. E não é culpa apenas da famosa “mudança climática”, e sim, das alterações que o homem faz no ambiente, construindo suas cidades em áreas altamente perigosas. Dois exemplos disso são os recentes abalos sísmicos que tomaram conta dos noticiários no Brasil: o terremoto no Chile, de 8,2 pontos na escala Richter – que mede a magnitude do tremor, veja tabela abaixo –, e o abalo sísmico em Montes Claros, norte de Minas Gerais, que chegou a 3.7 pontos.

Apesar de terem a mesma origem, ou seja, o movimento das placas tectônicas – a superfície terrestre é “quebrada” em 52 pedaços, sendo 14 grandes placas –, há uma grande diferença entre o tremor do Chile e o de Montes Claros. “São processos diferentes de formação dos abalos. Os chilenos estão bem próximos ao encontro das placas Sulamericana e de Nazca. Por ser uma região que se movimenta mais, ocorrem os maiores tremores. No caso de Montes Claros, como o Brasil está no centro da placa tectônica, a cidade deu o azar de ser um ponto fraco, por onde sai a tensão que está presente em todo o bloco sulamericano”, explica Paulo Roberto Aranha, professor do Instituto de Geociências da UFMG.

Esse tipo de tremor na cidade mineira, que é uma espécie de válvula de escape para a tensão que a placa Sulamericana sofre, é comum em vários pontos do país, e mesmo em nosso estado. O local onde podem ocorrer esse tipo de sismo, de acordo com o professor, depende apenas de termos pontos fracos no subsolo, o que favorece a saída da força acumulada na placa. Já foram registrados abalos de baixa magnitude em cidades como Betim, Pedro Leopoldo, Bonsucesso e Macacos (Nova Lima).

Clique para ampliar a infografia(foto: Encontro Digital)
Clique para ampliar a infografia (foto: Encontro Digital)
Apesar de os dois eventos recentes terem acontecido na mesma época, não há confirmação de que o terremoto no Chile possa ter provocado o abalo sísmico em Montes Claros, que é uma área reconhecidamente frágil, devido a seu histórico de pequenos tremores. “Imagine um campo de futebol cheio de gente. Se um grupo pular numa ponta, a onda de choque gerada pelo impacto com o solo pode chegar ao outro lado, mesmo que de forma fraca”, explica o especialista.

Antes de sair por aí guardando mantimentos, para um possível apocalipse provocado por um grande terremoto no país, acalme-se. De acordo com Paulo Roberto, a possibilidade de termos tremores de grande magnitude, no futuro, no Brasil, é quase nula. “Por estar no meio de uma placa tectônica, a probabilidade de se ter algum evento significativo, como o do Chile, que foi 10 mil vezes maior que o de Montes Claros, é quase zero”, diz. Para ele, o importante é que as cidades se adaptem a essa força da natureza, construindo edificações mais resistentes e preparadas para receber os impactos provocados pelos abalos.

Confira os valores e os efeitos da escala Richter:

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