Metade de todos os adultos americanos tomam suplementos de vitamina D. No Brasil, essa prática também é cada vez mais comum. Mas será que as pílulas desse nutriente realmente ajudam? Afinal, esse composto, que é um hormônio, é formado pelas vitaminas D2 (ergocalciferol) e D3, e sua produção natural no organismo é induzida pela luz solar.
A revista inglesa The Lancet Diabetes & Endocrinology, publicou um artigo polêmico, com o estudo realizado pelo cientista Philippe Autier, que, junto com outros colegas, analisou 450 relatórios científicos sobre o tema, e chegaram à conclusão de que altas concentrações de vitamina D não são tão eficazes no combate a doenças não-esqueléticas, como se imagina.
Porém, a deficiência desse nutriente está, sim, associada a uma série de problemas. "Quando medimos os níveis de vitamina D em pessoas doentes, sempre estão bem reduzidos. Se a pessoa tem câncer, doença cardíaca, diabetes, demência, depressão, doença autoimune, o nível desse composto é geralmente baixo. Daí o conceito de que a deficiência de vitamina D torna as pessoas doentes, e que seu consumo ajudaria a resolver os problemas", explica o ortopedista Caio Gonçalves de Souza, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
De acordo com os pesquisadores ingleses, os níveis baixos de vitamina D são um efeito das doenças, e não a causa. Eles chegaram a essa conclusão após analisar os estudos que relacionavam pacientes tratados com o nutriente e, em seguida, examinadas, em intervalos regulares, para determinar se a vitamina tinha realmente afetado a saúde. "Os resultados foram consistentes em praticamente todos os estudos. Suplementos de vitamina D não reduziram o risco de desenvolver problemas de saúde", diz Caio Souza.
A exposição ao sol é a grande responsável pela concentração dessa vitamina em nosso corpo. "Apesar de existir alguma variação de acordo com a cor da pele, normalmente bastam quinze minutos sob sol, sem protetor solar, em seu antebraço ou perna, duas ou três vezes por semana, e uma dieta saudável para atingir o nível ideal de vitamina D", lembra o médico.
A Organização Mundial de Saúde recomenda que a maior parte dos adultos deve ingerir 800 unidades internacionais (UI) de vitamina D por dia. Algumas sociedades médicas recomendam até 1.000 UI. Com uma exposição adequada à luz solar e com a ingestão de alguns alimentos ricos ou enriquecidos com essa vitamina, o processo fica ainda mais fácil. "Poucas pessoas precisam realmente de um suplemento para atingir os níveis recomendados", afirma o ortopedista do Hospital das Clínicas.
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