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Estado de Minas BEM-ESTAR

Estudo encontra associação entre a vitamina D e as bactérias do intestino

O nutriente pode atuar diretamente no perfil dos micro-organismos que vivem em nosso intestino


postado em 13/04/2017 15:45

Como mostra a pesquisadora, apenas 20% da vitamina D que necessitamos são provenientes dos alimentos. O restante é sintetizado com a exposição aos raios solares(foto: Pixabay)
Como mostra a pesquisadora, apenas 20% da vitamina D que necessitamos são provenientes dos alimentos. O restante é sintetizado com a exposição aos raios solares (foto: Pixabay)
Um estudo brasileiro divulgado na revista científica Metabolism sugere que os níveis de vitamina D circulantes no organismo podem influenciar o perfil da flora intestinal e, consequentemente, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e metabólicas. Como ressaltam os autores, o artigo apresenta apenas indícios sobre a existência dessa relação – o que ainda precisa ser confirmado por investigações mais aprofundadas.

"Já se sabia que a vitamina D é importante para a homeostase [equilíbrio] do sistema imune. O que nosso estudo acrescenta é que essa relação ocorre, pelo menos em parte, pelas interações com a microbiota intestinal", diz Sandra Roberta Gouvea Ferreira Vivolo, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e coordenadora da pesquisa.

As conclusões estão baseadas na análise dos dados de 150 voluntários entre 20 e 30 anos (91% do sexo feminino). De acordo com a pesquisadora, o primeiro passo foi descobrir se existia uma relação entre ingerir uma quantidade maior de alimentos ricos em vitamina D e apresentar um maior nível do nutriente na circulação sanguínea.

"Essa associação pode parecer óbvia a princípio, mas não é. A literatura científica é controversa sobre o assunto, pois apenas 20% da vitamina D existente no organismo humano é proveniente da dieta. A quantidade ideal recomendada só é alcançada por meio da exposição ao Sol, algo cada vez mais raro no meio urbano, ou pela ingestão de suplementos", comenta Sandra Vivolo.

Após dosar a concentração do nutriente no sangue dos participantes e avaliar o padrão alimentar, o grupo concluiu que de fato havia uma associação entre maior ingestão de alimentos ricos em vitamina D e níveis circulantes mais elevados. As principais fontes alimentares na amostra foram: ovos, leite e seus derivados.

Com base nesses resultados, a população estudada foi estratificada em três grupos: o primeiro com níveis insuficientes de vitamina D; o segundo com concentrações intermediárias, dentro do mínimo recomendado; e o terceiro grupo com as concentrações mais altas, no qual estavam inseridos participantes que faziam uso de suplementos polivitamínicos.

Bactérias

A pesquisadora lembra que a composição da microbiota intestinal tem sido associada ao desenvolvimento de doenças – não apenas as infecciosas como também aquelas que têm relação com uma inflamação de pequeno grau. "É possível que a vitamina D tenha alguma participação nesse processo, mas ainda é muito cedo para apontar uma relação de causa e consequência. Para isso, seria necessário fazer um estudo de intervenção, ou seja, comparar grupos que ingerem diferentes quantidades do nutriente por um longo período e observar o impacto na microbiota", esclarece a professora da USP.

(com Agência Fapesp)

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