
Apesar de terem a mesma origem, ou seja, o movimento das placas tectônicas – a superfície terrestre é “quebrada” em 52 pedaços, sendo 14 grandes placas –, há uma grande diferença entre o tremor do Chile e o de Montes Claros. “São processos diferentes de formação dos abalos. Os chilenos estão bem próximos ao encontro das placas Sulamericana e de Nazca. Por ser uma região que se movimenta mais, ocorrem os maiores tremores. No caso de Montes Claros, como o Brasil está no centro da placa tectônica, a cidade deu o azar de ser um ponto fraco, por onde sai a tensão que está presente em todo o bloco sulamericano”, explica Paulo Roberto Aranha, professor do Instituto de Geociências da UFMG.
Esse tipo de tremor na cidade mineira, que é uma espécie de válvula de escape para a tensão que a placa Sulamericana sofre, é comum em vários pontos do país, e mesmo em nosso estado. O local onde podem ocorrer esse tipo de sismo, de acordo com o professor, depende apenas de termos pontos fracos no subsolo, o que favorece a saída da força acumulada na placa. Já foram registrados abalos de baixa magnitude em cidades como Betim, Pedro Leopoldo, Bonsucesso e Macacos (Nova Lima).
Apesar de os dois eventos recentes terem acontecido na mesma época, não há confirmação de que o terremoto no Chile possa ter provocado o abalo sísmico em Montes Claros, que é uma área reconhecidamente frágil, devido a seu histórico de pequenos tremores. “Imagine um campo de futebol cheio de gente. Se um grupo pular numa ponta, a onda de choque gerada pelo impacto com o solo pode chegar ao outro lado, mesmo que de forma fraca”, explica o especialista.
Antes de sair por aí guardando mantimentos, para um possível apocalipse provocado por um grande terremoto no país, acalme-se. De acordo com Paulo Roberto, a possibilidade de termos tremores de grande magnitude, no futuro, no Brasil, é quase nula. “Por estar no meio de uma placa tectônica, a probabilidade de se ter algum evento significativo, como o do Chile, que foi 10 mil vezes maior que o de Montes Claros, é quase zero”, diz. Para ele, o importante é que as cidades se adaptem a essa força da natureza, construindo edificações mais resistentes e preparadas para receber os impactos provocados pelos abalos.
Confira os valores e os efeitos da escala Richter:
