Publicidade

Estado de Minas COMPORTAMENTO

Estudo mostra que jovens abusam mais do álcool do que os demais brasileiros

Segundo a pesquisa feita na Unifesp, 43,4% dos entrevistados entre 21 e 25 anos disseram abusar de álcool na balada


postado em 12/06/2017 14:05

Segundo o estudo feito na Unifesp, o abuso de álcool na balada se dá de forma igualitária entre homens e mulheres de 21 a 25 anos(foto: Pixabay)
Segundo o estudo feito na Unifesp, o abuso de álcool na balada se dá de forma igualitária entre homens e mulheres de 21 a 25 anos (foto: Pixabay)
Um levantamento feito com 2.422 jovens frequentadores de "baladas" na cidade de São Paulo revelou que a prevalência do consumo abusivo de álcool nessa população é de 43,4% – índice bem superior ao observado na população brasileira, que chega a 18,4%.

No dia em que foram entrevistados, 30% dos "baladeiros" deixaram a casa noturna com um nível alcoólico que se enquadra no chamado binge drinking (quatro doses para mulheres e cinco para homens, consumidos em duas horas), um padrão considerado de risco e que, segundo estudos, é associado à maior ocorrência de abuso sexual, tentativas de suicídio, sexo desprotegido, gravidez indesejada, infarto, overdose alcoólica, quedas e outros problemas de saúde.

A pesquisa sobre o consumo de álcool por jovens foi coordenada pela professora Zila Sanchez, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Os resultados indicam que homens e mulheres se expõem a riscos diferentes quando saem intoxicados da balada. Enquanto eles estão mais sujeitos a fazer uso de drogas ilícitas e a dirigir embriagados, elas tendem a continuar bebendo e correm maior risco de overdose alcoólica. Observamos ainda que, no caso das mulheres, beber em excesso triplica a possibilidade de sofrer abuso sexual nos estabelecimentos", esclarece a pesquisadora.

As entrevistas foram feitas com jovens entre 21 e 25 anos – 60% homens e 40% mulheres –, que aceitaram participar com a garantia de anonimato. Os participantes foram abordados em 31 estabelecimentos da capital paulista, situados em diferentes bairros e voltados a diferentes classes sociais e estilos musicais. "Buscamos compor uma amostra representativa das baladas da cidade. Entramos em contato com os donos ou gerentes e pedimos autorização para a coleta de dados. Bordéis e casas de swing não foram incluídos, pois nosso foco foram os locais em que as pessoas vão para dançar", afirma Zila Sanchez.

De acordo com a professora, a venda de bebidas no sistema open bar – em que se paga um valor fixo e o consumo é liberado – foi o principal fator ambiental associado à intoxicação alcoólica. "Isso aumentou não apenas o consumo de álcool, como já era esperado, mas também o de drogas ilícitas. Nas baladas open bar, chega a ser 12 vezes maior a probabilidade de haver consumo de ecstasy [metilenodioximetanfetamina], maconha, cocaína e até quetamina, um anestésico para cavalos com efeito alucinógeno", comenta a especialista.

O levantamento da Unifesp mostrou ainda que, de maneira geral, o "esquenta" pré-balada é mais comum entre os homens, que chegaram à casa noturna com níveis alcoólicos mais elevados. Na saída, porém, as mulheres apresentaram dosagens equivalentes, o que indica um consumo feminino maior dentro do estabelecimento. "Nós tínhamos, inicialmente, a hipótese de que o objetivo do esquenta era economizar, reduzindo a compra de bebida dentro da balada. Mas, na realidade, aqueles que chegaram ao estabelecimento com níveis elevados de álcool acabaram bebendo mais que os outros. Portanto, são indivíduos que têm um padrão de beber mais e, consequentemente, um gasto maior", afirma Zila Sanchez.

Para a pesquisadora, somente políticas públicas poderiam amenizar o problema. Uma proposta seria combater a venda de álcool no modelo open bar e as demais promoções que tornem a bebida muito barata. "Outra medida interessante seria proibir a venda para pessoas que já apresentam sinais de intoxicação, como fala pastosa e olhos vermelhos. Isso já é feito em diversos países. A ideia não é extinguir o consumo, e sim, garantir que as pessoas deixem os estabelecimentos em condições mais seguras", diz a professora.

(com Agência Fapesp)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade