
Arrolado como testemunha pelo relator do processo, deputado Ricardo Izar (PP-SP), Carlos Manato explicou que, na época em que recebeu a representação contra Jean Wyllys, a corregedoria estudou "a fundo" e chegou a um período para a sanção que preferiu não declarar ao colegiado. "O critério de até seis meses vai ficar para o conselho. Se dependesse de nós, daríamos suspensão por um tempo, mas não seria o mínimo. Achamos que tem que ter um afastamento temporário. Chegamos a um número, mas não vou falar qual seria este número para não induzir", explica o parlamentar.
Segundo Manato, a corregedoria considerou uma "falta gravíssima" a reação de Wyllys, mas considerou que a perda de mandato seria "muito grave" e uma advertência escrita, "muito simples".
Tom ponderado
Presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), também adotou um tom ponderado. "No meu tempo, fosse qual fosse a gravidade do fato, pediam perda do mandato. Isso me incomodava. Tudo tem que ter uma gradação", afirma o deputado.
O episódio entre Wyllys e Bolsonaro ocorreu em 17 de abril deste ano, no plenário da Câmara, durante a votação da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele dia, Bolsonaro dedicou seu voto pelo afastamento em memória ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar que comandou o Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo entre 1970 a 1974. Ustra foi o primeiro militar a ser reconhecido, pela justiça, como torturador durante a ditadura. A homenagem foi considerada ofensiva por Jean Wyllys, que reagiu com o cuspe e disse ter sido alvo de outras agressões por parte de Bolsonaro.
(com Agência Brasil)