
Alguns moradores do bairro, que são vizinhos do terreno em disputa, se uniram para protestar contra a construção do prédio e já criaram uma página no Facebook e uma petição online. De acordo com engenheiro Geraldo Magela Sales, um dos coordenadores do movimento, o projeto é ilegal. "A legislação do município proíbe que um empreendimento desse tamanho seja construído no local. Nós, moradores, não queremos ir contra os direitos de quem é dono do terreno, mas a lei precisa ser respeitada", afirma o morador.
O engenheiro reclama que a Mata do Mosteiro – que faz parte do Parque Mosteiro Tom Jobim, criado em 2001 – já está bastante degradada e a construção do edifício ameaçaria ainda mais a área de proteção ambiental, além de causar outros impactos negativos na região, como o aumento significativo do tráfego de veículos.
Impasse
A construtora Patrimar, responsável pelo empreendimento no Luxemburgo, por meio da assessoria de imprensa, confirma que o projeto prevê a construção de uma torre com 21 andares e 106 apartamentos. Porém, de acordo com a nota enviada à Encontro, a construtora alega que a obra não ameaça a Mata do Mosteiro porque "guarda considerável afastamento do local de preservação ambiental".

Ainda segundo a Patrimar, o projeto foi aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte e o empreendimento está respaldado, também, pela Operação Urbana Simplificada, que é uma lei municipal que prevê a obrigatoriedade da construtora de oferecer à cidade uma contrapartida pelo empreendimento.
Por sua vez, o engenheiro Geraldo Magela Sales diz que as contrapartidas não compensam o impacto que seria causado pela construção da torre. Ele critica, também, a postura dos órgãos públicos no diálogo com os moradores da região. "A prefeitura e a construtor convocaram uma reunião com os moradores em outubro, mas, surpreendentemente, não foi para discutir o projeto, como nós esperávamos. Eles já pretendiam falar sobre as contrapartidas, desprezando nossa indignação em relação à construção do prédio", reclama o morador, que afirma ter solicitado ao Ministério Público que interferisse na questão.
Visita técnica
Na manhã desta terça-feira, dia 8 de novembro, a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou uma visita técnica no terreno onde está previsto o empreendimento da Patrimar.
O deputado estadual Fred Costa, presidente da comissão, diz que acatou as denúncias dos moradores que são contra a construção do prédio. "Caso este projeto seja aprovado, teremos impactos urbanos e ambientais que prejudicarão a todos os moradores do Luxemburgo e região. Vamos lutar para que isso não ocorra", diz o parlamentar do PEN.