Publicidade

Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Segundo a ONU, 145 mil toneladas de lixo orgânico são despejados em aterros todos os dias na América Latina

Esse material implica no aumento da poluição, que acaba prejudicando 170 milhões de pessoas


postado em 22/11/2017 10:37 / atualizado em 22/11/2017 10:42

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Todo dia, 145 mil toneladas de resíduos orgânicos são jogadas em lixões e aterros sanitários na América Latina. Essa montanha diária de restos de comida não processados, que colocam em risco a saúde e a vida de 170 milhões de pessoas, foi divulgada pelo Atlas de Resíduos da América Latina, relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) Meio-Ambiente que será lançado em breve. Um resumo do trabalho foi apresentado preliminarmente em São Paulo em evento realizado na terça-feira, dia 21 de novembro, pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

O estudo da ONU apresenta um cenário que preocupa. Segundo Jordi Pon, coordenador regional de resíduos e químicos do organismo das Nações Unidas, as 540 mil toneladas de lixo produzidas atualmente na América Latina chegarão a 671 mil toneladas em 2050. Se, de um lado, há avanços na coleta, que, na média, consegue retirar 90% do lixo urbano, o processamento fica abaixo dos 70%. O restante, formado essencialmente por dejetos orgânicos, vai para locais inadequados, produzindo poluição do ar, do solo e da água.

"Os dados apresentados pela ONU Meio Ambiente mostram que, mesmo com algumas melhorias alcançadas nos últimos anos, cerca de 170 milhões de pessoas ainda estão expostas às consequências desse problema, em decorrência dos graves impactos causados ao meio-ambiente e à saúde da população", explica Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Abrelpe e membro do comitê diretor do Atlas de Resíduos.

Matéria orgânica

A análise dos despejos sólidos das cidades latino-americanas mostra que o lixo orgânico representa mais da metade de todo o resíduo descartado. Esse índice varia de acordo com o potencial econômico do país. "Em nações de baixa renda, 75% do lixo descartado são provenientes de matéria orgânica, enquanto em países com renda mais elevada esse índice é de 36%", comenta Jordi Pon. A diferença é reflexo da maior ou menor atividade industrial e comercial.

O lixo doméstico tem ainda o agravante de concentrar resíduos perigosos, como baterias, celulares, equipamentos elétricos e eletrônicos e remédios vencidos, entre outros. Parte deste lixo é formada por elementos secos, como metais, papéis, papelão, plásticos, vidro e têxteis. A reciclagem desses itens ainda é reduzida, em geral, abaixo de 20%. O índice só é alcançado em cidades onde existe coleta e seleção informais, feita por catadores autônomos, o que mostra a pequena participação do poder público e de políticas voltadas para o problema.

No entanto, o estudo da ONU revela que a maior parte dos países da América Latina possui legislação específica que define as responsabilidades de geradores e manipuladores e prevê punições, que quase nunca são aplicadas. Além disso, mostra o relatório, os investimentos em gestão de resíduos são insuficientes. "Isso cria um vácuo de responsabilidades governamentais, com poucas ações de acompanhamento e monitoramento, resultando, entre outras coisas, em uma aplicação deficiente da lei, tanto pelo setor público quanto pelo privado", explica Jordi Pon.

(com Agência Brasil)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade