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Estado de Minas MEDICINA

USP realiza primeiro transplante de útero da América Latina

Procedimento é inovador e, até hoje, só foram realizados 12 transplantes desse tipo em todo o mundo


postado em 07/10/2016 12:02 / atualizado em 07/10/2016 12:18

A equipe da área de ginecologia do Hospital das Clínicas da USP gastou quase 10 h para realizar o transplante de útero inédito na América Latina(foto: Globoplay.globo.com/Reprodução)
A equipe da área de ginecologia do Hospital das Clínicas da USP gastou quase 10 h para realizar o transplante de útero inédito na América Latina (foto: Globoplay.globo.com/Reprodução)
A equipe de ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em colaboração com o grupo de transplante hepático da instituição, realizou, no final de setembro, o primeiro transplante de útero bem-sucedido na América Latina, e o 13º em todo o mundo. A paciente que recebeu o órgão de uma doadora falecida não tinha útero, o que a impedia de engravidar.

Edmund Chada Baracat, diretor da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas, em entrevista divulgada no programa Fantástico, da Rede Globo, esclarece que esse é um projeto experimental e que, ao menos por enquanto, não está aberto à população em geral, embora tenha sido aprovado em todas as instâncias éticas da Faculdade de Medicina da USP e do Conselho Nacional de Ética e Pesquisa.

Outros dois transplantes similares ao brasileiro foram realizados em Cleveland, nos Estados Unidos, e na Turquia. No procedimento americano, o útero teve de ser retirado logo após a cirurgia, enquanto no segundo caso, na Turquia, a paciente sofreu um aborto espontâneo. A Suécia também realizou transplantes de útero, mas de doadora viva  – em um desses casos, a mãe doou o órgão para a filha.

De acordo com Edmund Baracat, o procedimento foi  idealizado tanto para ser realizado em ovelhas quanto em seres humanos, e o plano inicial prevê a realização do transplante em três pacientes, todas elas, preferencialmente, com ausência de útero. Outra condição é a de que a ausência do órgão seja congênita e não motivada por algum fator externo. O procedimento é longo – a cirurgia para implante do órgão levou cerca de 10 horas, sem contar o tempo necessário para a retirada do órgão da doadora (falecida).

Como todo procedimento cirúrgico, este também oferece riscos. Além da rejeição, é preciso acompanhar como será a receptividade do útero na paciente, analisando as condições do órgão antes que possa receber o embrião. Baracat estima a perspectiva de gravidez em um ano após a realização do procedimento. "É uma condição 'sine qua non' para o procedimento que a paciente tenha condições de gestar", diz o médico. Além da demora, o procedimento também é bem caro.

Segundo o especialista, o transplante de útero recém-realizado na USP, de certo modo, não chega a surpreender. "O Brasil é um país já consagrado na realização de transplantes, e o transplante uterino nos coloca em condição de realce, tendo em vista que os dois casos já realizados de transplante de doadora falecida não foram bem-sucedidos", finaliza Edmund Baracat, não sem antes acrescentar que um transplante dessa natureza é, psicologicamente, muito importante para a mulher.

(com Rádio USP)

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