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Estado de Minas SAÚDE

Mosquito Aedes albopictus também transmite zika, sabia?

Segundo pesquisa da Fiocruz, as duas principais espécies do gênero Aedes têm a mesma capacidade de transmissão do vírus


postado em 09/03/2016 11:16

Segundo o estudo da Fiocruz, em conjunto com o Instituto Pasteur, todas as espécies do Aedes são perigosas e devem ser combatidas(foto: Pixabay)
Segundo o estudo da Fiocruz, em conjunto com o Instituto Pasteur, todas as espécies do Aedes são perigosas e devem ser combatidas (foto: Pixabay)
Uma pesquisa inédita no mundo avaliou a possibilidade de mosquitos do gênero Aedes transmitirem o zika vírus em cinco países: Brasil, Estados Unidos, Guiana Francesa, Martinica e Guadalupe. Uma vez que mensura a presença de partículas virais ativas na saliva do inseto, o estudo é fundamental para compreender a transmissão do vírus e estimar o risco de propagação da doença.

Publicado na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases, o estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com as unidades do Instituto Pasteur na França, Guiana Francesa, Guadalupe e Nova Caledônia, além do Centro de Controle de Mosquitos do Conselho Geral da Martinica.

Os testes foram realizados com mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus capturados no Rio de Janeiro e na Flórida. Já na Guiana Francesa, Martinica e Guadalupe, onde não há registro da presença da espécie A. albopictus, apenas o A. aegypti foi estudado. Os resultados apontam que mosquitos A. aegypti e A. albopictus do Brasil e dos Estados Unidos, assim como insetos A. aegypti da Guiana Francesa, Martinica e Guadalupe, são infectados pelo vírus, mas com diferenças significativas. Além disso, a capacidade dos insetos para transmitir o zika durante a picada se mostrou baixa.

"A competência vetorial [capacidade de transmissão] é determinada geneticamente, por isso podem existir diferenças entre as populações de mosquitos. Constatamos que o A. aegypti e o A. albopictus, nas Américas, podem, sim, ser infectados pelo zika e transmitir a doença. Porém, esse potencial de transmissão é reduzido e heterogêneo", afirma o entomologista Ricardo Lourenço, chefe do laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários da Fiocruz, e um dos autores do artigo.

O resultado sugere que outros fatores podem ter contribuído para a rapidez de disseminação do zika, compensando a baixa taxa de transmissão pelos mosquitos. Segundo o artigo, a ausência de imunidade da população e a grande quantidade de vetores presente no ambiente são elementos que poderiam favorecer a propagação da doença. As descobertas não alteram as medidas de prevenção necessárias para reduzir a proliferação dos insetos, já que as duas espécies são combatidas com as mesmas medidas de eliminação de criadouros.
O estudo analisou as espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus e confirmou a presença do zika vírus no organismo dos mosquitos(foto: Blog.saude.gov.br/Reprodução)
O estudo analisou as espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus e confirmou a presença do zika vírus no organismo dos mosquitos (foto: Blog.saude.gov.br/Reprodução)


Chikungunya e febre amarela

Segundo Ricardo Lourenço, na comparação com outros vírus transmitidos pelos mesmos mosquitos, o zika não apresenta características que expliquem uma dispersão mais acelerada. Em 2014, um estudo liderado pelos mesmos pesquisadores apontou que mais de 80% dos A. aegypti e acima de 95% dos A. albopictus das Américas têm potencial para transmitir o vírus chikungunya apenas sete dias após ingerir sangue infectado.

"Comparativamente, observamos que a competência vetorial dos mosquitos para transmitir o vírus zika é menor do que para chikungunya e dengue. Por outro lado, a competência vetorial para a transmissão do vírus zika por estes mosquitos é semelhante à observada em um estudo que realizamos em 2002 sobre a transmissão do vírus da febre amarela", afirma o especialista. O cientista acrescenta que, dependendo de fatores como a quantidade de mosquitos presentes, um nível baixo de competência vetorial pode ser suficiente para o estabelecimento do ciclo de transmissão da doença, mas a velocidade com que isso aconteceu com o vírus zika surpreende.

"Isso permanece uma incógnita. Não podemos descartar a possibilidade de que existam mais vias de transmissão, através de outros vetores ou diretamente de uma pessoa para a outra, por meio de fluidos corporais", pondera o pesquisador, ressaltando que os questionamentos não reduzem a importância do combate aos vetores. "Os mosquitos do gênero Aedes são comprovadamente vetores da infecção e evitar a sua proliferação é fundamental na luta contra zika, dengue e chikungunya", compelta.

(com Agência Fiocruz)

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