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Estado de Minas CIDADES

Moradores do bairro Floresta reclamam de albergue

Instituição atende 400 pessoas em situação de rua por dia. Moradores dizem que houve aumento da violência na região


postado em 18/06/2015 10:46 / atualizado em 18/06/2015 11:21

O imóvel da rua Conselheiro Rocha, no bairro Floresta, pertence ao governo de Minas, abriga um albergue, que atende 400 pessoas por dia, e está gerando reclamações dos vizinhos(foto: Google Earth/Reprodução)
O imóvel da rua Conselheiro Rocha, no bairro Floresta, pertence ao governo de Minas, abriga um albergue, que atende 400 pessoas por dia, e está gerando reclamações dos vizinhos (foto: Google Earth/Reprodução)
Moradores do bairro Floresta, em Belo Horizonte, questionaram as razões da instalação de um albergue para pessoas em situação de rua na região e reclamaram do aumento da violência e do barulho. Porém, os albergados e o administrador do local defenderam a permanência das atividades. A reunião foi realizada na Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na quarta, dia 17 de junho.

O foco das reclamações diz respeito ao albergue localizado na rua Conselheiro Rocha, que atende diariamente cerca de 400 pessoas. O local é gerenciado pela Associação Espírita Grupo Consolador com o apoio do governo estadual e da PBH e se instalou no bairro Floresta em 2010, transferido da Pedreira Prado Lopes. O prédio em que a instituição funciona seria do governo estadual, mas a fiscalização e a autorização para funcionamento caberia à prefeitura.

O major Renato Federici, do 1º Batalhão da Polícia Militar, apresentou alguns números e disse que alguns delitos aumentaram, enquanto outros diminuíram. Furtos e danos materiais teriam diminuído, lesões corporais e consumo de drogas, por sua vez, teriam aumentado. "Não estamos alheios à situação. Tentamos tipificar, definir dia, horário, local e pessoas onde os delitos acontecem para reprimir, mas o que acontece é que eles migram", afirma o militar.

Alguns moradores presentes reclamaram do barulho da televisão do albergue até meia-noite e da bagunça já às 5h da manhã. Outros relataram situações de insegurança. Também foi motivo de insatisfação a falta de envolvimento dos moradores na decisão de instalar o albergue no local. A presidente da Associação de Moradores do Bairro Floresta, Elizabeth Pestana, disse que o desejo dos moradores é que o albergue seja transferido para outra região e o prédio, aproveitado para a instalação de um centro de saúde.

Outro lado

Por sua vez, o representante do albergue, Gladston da Silva Laje, fala sobre as dificuldades do trabalho, mas defende sua continuidade. "O serviço é de altíssima rotatividade e é inglório porque os casos em que temos sucessos, conseguimos a promoção social da pessoa, não a vemos mais", conta. Ele descreve as várias categorias das pessoas atendidas e diz que é feita uma triagem para que o atendimento seja direcionado. Segundo ele, o albergue recebe desde pessoas que chegaram à cidade e, assaltados, teriam ficado sem documentos e dinheiro, até pessoas com transtornos mentais e egressos do sistema prisional.

"Os problemas são críticos, drogas, bebidas e muita coisa por trás. É muito fácil apontar para o albergue e dizer que ele é a causa dos problemas. Não é. A sociedade está tentando esconder as reais causas de tudo isso. Podem mudar o albergue de lugar, mas isso vai só fazer o problema migrar e não vai resolver nada", comenta um dos albergados, chamado de Leonardo. "Não é só porque somos usuários do albergue que somos ruins. Ali tem muita gente com profissão, muita gente que quer mudar de vida. Tem alguns que não querem, que se infiltram, mas não são todos. Vocês têm o direito de reivindicar, mas olhem o nosso lado também. Fiquem um dia na rua com a gente e vocês verão como é", afirma outro albergado, Jaime.

O deputado Fred Costa (PEN) questionou a ausência de representantes da prefeitura na reunião que, segundo ele, é responsável pela fiscalização e pelo bom funcionamento desse tipo de instituição. Ele elogia o trabalho da instituição e diz que o problema é que é um tipo de atividade que todos admiram, mas que ninguém quer ter perto de casa. O parlamentar também lembra que a legislação penal no país é fraca e que os problemas acabam sendo atribuídos a ativistas de direitos humanos.

(com Assessoria da ALMG)

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