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Estado de Minas SAÚDE

Estudos mostram que crianças são mais vulneráveis à radiação por micro-ondas

Especialista diz que ainda não há uma comprovação científica entre o uso de tablets, celulares e laptops, e o maior surgimento de câncer na população infantil, mas, de qualquer forma, a restrição no acesso a esses aparelhos ainda é a melhor prevenção


postado em 09/03/2015 08:45 / atualizado em 09/03/2015 08:54

Estudos publicados no Journal of Microscopy and Ultrastructure alegam que crianças, bebês e até fetos são suscetíveis aos efeitos da radiação por micro-ondas de aparelhos wireless(foto: Wallpapers55.com/Reprodução)
Estudos publicados no Journal of Microscopy and Ultrastructure alegam que crianças, bebês e até fetos são suscetíveis aos efeitos da radiação por micro-ondas de aparelhos wireless (foto: Wallpapers55.com/Reprodução)
Nas últimas décadas, os pais têm observado que as crianças ficam entretidas diante de celulares, tablets, laptops ou brinquedos que possuem a tecnologia wireless como componente e, com certa frequência, permitem o acesso dos filhos a esses acessórios como forma de mantê-los quietos. Mas o que muitos deles não sabem é que essa atitude pode prejudicar a saúde das crianças.

Vários estudos internacionais, publicados em um artigo no Journal of Microscopy and Ultrastructure, da editora Elsevier, especializada em literatura médica e científica, mostram que as crianças absorvem mais radiação por micro-ondas, presentes em aparelhos sem fio, do que os adultos. Esse tipo de onda foi declarada como um possível carcinógeno humano pela International Agency for Research on Cancer (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer) da Organização Mundial de Saúde.

As pesquisas revelam que o tecido cerebral das crianças absorve duas vezes mais radição do que o dos adultos e, quanto mais nova, maior o risco. O feto é particularmente vulnerável às micro-ondas e, portanto, as gestantes também precisam ter precaução. "As agências reguladoras têm estabelecido limites para a exposição à radiação, mas as orientações não têm sido atualizadas. Não há consenso quanto à distância mínima a partir da qual se deve manter os celulares longe do corpo, pois já se pressupõe que a prática de guardá-los no bolso, por exemplo, seria inadequada", destaca Paulo Taufi Maluf Júnior, oncologista e hematologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e do Hospital Sírio-Libanês.

O pediatra explica que existe uma regra que marca como mínima a distância de 20 centímetros para tablets e laptops, mas isso é contraditório porque esses aparelhos são computadores de colo. Além disso, a distância de 20 cm não é prática para crianças com membros superiores mais curtos. "Portanto, recomenda-se que não haja exposição de bebês e crianças a esses equipamentos ou a brinquedos que usem a tecnologia wireless ou sem fio", orienta o especialista.

Estudos populacionais suecos e coreanos demonstram que entre adolescentes, que iniciaram o uso de celular aos 13 anos, houve maior incidência de tumores cerebrais. Nos Estados Unidos e na Dinamarca, nas últimas décadas, aumentou o número de casos de tumores cerebrais do tipo glioblastoma multiforme cuja letalidade é particularmente alta. Não há como estabelecer relação direta desse fato com o uso de celulares, mas nota-se que o surgimento de mais casos coincide com o advento dos telefones móveis. "De nenhuma dessas pesquisas pode-se concluir que os celulares causam neoplasias, pois não há rigor científico nelas. No entanto, fica o alerta para a necessidade de se investigar melhor essa relação", destaca o médico.

Para o oncologista pediátrico, "é preciso que os manuais dos aparelhos esclareçam sobre os riscos à saúde, assim como os governos alertem a população que, em sua maioria, não tem conhecimento dos riscos às crianças e adultos".

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