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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Internautas usam rede social para relatar abusos de companheiros

No Twitter, a hashtag #EuViviUmRelacionamentoAbusivo figurou entre os assuntos mais comentados nesta semana


postado em 12/04/2017 12:29

No Twitter, por meio da hashtag #EuViviUmRelacionamentoAbusivo, muitas usuárias relataram casos de abusos e agressões cometidos por companheiros(foto: Pixabay)
No Twitter, por meio da hashtag #EuViviUmRelacionamentoAbusivo, muitas usuárias relataram casos de abusos e agressões cometidos por companheiros (foto: Pixabay)
A hashtag (espécie de palavra-chave) #EuViviUmRelacionamentoAbusivo esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter na terça-feira, dia 11 de abril. Foram milhares de relatos de abusos, agressões físicas e psicológicas contra mulheres, incluindo depoimento de homens que também presenciaram situações de abuso, às vezes, em pequenas atitudes que não podem deixar de ser notadas.

"Eu vivi um relacionamento abusivo duas vezes. Na primeira, eu era agredida fisicamente. Na segunda, psicologicamente. Nenhum dos relacionamentos me fez bem. E sair foi a parte mais difícil. Depois de negar o que eu passava, finalmente enxerguei o que acontecia. Duas vezes. Em ambas, eu era colocada como a louca, a desequilibrada. E pior, eu defendia a pessoa", diz uma das usuárias da rede social.

Em outro comentário, uma mulher lembra os abusos sofridos: "Me empurrava, gritava, por mais de uma vez tentou me socar. Depois, chorava igual a um bebê. E os amigos diziam: 'a culpa é de vocês dois, porque vocês brigam'".

Entre os muitos relatos, há descrições de relações que acabavam levando as pessoas envolvidas à paranoia: "Fui vigiada e seguida, tudo que eu fizesse, tinha alguém que ele mandava para olhar e contar tudo depois", comenta uma internauta no Twitter.

Para algumas pessoas, pode parecer absurdo a vítima se manter em uma relação abusiva, mas um dos depoimentos mostra a dificuldade que é sair desse tipo de relacionamento: "No começo, é sempre 10 mil maravilhas. A gente pensa que vai voltar a ser como era no começo. É horrível a sensação de estar presa a alguém que tu amas, mesmo essa criatura te deixando no fundo do poço", diz uma usuária.

BBB 17

A hashtag #EuViviUmRelacionamentoAbusivo começou a ser usada nas redes sociais depois de um caso de abuso ocorrido no reality show Big Brother Brasil, da TV Globo. Um dos participantes, o médico gaúcho Marcos, foi expulso na segunda, dia 10 de abril, acusado de agredir Emily, estudante paulista de 20 anos, com quem mantinha um relacionamento amoroso dentro da casa.

Diversos movimentos, que buscam conscientizar as mulheres sobre relacionamentos abusivos, passaram a usar a mesma hashtag nas redes sociais.

Esta não é a primeira vez que uma campanha virtual contra abusos ganha dimensão. No início de abril, mulheres se uniram sob o mote Mexeu com Uma, Mexeu com Todas, numa forma de protesto após a denúncia de assédio do ator José Mayer à figurinista Susllem Tonani, ambos da TV Globo, que mobilizou também milhares de pessoas nas redes sociais.

Segundo a cofundadora do coletivo Mete a Colher, Renata Albertim, campanhas como essas têm muita repercussão e podem ajudar mulheres que vivem relacionamentos difíceis e abusivos. "Elas vão lendo o que outras mulheres já passaram e ficam em alerta sobre o que estão passando. Ajudam a ver que não estão sozinhas, e isso as fortalece para sair de relacionamentos abusivos", diz Renata, em entrevista à Agência Brasil.

Denúncias

Um dos principais canais de apoio às vítimas de agressão, abuso e assédio sexual é o Ligue 180, que pode ser acessado gratuitamente de qualquer lugar do país. De acordo com dados da central de apoio às mulheres, o canal registrou no ano passado aumento de 51% no número de denúncias em todo o país, em relação a 2015. Foram cerca de um milhão e 300 mil denúncias, em mais de três mil atendimentos por dia: 50% são sobre violência física, 31% sobre violência psicológica e 5% sobre violência sexual.

Em 65% dos casos, a violência foi praticada por homens contra as companheiras. E em 38%, o relacionamento entre a vítima e o agressor tem mais de 10 anos de duração.

(com Agência Brasil)

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