Publicidade

Estado de Minas MEMÓRIA

Há 30 anos Tancredo Neves era eleito presidente

Após 21 anos de regime militar, o Brasil voltava a ser comandado por um civil, e a luz da democracia pairava sobre a nação


postado em 15/01/2015 09:58 / atualizado em 15/01/2015 10:36

O presidente eleito em 1985, Tancredo Neves (esq.), cumprimenta o deputado federal Ulysses Guimarães no plenário da Câmara, onde foi realizada a eleição indireta que traria de volta a democracia ao Brasil(foto: Gilberto Alves/CB/D.A Press)
O presidente eleito em 1985, Tancredo Neves (esq.), cumprimenta o deputado federal Ulysses Guimarães no plenário da Câmara, onde foi realizada a eleição indireta que traria de volta a democracia ao Brasil (foto: Gilberto Alves/CB/D.A Press)
Em 15 de janeiro de 1985, a chuva forte em Brasília não impediu que uma multidão se concentrasse em frente ao Congresso, parte abrigada sob uma bandeira nacional, alguns escalando as cúpulas de concreto. Lá dentro, com plenário e galerias lotados, Tancredo Neves era eleito o primeiro presidente civil no país em 21 anos, pelo mesmo instituto criado pelos militares para eleger seus generais: o Colégio Eleitoral.

Na sessão, que durou cerca de três horas e meia, Tancredo derrotou o candidato do extinto PDS, Paulo Maluf, que não tinha apoio unânime entre os militares. Foram 480 votos contra 180. A vitória veio no voto do deputado João Cunha (PMDB-SP), o de número 344, que garantiu a maioria ao candidato da oposição. “Tenho a honra de dizer que o meu voto enterra a ditadura funesta que infelicitou a minha pátria”, disse, entre aplausos, pouco depois das 11h30 daquela terça-feira. Quase uma hora depois, Tancredo Neves leria seu discurso da vitória. “Esta foi a última eleição indireta do país. Venho para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas indispensáveis ao bem-estar do povo”.

Deputado à época, o senador Eduardo Suplicy (SP) diz que seguiu a orientação do diretório. “Discutimos muito o assunto entre nós, mas no fim prevaleceu a decisão do partido, embora tivéssemos por Tancredo grande respeito e admiração”. Suplicy lembra de ter encontrado o político mineiro nos corredores da Câmara e dito a ele que continuaria na luta pelas Diretas Já. “Tancredo entendeu e respeitou minha decisão”, relata.

Redemocratização

Os parlamentares são unânimes em um ponto: colocar um fim no ciclo dos presidentes militares. A vitória de Tancredo abriu caminho para a normalidade democrática no Brasil. “Havia um anseio, entre todos os segmentos da sociedade, para que caminhássemos em direção ao fim do arbítrio”, lembra o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), que em 1987/88 foi 1º vice-presidente da Assembleia Nacional Constituinte. “A vitória de Tancredo representou um passo decisivo para que o Brasil, além da redemocratização, tivesse, três anos depois, a Constituição que Ulysses Guimarães chamou de cidadã”.

Vice empossado

Presidente eleito, Tancredo Neves não assumiu o cargo. Na noite de 14 de março, véspera da posse, foi internado no Hospital de Base de Brasília com o diagnóstico de diverticulite. Morreu em 21 de abril.

Foi empossado como presidente da república o vice, José Sarney, a quem coube conduzir o processo de redemocratização e convocar a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987. Em 1989, na primeira eleição direta para a presidência da república após o regime militar, foi vencedor Fernando Collor.

(com Agência Câmara)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade