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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Permanência na UTI neonatal pode afetar o comportamento futuro do bebê prematuro

Estudo feito na USP descobriu que a UTI neonatal pode afetar a formação das emoções do prematuro


postado em 16/11/2017 13:58 / atualizado em 16/11/2017 14:10

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
O bebê nasceu antes do esperado. É preciso ir imediatamente para a UTI neonatal, pois, só assim, ele tem chances de sobreviver. Como o pulmão ainda não está completamente formado, em minutos ele é entubado. O equipamento indica que o coração bate forte, mas ainda é preciso uma série de procedimentos, alguns dolorosos, para que ele ganhe peso e sobreviva.

A cena é muito comum, ainda mais no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), nosso país é o 10º do mundo em taxa de nascimentos prematuros. Porém, a cena revela também a existência de um paradoxo: ao mesmo tempo que a UTI neonatal é altamente estressante para o bebê, é somente nesse ambiente, e com o apoio da equipe multiprofissional especializada em recém-nascidos, que ele pode sobreviver.

De acordo com estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), independentemente do nível de prematuridade e da presença de displasia pulmonar (doença que surge com a oxigenação) e retinopatia (lesão na retina) da prematuridade, é o tempo de internação na UTI neonatal que impacta nos problemas de comportamento relacionados à regulação emocional dos bebês.

Para os pesquisadores, o achado confirma a necessidade de programas de cuidados do desenvolvimento na estrutura das UTIs neonatais, tanto para reduzir experiências estressantes e dolorosas como para melhorar as estratégias de proteção durante o desenvolvimento inicial do recém-nascido.

O estudo examinou efeitos das características neonatais e sociodemográficas sobre o temperamento e o comportamento na infância em 100 bebês prematuros de 18 a 36 meses de idade com diferentes níveis de prematuridade.

"Estudos anteriores compararam crianças nascidas pré-termo e a termo, visto que as pré-termo têm maior propensão a apresentar problemas de comportamento. No nosso estudo, avançamos no entendimento do desenvolvimento dos prematuros. O risco existe, mas é identificando esses riscos que podemos elaborar estratégias de proteção, prevenção e intervenção para melhorar o desenvolvimento dessas crianças", comenta a psicóloga Rafaela Guilherme Monte Cassiano, uma das autoras do estudo, que foi publicado na revista científica Early Human Development.

De acordo com o estudo, as experiências estressantes relacionadas à dor neonatal podem causar danos ao desenvolvimento da criança tanto no início da vida como em etapas posteriores. "Além disso, o ambiente da UTI neonatal tem outros fatores que podem prejudicar o desenvolvimento infantil, como o alto nível de ruído, a alta luminosidade, estímulos tácteis repetitivos e a separação materna", diz o artigo associado ao estudo da USP.

(com Agência Fapesp)

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