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Estado de Minas SAÚDE

Estudo da USP associa falta de árvores nas cidades a câncer de pulmão em idosos

As áreas arborizadas ajudariam a reduzir a incidência do problema relacionado à poluição atmosférica


postado em 28/11/2017 14:19 / atualizado em 28/11/2017 14:39

O estudo da USP descobriu que regiões menos arborizadas de uma cidade podem contribuir para o aumento nos casos de câncer de pulmão em idosos, devido à poluição(foto: Pexels)
O estudo da USP descobriu que regiões menos arborizadas de uma cidade podem contribuir para o aumento nos casos de câncer de pulmão em idosos, devido à poluição (foto: Pexels)
Todo mundo sabe que as árvores são extremamente importantes para as áreas urbanas, especialmente para a melhoria da qualidade do ar. Um estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, por exemplo, concluiu que prédios cobertos por plantas poderiam diminuir em até 30% a poluição de uma cidade. Por aqui, um estudo da bióloga Bruna Lara de Arantes, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, encontrou uma relação entre a arborização urbana e o câncer de pulmão em idosos.

A pesquisa aponta que a presença de árvores diminui a quantidade de material particulado no ar. Como consequência, foi observada também uma redução nos casos de doenças respiratórias.

Para chegar a esse resultado, Bruna Arantes cruzou dados da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). "Basicamente, nós escolhemos as estações de monitoramento do ar da Cetesb que estavam medindo material particulado em 2010. O material particulado é um dos poluentes que mais afetam a respiração humana e também um dos mais absorvidos pelas plantas. Isso acontece porque ele tem um tamanho microscópico, de 10 microgramas por centímetro cúbico [µg/cm³], o que permite que ele passe pela nossa respiração sem ser filtrado", esclarece a pesquisadora.

Além dos dados coletados pela Cetesb, Bruna passou a analisar como o entorno das estações de monitoramento é ocupado na cidade de São Paulo. Ela verificou se havia mais asfalto, construções, árvores ou gramado, identificando as espécies de plantas que habitam um raio de 100 m da estação.

Em seguida, a bióloga usou programas estatísticos para observar como as mortes por câncer de pulmão em idosos estavam distribuídas por SP e se tinham alguma relação com os dados atmosféricos registrados pela Cetesb.

Mortes

"Os dados apontam que a forma como você ocupa o solo na cidade influencia em 17% os casos de morte por câncer de pulmão em idosos", afirma Bruna Arantes. Outros fatores de risco que devem ser considerados são a genética e o estilo de vida da população mais velha.

A pesquisadora lembra que, pelo caráter exploratório da pesquisa, são necessários novos estudos sobre o assunto para afirmações mais concretas.

Segundo um estudo publicado pela revista científica The Lancet, a poluição do ar é responsável por mais de 70 mil mortes no Brasil.

Soluções

Além da importância acadêmica, o estudo também é de interesse da gestão pública. "Esses dados nos trazem evidências que, ao aumentar as áreas urbanas de gramados e árvores, há uma diminuição significativa da poluição do ar por material particulado", defende Bruna.

Segundo o estudo, o aumento de 1% de área gramada na cidade é capaz de diminuir 0,45 μg/cm³ de material particulado. Já o aumento de um m² de copa de árvore reduz 0,29 μg/cm³.

"A ação dos gramados está relacionada à possibilidade de maior circulação do ar, levando em conta que essas partículas são muito leves e facilmente dispersas. Já as árvores agem como filtros de captação e absorção", esclarece a bióloga da USP.

A pesquisadora destaca ainda que regiões com muitas construções verticais ou bosques fechados podem ter pouca ventilação. Neste caso, é interessante a substituição de prédios inutilizados pela construção de áreas de gramado, como parques, jardins e canteiros.

(com Jornal da USP)

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