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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

UFMG cria sistema que inibe o tráfico de pássaros usando teste de DNA

Por meio de sequenciamento genético é possível descobrir a origem do animal colocado à venda


postado em 13/11/2017 14:04 / atualizado em 13/11/2017 14:26

Pesquisa da UFMG usa teste de DNA para descobrir origem de papagaios vendidos em Belo Horizonte e cria importante ferramenta de proteção das aves silvestres(foto: Pixabay)
Pesquisa da UFMG usa teste de DNA para descobrir origem de papagaios vendidos em Belo Horizonte e cria importante ferramenta de proteção das aves silvestres (foto: Pixabay)
Um método de identificação de paternidade por meio do sequenciamento do DNA, desenvolvido no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG está se transformando em uma importante ferramenta no combate à captura e venda ilegais de aves silvestres no Brasil. O teste faz parte de um projeto de biologia forense, coordenado pelo professor Evanguedes Kalapothakis.

"Como o exame consegue identificar os pais de um filhote de pássaro, é possível descobrir se ele nasceu no criadouro legalizado ou se foi capturado ilegalmente na natureza. Quando os pais do filhote são do criatório onde ele nasceu, constata-se que tudo foi feito dentro da lei", explica o pesquisador do ICB.

O projeto nasceu de uma demanda do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). De acordo com o órgão, as aves representam 80% dos animais silvestres que formam o mercado clandestino no Brasil. O trinca-ferro, o papagaio e o sofrê estão entre as espécies mais visadas por grupos criminosos.

O professor da UFMG lembra que, para coibir o tráfico de espécies, principalmente daquelas ameaçadas de extinção, os criadores legalizados são cadastrados no Ibama. Neles, todos os filhotes que nascem ganham uma identificação especial, que favorece o controle e a venda. O crime se configura quando donos de criatórios capturam os pássaros na natureza e implantam neles as anilhas de identificação, como se o animal tivesse nascido naquele local. Esses animais capturados ilegalmente são, então, comercializados no mercado.

"O Ibama nos encomendou o método de diagnóstico da paternidade com o intuito de realizar um trabalho de perícia nos criatórios. Em 2015, desenvolvemos o método e realizamos os exames com espécies de papagaio de um criatório de Belo Horizonte e constatamos que 100% das aves daquele local haviam sido capturadas na natureza, e não, reproduzidas legalmente em cativeiro", relata Evanguedes Kalapothakis.

Sequenciamento

O método inusitado usado na UFMG consiste na coleta das amostras de DNA das aves para, em seguida, usar um aparelho de última geração chamado Miseq, capaz de realizar o sequenciamento genético de 384 amostras biológicas de uma só vez. Conforme Evanguedes, o exame de DNA segue os mesmos moldes do que é feito em caso de comprovação de paternidade em humanos. A tecnologia revela o pai e a mãe do filhote, correlacionando o material genético dos animais. Cabe aos pesquisadores, além da programação do aparelho, que varia de acordo com a espécie de pássaro que terá a paternidade investigada, a análise posterior dos relatórios fornecidos pelo equipamento, utilizando programas de bioinformática.

"Inicialmente, criamos o método para o papagaio. Agora, estamos desenvolvendo exames de paternidade em pássaros das espécies trinca-ferro e sofrê. O método é muito viável economicamente, pois cada amostra analisada custaria entre R$ 30 e R$ 50. Levando em conta que há pássaros capturados ilegalmente e comercializados por mais de R$ 5 mil, percebe-se que os exames podem contribuir para a diminuição desse tipo de crime", comenta o pesquisador.

(com Boletim da UFMG)

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