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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Pesquisa alerta para os perigos do 'binge drinking' entre os jovens

Essa prática está virando moda nas baladas e diz respeito ao ato de beber quatro ou cinco doses de álcool em pouco tempo


postado em 28/10/2015 13:44 / atualizado em 28/10/2015 14:16

Segundo os pesquisadores, a prática do 'binge drinking' pelos homens aumenta em 2,54 vezes o uso de drogas ilícitas após a balada(foto: Pixabay)
Segundo os pesquisadores, a prática do 'binge drinking' pelos homens aumenta em 2,54 vezes o uso de drogas ilícitas após a balada (foto: Pixabay)
Uma pesquisa da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela que 27,9% dos homens, entre 18 e 24 anos, e 20,4% das mulheres na mesma faixa etária têm comportamento de risco, depois de beber nas chamadas baladas. A análise foi feita com os jovens depois do "binge drinking" (tomar quatro ou cinco doses de álcool em pouco tempo).

Segundo os pesquisadores, a prática do "binge drinking" aumentou em 2,54 vezes o uso de drogas ilícitas, após a saída da balada, entre os homens que beberam. E aumentou em 5,8 vezes o risco de um novo episódio de uso de álcool entre as mulheres que beberam. A amnésia alcoólica (não se lembrar do que aconteceu devido ao abuso de álcool) foi maior entre as pessoas que tiveram concentrações de álcool no sangue equivalentes a binge drinking.

O uso de drogas ilícitas aparece em 15,8% dos homens e 9,4% das mulheres. Também há um comportamento sexual de risco de 11,4% entre os homens e 6,8% entre as mulheres que ingerem a bebida alcóolica equivalente à prática.

O estudo foi feito em três fases, das quais participaram 1.222 pessoas dos dois sexos, sendo a maioria jovem, com idades entre 18 e 24 anos, solteira, de classe média a classe alta e com ensino superior completo. Nas três fases, foram feitas entrevistas na entrada e na saída de 31 casas noturnas da cidade de São Paulo. Os jovens ainda responderam um questionário online no dia seguinte. Para a medição do consumo de álcool foi utilizado um bafômetro.

A análise do uso de drogas ilícitas ao sair da balada incluiu maconha ou haxixe, cocaína, ecstasy, inalantes, anfetaminas, benzodiazepínicos e alucinógenos, como o LSD, entre outras. Já para o comportamento sexual de risco foram analisadas variáveis como sexo sem preservativo (com parceiro conhecido ou parceiro desconhecido), sexo em que houve arrependimento posterior e sexo não consensual.

A pesquisadora Zila Sanchez, responsável pelo projeto Balada com Ciência, do qual a pesquisa faz parte, o álcool, muitas vezes não é reconhecido como droga e, por ser lícito, acaba sendo interpretado pela sociedade como pouco nocivo. "No entanto, a maior parte dos danos causados por essas substâncias no mundo são decorrentes do abuso e dependência de álcool, e não das drogas ilícitas, como maconha e cocaína", afirma.

Segundo Zila, políticas públicas para reduzir o consumo de álcool nas casas noturnas e o treinamento de funcionários do serviço de bebida evitariam a venda de bebidas a pessoas já alcoolizadas, e seriam úteis para proteger clientes de comportamentos de risco associados ao "binge drinking". "O Brasil é um país cujas políticas públicas para a questão ainda são muito frágeis e pouco efetivas, o que acaba expondo ainda mais nossa população aos riscos da prática do beber abusivo", diz a pesquisadora.

(com Agência Brasil)

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