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Estado de Minas SAúDE

Educação e tecnologia podem aumentar a miopia, diz pesquisa

Elaborado na Alemanha, o estudo, com quase 5 mil pessoas que sofriam do problema, mostrou que aquelas que tinham maior grau de instrução, também eram as mais afetadas pela doença


postado em 22/07/2014 09:26 / atualizado em 22/07/2014 09:42

Pesquisadores alemães descobriram fortes evidências de que um maior nível de educação e mais anos no banco escolar são dois fatores associados a uma maior prevalência e gravidade da miopia. Publicada no portal da Ophthalmology, revista da Academia Americana de Oftalmologia, a pesquisa é a primeira do tipo a demonstrar que os fatores ambientais podem superar a genética no desenvolvimento desse problema ocular.

Embora comum, a miopia tornou-se ainda mais prevalente em todo o mundo nos últimos anos e está se tornando um problema de saúde global. "A alta miopia é uma das principais causas de deficiência visual e está associada a um risco maior de descolamento da retina, degeneração macular, catarata precoce e glaucoma", explica o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).

Nos Estados Unidos, a miopia afeta hoje cerca de 42% da população. No Brasil, dados de 2011, revelavam que 40% das pessoas eram acometidas desse problema ótico. Países asiáticos, considerados mais desenvolvidos, chegam a ter taxas de míopes de até 80%. De acordo com os pesquisadores, o crescimento rápido de cidadãos acometidos com a dificuldade de se enxergar de perto sugere que os fatores ambientais desempenham um papel significativo no aumento de número de casos da doença. Neste caso, os grandes vilões seriam os equipamentos eletrônicos que exigem demais da visão de perto, como a leitura ou utilização do computador e de celulares.

Para analisar melhor a associação entre o desenvolvimento da miopia e o fator ambiental, especialmente a educação, os pesquisadores do centro médico da Universidade de Mainz, na Alemanha, analisaram dados de 4658 pacientes míopes com idades entre 35 e 74 anos, excluindo aqueles que possuíam catarata ou que tivessem feito uma cirurgia corretiva. Os resultados desse trabalho, conhecido como Gutenberg Health Study , mostram que a miopia parece tornar-se mais prevalente quando o nível de escolaridade aumenta: 24% dos participantes sem ensino médio ou outra formação eram míopes; 35% dos diplomados do ensino médio e graduados do ensino profissional eram míopes; 53% dos graduados universitários eram míopes.

Além dos níveis de ensino, os pesquisadores descobriram que as pessoas que passaram mais anos na escola acabaram aumentando o grau da miopia, a cada ano de escola. "A prevenção para o aumento da doença pode ser tão simples como sair de casa com mais frequência. Nos últimos anos, estudos com crianças e adolescentes, na Dinamarca e na Ásia, mostram que mais tempo ao ar livre e que a exposição à luz do dia está associada a menos casos de miopia. Como os alunos parecem estar em maior risco, faz sentido incentivá-los a passar mais tempo ao ar livre como uma precaução",  defende o oftalmopediatra Fabio Pimenta de Moraes, que também integra o corpo clínico do IMO.

Cuidado com as crianças

Algumas crianças que desenvolvem miopia têm uma progressão contínua da doença ao longo dos anos escolares, incluindo o ensino médio. E, enquanto os custos com os exames oftalmológicos anuais e óculos novos, a cada ano, podem ser um esforço financeiro para algumas famílias, os riscos, em longo prazo, associados com a progressão da miopia podem ser ainda maiores.

"A melhor coisa que você pode fazer para monitorar a progressão da miopia do seu filho é agendar exames oftalmológicos anuais para que o especialista possa monitorar o quão rápido a doença está evoluindo. Muitas vezes, as crianças com o problema não se queixam da visão. Por isso, não deixe de agendar exames anuais, mesmo que as crianças afirmem que estão enxergando bem", diz Fabio Moraes.

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