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Estado de Minas SAÚDE

Novo tratamento contra leucemia promete 83% de eficácia

O novo método, que custa mais de R$ 1 milhão, recebeu a aprovação do FDA, órgão regulador de remédios nos EUA


postado em 01/09/2017 09:44

No tratamento inédito da Novartis, os glóbulos brancos modificados são capazes de reconhecer e combater as células cancerosas no sangue de pacientes com leucemia(foto: Twitter/novartiscancer/Reprodução)
No tratamento inédito da Novartis, os glóbulos brancos modificados são capazes de reconhecer e combater as células cancerosas no sangue de pacientes com leucemia (foto: Twitter/novartiscancer/Reprodução)
A busca incessante da ciência pela cura do câncer chegou a um novo patamar. A agência americana que regulamenta alimentos e medicamentos, Food and Drug Administration (FDA), ou seja, uma equivalente à Anvisa no Brasil, aprovou uma nova droga que promete tratar essa grave doença.

Batizado de Kymriah, o medicamento foi desenvolvido pelo laboratório farmacêutico Novartis. De acordo com o site da emissora britânica BBC, a empresa suíça afirma que a nova droga tem eficácia de 83% contra a leucemia (câncer no sangue). No entanto, o custo da terapia com o medicamento é extremamente alto: US$ 475 mil, aproximadamente R$ 1,5 milhão, no câmbio atual.

O tratamento é considerado inovador porque, ao contrário das terapias tradicionais, como a quimioterapia, ele é feito sob medida para cada paciente. Segundo a Novartis, o novo medicamento funciona com uma técnica intitulada CAR-T: primeiramente, são extraídos os glóbulos brancos (leucócitos) de uma amostra de sangue da pessoa com leucemia; em seguida, utilizando a droga Kymriah, estas partículas são geneticamente reprogramadas para encontrar as células cancerosas; assim que um tumor é detectado, os leucócitos modificados se multiplicam e exterminam o "inimigo".

Por enquanto, a terapia revolucionária será utilizada somente para tratar um tipo de câncer, conhecido como leucemia linfoblástica aguda. Ainda assim, os especialistas americanos estão otimistas quanto à utilização futura do novo tratamento em outros tipos de tumor. "Acreditamos que este é apenas o primeiro de vários novos tratamentos. Tenho certeza de que a tecnologia irá melhorar, num futuro próximo, para tratar outras formas do câncer", comenta David Maloney, diretor do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, em entrevista à BBC.

Cautela

Para Vanderson Rocha, coordenador do Serviço de Hematologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que analisou uma pesquisa realizada nos Estados Unidos sobre a eficácia de tratamentos que usam a técnica CAR-T contra o câncer, assim como o "remédio" da Novartis, a nova terapia parece ser melhor que as já existentes, porém deve ser vista com cautela.

Segundo o especialista, as pesquisas sobre o tratamento revolucionário ainda são consideradas preliminares. Portanto, ainda seria cedo para afirmar que são realmente eficazes. "A eficácia vai depender muito do estado do paciente e do tipo de leucemia que ele possui. No caso da linfoblástica aguda, a doença mata a maioria de seus portadores, mesmo aqueles que são tratados com as técnicas mais modernas do mercado. Nestes caso, é feito somente um acompanhamento", comenta Vanderson Rocha em entrevista para a Rádio USP.

Outro aspecto que preocupa o especialista é o efeito colateral de tratamentos como o da Novartis, recém-aprovada nos Estados Unidos. "Este tipo de terapia pode causar a chamada tempestade de inflamação no corpo. Isso ocorre por conta da 'briga' entre as células modificadas geneticamente e as cancerosas, o que pode causar diversos efeitos colaterais, inclusive levar à morte", comenta Vanderson Rocha.

(com portal da BBC Brasil e Rádio USP)

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