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Estado de Minas BEM-ESTAR

Calor excessivo do secador e da prancha de modelar faz mal para os cabelos

Estudo da USP comprova danos causados pelos aparelhos aos fios, especialmente os tingidos


postado em 26/07/2017 10:56

"O calor desnatura a queratina helicoidal, que é a proteína que confere resistência e elasticidade aos cabelos", afirma Cibele Castro, autora da pesquisa (foto: Cecília Bastos/USP Imagens/Divulgação)
Estudo realizado pela USP revela que secadores e pranchas de modelar causam danos aos cabelos e mostra o resultado de testes com alguns produtos disponíveis no mercado que oferecem proteção aos fios. O chamado cabelo afro é o mais sensível às altas temperaturas, mas os prejuízos causados por esses aparelhos atingem todos os tipos de cabelos, principalmente os que passaram pelos processos de descoloração e de tingimento, que tornam os fios mais fragilizados, porosos e sem uniformidade. A pesquisa foi realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas e pelo Instituto de Química e incluiu diferentes etnias – caucasiana, oriental, africana e brasileira.

Segundo a pesquisadora Cibele Rosana Ribeiro de Castro Lima, autora da pesquisa, a etnia sempre foi um fator importante na determinação de formulações para produtos de beleza. Cada grupo étnico possui características específicas (elasticidade, resistência e brilho). O cabelo afro, por exemplo, é o mais frágil de todos devido à sua conformação ser muito ondulada, ter baixa umidade natural e distribuição irregular da oleosidade sobre a fibra.

Para obter um escopo mais abrangente, Cibele analisou mechas de cabelos virgens de várias regiões do mundo para realizar a pesquisa: o caucasiano, representando pessoas com ancestralidade europeia (de diâmetro menor, levemente ondulado e de coloração castanho escuro); o oriental, de pessoas oriundas do Japão, China e Coreia (liso em toda a sua extensão e o mais resistente dentre todas as etnias por ter um diâmetro maior); e o cabelo afro-étnico, coletado de pessoas da África do Sul e de Gana – se mostrou o mais frágil, com estrutura enovelada e alto grau de irregularidade no diâmetro do fio. Foi o de menor resistência ao estiramento e também quebrava mais facilmente ao ser penteado.

O cabelo afro também apresentou menor conteúdo de água em relação aos cabelos caucasiano e oriental. A queratina acumulava no lado côncavo da curvatura enquanto que, nos fios mais lisos, a distribuição era feita uniformemente por toda a extensão da fibra capilar.

Por ter uma estrutura mais delicada, o fio de cabelo de origem africana teve menor resistência às altas temperaturas. A desnaturação (perda estrutural das proteínas) aconteceu a uma temperatura em torno de 223º C, enquanto que nas outras amostras as proteínas se desnaturaram em torno de 236º C. Acima de 250º C, os danos foram irreversíveis para todos os tipos de cabelos. Segundo a pesquisadora, o calor em excesso aumenta a porosidade dos fios, danifica a cutícula (parte mais externa) e, em seguida, o córtex (estrutura interna). O estrago é diretamente proporcional ao grau da temperatura ou tempo de permanência da prancha em contato com os cabelos. "O calor desnatura a queratina helicoidal, que é a proteína que confere resistência e elasticidade aos cabelos", reforça Cibele Castro Lima.

Minimizando os danos

A pesquisadora da USP afirma que os protetores térmicos disponíveis no mercado não evitam danos aos cabelos, apenas minimizam os prejuízos. No estudo de proteção térmica, foram testados dois produtos: um condicionador leave-on (que não recomenda enxague após a aplicação) e uma mistura de silicone. Como resultado, o cabelo descolorido respondeu melhor ao silicone, e o virgem, ao leave-on.

Cibele esclarece que isso ocorreu porque o silicone forma uma película de baixa condutividade térmica em volta do fio que protege o cabelo contra o calor da chapinha. Já o leave-on, por ter bastante água em sua composição (entre 60 e 70%), penetra no fio com mais facilidade, sem se fixar na superfície. Nas mechas de cabelos virgens, por serem mais uniformes, o leave-on permaneceu nas camadas externas, o que não ocorreu com os cabelos descoloridos. Cibele ainda alerta que é importante a escolha adequada de cosméticos e afirma que o nível de proteção desses cosméticos dependerá da composição química, do tipo de produto e do estado em que os cabelos se encontram.

(com Jornal da USP)

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