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Estado de Minas SAÚDE

Enxaqueca e disfunção temporomandibular estão associadas, diz estudo

Elas são comorbidades, mas, quem tem a disfunção não apresentará, necessariamente, a enxaqueca


postado em 23/08/2017 13:40

Estudo brasileiro comprova que a disfunção temporomandibular (DTM) e a enxaqueca são comorbidades(foto: Pixabay)
Estudo brasileiro comprova que a disfunção temporomandibular (DTM) e a enxaqueca são comorbidades (foto: Pixabay)
Sabe-se que, de alguma forma, a enxaqueca está relacionada às dores nos músculos responsáveis pela mastigação. Mas a relação com a disfunção temporomandibular (DTM) – que ocorre na articulação da mandíbula com o crânio – era feita independentemente da frequência da enxaqueca.

Em estudo recém-publicado no periódico científico Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, descrevem que quanto mais frequente for a enxaqueca (migrânea crônica), mais severos serão os sintomas da DTM, como dificuldade de mastigação e tensão na articulação temporomandibular.

"Nosso estudo mostrou que um paciente que apresente migrânea crônica, aquela que ocorre em 15 ou mais dias por mês, tem o triplo de chances de relatar sintomas mais severos de DTM, se comparado a pacientes com migrânea episódica", afirma a pesquisadora Lidiane Florencio, autora do estudo.

A pesquisa avaliou 84 mulheres na faixa dos 30 anos. Vinte e uma apresentavam migrânea crônica, 32 migrânea episódica e 32 não tinham migrânea.

Foram observadas taxas de prevalência de sinais e sintomas de DTM em 54% das mulheres sem enxaqueca, 80% das mulheres com enxaqueca episódica e em 100% daquelas que apresentavam enxaqueca crônica.

Para Lidiane Florencio, a justificativa da associação entre a frequência da enxaqueca e a severidade da DTM pode estar nos níveis mais elevados de sensibilização dos pacientes. "A repetição de casos de enxaqueca pode amplificar a sensibilidade à dor. Nossa hipótese é que a enxaqueca atue como um fator que predispõe à DTM. Por outro lado, a DTM pode ser considerada um fator de perpetuação potencial para a enxaqueca, pois atua como uma entrada nociceptiva [de recepção de estímulos aversivos] constante que contribui para manter a sensibilização central e os processamentos anormais de dor", esclarece a pesquisadora da USP.

Quem veio primeiro?

De acordo com o estudo, DTM e enxaqueca são comorbidades e, embora haja uma predisposição de quem tem enxaqueca a apresentar DTM, não necessariamente quem tem a disfunção apresentará a migrânea.

Os pesquisadores estimam, no entanto, que, embora a DTM não seja a causa da enxaqueca, ela pode facilitar a frequência e severidade de uma nova crise.

"O que sabemos é que a migrânea não é causada pela DTM. A enxaqueca é uma doença neurológica com causas multifatoriais. Já a DTM, assim como a cervicalgia e outras doenças musculoesqueléticas, é um conjunto de fatores que piora a sensibilidade de quem tem enxaqueca. O fato de ter a DTM pode piorar a migrânea, tanto em severidade quanto em frequências", diz Lidiane Florencio.

A DTM tem causas multifatoriais, como o estresse e a sobrecarga muscular. Ela é um conjunto de sinais e sintomas em que o paciente pode ter sinais e sintomas articulares, como dor na articulação, redução dos movimentos da mandíbula e estalidos, podendo apresentar também um quadro muscular, como dor e cansaço muscular, ou irradiação da dor na musculatura da face e pescoço.

(com Agência Fapesp)

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