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Estado de Minas ASTRONOMIA

Astrônomos brasileiros participam de equipe que descobriu anel em planeta anão do Sistema Solar

O planeta anão Haumea é vizinho de Plutão e surpreendeu os cientistas ao ter um anel, parecido com Saturno


postado em 11/10/2017 14:51 / atualizado em 11/10/2017 15:51

(foto: IAA-CSIC/UHU/Divulgação)
(foto: IAA-CSIC/UHU/Divulgação)
Trabalhando em conjunto com uma equipe internacional, um grupo de astrônomos brasileiros descobriu a existência de um anel, similar aos do gigante Saturno, em um planeta anão vizinho de Plutão. A descoberta foi publicada nesta quarta, dia 11 de outubro, na revista científica Nature. O anel circunda o planeta anão Haumea, localizado no que os astrônomos chamam de Cinturão de Kuiper.

Situado após a órbita de Netuno, o cinturão é composto por objetos de gelo e rochas entre os quais se destacam quatro planetas anões: Plutão, Eris, Makemake e Haumea. Esses objetos são complicados de serem estudados porque são pequenos, brilham pouco e, devido às enormes distâcias, são difíceis de detectar mesmo com telescópios potentes.

A descoberta resultou num trabalho conjunto liderado pelo astrônomo espanhol Jose Luis Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, na Espanha, e contou com a participação de astrônomos e alunos brasileiros do Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações, do Observatório do Valongo, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTF-PR), filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia.

O método de observação usado pelos astrônomos para a descoberta do anel de Haumea consiste em estudar as ocultações estelares, que é quando esses objetos passam à frente de uma estrela, como um pequeno eclipse. Com o método foi possível determinar as principais características do planeta anão, como tamanho, forma e densida, além do anel.

A observação ocorreu no dia 21 de janeiro deste ano e contou com a participação de 12 telescópios de 10 observatórios europeus. "Graças a estas observações foi possível reconstruir com grande precisão a forma e o tamanho do planeta anão Haumea e descobrir, para nossa surpresa, que ele e consideravelmente maior e reflete menos luz em comparação com o que acreditávamos anteriormente. Ele é também muito menos denso do que pensávamos, o que respondeu a questões que estavam pendentes sobre este objeto", comenta Jose Ortiz.

Segundo Felipe Braga Ribas, professor da UTF-PR, , as pesquisas sobre o corpo celeste vão continuar com a realização de simulações. "Os próximos passos são continuar observando esse objeto, fazer modelos e simulações sobre esse anel, ver como esse anel pode ou não evoluir, tentar entender do que ele é formado e qual a influência da rotação do Haumea, que é muito elevada, para a formação desse anel", diz o astrônomo.

A pesquisa tem importância ainda, segundo o professor, por reafirmar o preparo do Brasil para a realização de pesquisas de grande impacto na ciência mundial. "A oportunidade desta descoberta vem do fato de nós estarmos realizando pesquisa de ponta. Mais do que isso, proporciona trazer nossos alunos, nossas instituições para o destaque que esse tipo de descoberta proporciona, porque mostra que estamos juntos aos países que estão realizando pesquisa de alto nível", ressalta o pesquisador.

Anel

A descoberta do anel foi uma surpresa para os astrônomos. "Há apenas alguns anos, só conhecíamos a existência de aneis em torno dos planetas gigantes e há muito pouco tempo, o mesmo grupo descobriu também que dois pequenos corpos, Chariklo e Chiron, situados entre Júpiter e Netuno, pertencentes à família de objetos denominados Centauro, com aneis densos, o que foi uma grande surpresa. Agora, descobrimos que corpos mais distantes que os Centauros, maiores e com características muito diferentes, também podem ter aneis", afirma o astrofísico espanhol Pablo Santos-Sanz, um dos autores do estudo.

Por causa da grande distância, Haumea leva 284 anos para dar uma volta em torno do Sol, em uma órbita elíptica. Em razão disso e de sua velocidade de rotação – o planeta anão dá uma volta completa em seu prórpio eixo em 3,9 horas –, muito mais rápida que qualquer outro corpo do Sistema Solar com mais de 100 km de diâmetro, Haumea é achatado e possui um formato similar ao de uma bola de rugby.

Os dados coletados mostraram ainda que o planeta mede 2.320 km no seu maior lado, quase igual ao diâmetro de Plutão, mas que, ao contrário do que ocorre com o vizinho, não possui uma atmosfera global.

(com Agência Brasil)

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