
"Com um exame de sangue é possível avaliar a presença de imunoglobulinas associadas a alergias e, inclusive, fazer um teste genético. Mas como esse exame, apesar de bastante sensível, não oferece diagnóstico conclusivo, o próximo passo é realizar uma endoscopia gastrointestinal. O exame permite identificar se há inflamação ou mesmo alguma lesão no intestino delgado, o que é um forte sinal de doença celíaca. Trata-se de um exame que dura entre 10 e 15 minutos e é minimamente invasivo", esclarece o especialista.
Edson Ide explica que as vilosidades presentes no intestino delgado têm papel relevante na absorção dos nutrientes dos alimentos que estão sendo digeridos. Quando o paciente tem intolerância ao glúten, normalmente, essas vilosidades – que se assemelham a vários dedos – encontram-se achatadas. Sendo assim, o organismo não recebe os nutrientes de forma adequada, o que favorece o aparecimento de outras doenças. Diante da importância do diagnóstico, é fundamental que o paciente tenha uma preparação adequada, que inclui jejum de água e alimentos até seis horas antes da endoscopia. "Apesar do jejum, o paciente não deve mudar sua alimentação até obter diagnóstico de doença celíaca. Quando o paciente suspende por conta própria o consumo de alimentos que contêm glúten, essa alteração pode influenciar nos resultados, mascarando o problema", diz o médico.
Para realização da endoscopia, como mostra o especialista, o paciente é deitado e levemente sedado – já que o procedimento poderia desencadear algum desconforto ou até mesmo sensação claustrofóbica. Durante o procedimento, uma cânula ultrafina é inserida pela boca até alcançar o início do intestino delgado. Além de visualizar todo o trajeto, um instrumento poderá colher pequenas amostras para realizar biópsia da parede intestinal. Depois de avaliada por um patologista, a extensão dos danos às vilosidades será determinada. Caso elas estejam lesionadas ou achatadas, é confirmada a presença de doença celíaca. "O exame é rápido, mas, por conta da sedação, o paciente deverá se recuperar por algum tempo e voltar para casa somente acompanhado por um parente ou conhecido. Alguns pacientes relatam desconforto na garganta após retomar a consciência, mas isso passa em poucas horas, quando tudo volta ao normal", comenta Edson Ide.