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Estado de Minas BEM-ESTAR

Bebidas com adoçante não ajudam contra a obesidade, diz estudo

Segundo a pesquisa internacional, além de não existir comprovação científica da eficácia das bebidas diet ou light, o consumo excessivo de água em sua produção anula os supostos benefícios


postado em 12/01/2017 09:40 / atualizado em 12/01/2017 10:01

Segundo estudo, não existe comprovação científica do suposto benefício do consumo de bebidas adoçadas artificialmente por pessoas com obesidade(foto: Pixabay)
Segundo estudo, não existe comprovação científica do suposto benefício do consumo de bebidas adoçadas artificialmente por pessoas com obesidade (foto: Pixabay)
Optar pelo consumo de bebidas adoçadas artificialmente não é uma estratégia válida para enfrentar a obesidade, aponta um estudo internacional que contou com a participação da Faculdade de Saúde Pública da USP. De acordo com a pesquisa, além da falta de evidências científicas conclusivas sobre o efeito dessas bebidas no controle do ganho de peso, também deve-se considerar o impacto ambiental de sua produção, com elevado gasto de água e energia, e o fato da água ser a opção primária para a hidratação do corpo. O estudo acaba de ser publicado na revista científica PLOS Medicine no dia 3 de janeiro de 2017.

As bebidas com adoçantes artificiais incluem refrigerantes, sucos de caixinha, chá gelado, achocolatados líquidos, energéticos e isotônicos. Em sua produção, o açúcar é substituído por adoçantes artificiais. "Em nossa análise sobre os efeitos dessas bebidas, concluiu-se que elas não devem ser promovidas como parte da solução da epidemia de obesidade", afirma o pesquisador Thiago Hérick de Sá, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, que participou da pesquisa.

"Nesses estudos, não há evidências conclusivas de que as bebidas artificialmente adoçadas promovem redução de peso. Alguns autores apontam inclusive que há casos nos quais as pessoas, como uma espécie de mecanismo compensatório pela ausência do açúcar, acabem consumindo outros alimentos ricos em calorias", alerta Thiago.

Além da falta de dados mais consistentes sobre os benefícios dessas bebidas, o pesquisador aponta outra questão relativa às pesquisas na área. "Boa parte dos estudos que indicam efeitos positivos foram financiados pelas próprias indústrias de bebidas. A priori, não é possível afirmar que haja necessariamente a influência do agente financiador nos trabalhos analisados. Mas já há evidências, inclusive no campo da pesquisa sobre alimentos, de que o financiamento das indústrias aumenta as chances do estudo apresentar resultados favoráveis aos interesses das empresas", esclarece Thiago Sá.

A boa e velha água

Outra razão apontada pelo estudo internacional para ineficiência das bebidas com adoçantes é o fato da água ser a opção primária para a hidratação do corpo. "A razão do ser humano consumir líquidos é para hidratar-se. Isso deve ser feito com água limpa e tratada, pois este é um direito universal", observa o pesquisador.

Por fim, o estudo indica que grande impacto ambiental da produção de bebidas artificialmente adoçadas também desestimula sua promoção no combate a obesidade. "Há um uso intensivo de água, sendo necessários centenas de litros para produzir apenas um litro de refrigerante, por exemplo, isso sem falar em todo o impacto ambiental do plástico das embalagens", ressalta o pesquisador da USP.

De acordo com Thiago Sá, o Guia Alimentar Para a População Brasileira recomenda que se evite ao máximo o consumo de bebidas ultra-processadas, sejam elas adoçadas com açúcar ou não. "Além dos refrigerantes, isso inclui sucos de caixinha, chá gelado, achocolatados, iogurtes, entre outros. A orientação do guia é priorizar a ingestão de água, podendo ter como opções sucos de frutas, chá, café, leite, sem adição de açúcares", orienta o pesquisador.

O estudo aponta que também é necessária maior regulamentação sobre as bebidas adoçadas, seja do produto em si quando de sua publicidade. "Em muitos países, a publicidade desse tipo de bebidas dirigida às crianças é proibida ou fortemente regulada, pois elas não conseguem discernir o que é ficção do que é propaganda, e disso se aproveitavam os fabricantes para difundir um produto que é nocivo à saúde. A regulamentação também pode incluir o posicionamento dos produtos no ponto de venda, tirando as bebidas do alcance de visão das crianças ou das proximidades dos caixas. Há estudos mostrando que até um terço do faturamento dos supermercados vem de artigos colocados perto dos caixas", diz Thiago Sá.

(com Jornal da USP)

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