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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Uso de borboletas em casamento gera polêmica no Brasil

Os insetos são transportados 'desmaiados' até o local do evento, e levam um 'susto' para acordar e voar no momento certo


postado em 04/12/2015 15:11

Está virando moda o uso de borboletas para criar um momento 'inesquecível' em casamentos. Defensores dos animais estão criticando essa prática(foto: Truebluebridal.typepad.com/Reprodução)
Está virando moda o uso de borboletas para criar um momento 'inesquecível' em casamentos. Defensores dos animais estão criticando essa prática (foto: Truebluebridal.typepad.com/Reprodução)
Para realizar o sonho de uma cerimônia inesquecível, alguns noivos investem em atrações inovadoras e inusitadas. A moda da vez é soltar borboletas ao final da celebração, uma prática que começou nos Estados Unidos e tem conquistado também as noivas brasileiras. Segundo a Anda (Agência de Notícias dos Direitos Animais), os insetos são submetidos a baixas temperaturas para ficarem desacordados e só voltam a voar quando são expostos à temperatura ambiente.

A novidade foi pauta de discussão nas redes sociais e gerou revolta entre os defensores dos animais. A jornalista e presidente da Anda, Silvana Andrade, ataca a prática. "É absolutamente cruel e desnecessária. É uma exploração da violência, da dor e da morte de animais", denuncia a ativista.

Conforme divulgou a Anda, as borboletas são provenientes da Bahia e custam a partir de R$ 135 a dúzia. Os insetos são transportados em caixas furadas, porém, muito pequenas. No momento da "revoada", a equipe do cerimonial precisa bater nas caixas ou sacudí-las para que os animais "despertem" e virem uma atração a mais no casamento.

Segundo o biólogo Henrique Paprocki, professor da PUC Minas, a prática de colocar insetos em geladeiras é utilizada, por exemplo, em controle de pragas, e não causa sofrimento ao animal. "Eles não são congelados. A temperatura é reduzida para que não fiquem batendo asa, mas, no momento em que eles são expostos ao ambiente, já voltam à atividade normal", explica o especialista.

Henrique afirma que o mais importante é saber se as borboletas usadas nessas cerimônias são nativas ou exóticas. Se elas não forem de uma espécie brasileira, pode causar um desequilíbrio no ecossistema, conforme lembra o biólogo.

O professor ressalta que é importante discutir a questão ética quanto ao uso de animais, mas acredita que não há motivo para alarde nesse caso. "O Carnaval está repleto de penas de animais para decorar, usamos roupas de couro. A situação precisa ser discutida como um todo", frisa o biólogo.

Para a advogada especialista em defesa animal, Fernanda Bouchardet, o uso de borboletas em casamentos é uma questão grave e precisa ser averiguada. "Isso só acontece porque tem uma empresa que oferece o produto. E se tem o produto, existe uma máfia por trás, que faz o 'contrabando' das borboletas. Se existe o contrabando, é porque há um criadouro ilegal ou uma captura desenfreada na natureza", detalha.

Ainda de acordo com a advogada, a prática precisa ser desmantelada pela Polícia Federal, Ibama, Polícia Civil e Ministério Público do Meio Ambiente.

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